Nestes tempos de Copa do Mundo, lembrei de uma situação atribuída ao ex-jogador Romário, de que ele não achava necessário treinar, porque já sabia o que fazer – e achava que fazia muito bem. Refletindo sobre o fato e em torno da realidade que verifico na minha rotina e na de vários colegas, tenho certeza de que “Quanto mais sei, mais sei que preciso aprender”.
Eu gosto muito da metodologia Kaisen, de busca da qualidade. Ela prega que a melhoria deve ser contínua e sem grandes traumas, uma vez que as rupturas nem sempre trazem uma grande transformação ou esta não é adequada ao momento e à situação. Aprender, faz parte da melhoria contínua.
No mundo dos negócios, o que mais vemos proliferando, ontem e hoje, são os profetas e futurólogos, pregando teorias duvidosas, mas que juram serem frutos de resultados comprovados.
Assim foi a “reengenharia” que pregava a quebra de estruturas – até de forma violenta, mudança de paradigmas e agressividade e velocidade máximas. O resultado? Suicídios, quebras de empresas, fusões e desfusões e muitas outras tristes lembranças, que mostraram o resultado pífio de uma teoria revolucionária e, ineficiente.
O que vemos hoje em dia é uma necessidade de estar presente no jogo dos negócios, com as melhores e mais eficientes estratégias de ganho e competitividade. Por isso, as empresas investem em treinamento e cursos com o objetivo de criar uma equipe dinâmica e capacitada a vencer este jogo dos negócios. A única realidade provada e comprovada de melhoria é o aprendizado.
Muita gente acha desnecessário, uma vez que já sabe o que e como fazer. Pra quê aprender mais?
Simples, hoje eu sou uma pessoa diferente de ontem; no mínimo, eu tenho um dia a menos de vida. Daqui a um ano, milhões, talvez bilhões das minhas células serão novas e o ambiente será outro. Por que então, as minhas habilidades e conhecimentos deverão permanecer no mesmo lugar?
Tudo o que pode ser feito, pode ser melhorado e, mesmo que não seja melhorado diretamente, quando eu aperfeiçoo as pessoas, crio um ambiente mais agradável para todos. Por tabela, a produção também melhora.
Digo isso porque verifico que as empresas investem muito em treinamentos voltados para a parte técnica, o como fazer. Para algumas, certamente é o necessário naquele momento; para outras, a questão é muito mais profunda, está nas pessoas.
Por que? Toda empresa é feita de pessoas e trabalha para pessoas; por dentro de todo profissional, executivo ou empresário, existe um ser humano, com suas neuroses, qualidades, fraquezas e habilidades. Quando eu melhoro a pessoa, melhoro o profissional, o “personagem” do ambiente de trabalho.
Acontece que a maioria dos treinamentos são contratados a partir da diretoria ou gerência. Verificam que a produtividade vem caindo ou está baixa e, pimba!, pedem um treinamento para melhorá-la. E, às vezes, nada acontece.
Será que este é o problema? Talvez conhecendo melhor a equipe, descubra-se que a queda na produtividade é resultado de um excesso de competição interna: todos brigam e ninguém ganha. Um treinamento para melhoria das relações, daria um resultado efetivo e, talvez, mais econômico.
Neste caso, real, as habilidades técnicas estavam em dia; o problema era de relacionamento. Corrigidas as desavenças, o ambiente melhorou, a produção aumentou e tudo mudou… até rimou!
Continuo acreditando que treinamento e desenvolvimento é algo tão necessário no mundo dos negócios quanto o trabalho e o capital. Entretanto, não basta querer treinar ou ter recursos para isto, muito menos seguir modas e dogmas de eficácia duvidosa. Mas importante é saber POR QUÊ o seu pessoal deve ser treinado e em QUÊ.
Repito, desenvolver ótimas pessoas é a causa de criar ótimos profissionais. Todos precisamos aprender continuamente, porque o mundo muda e, com o tempo, nós mudamos também. E precisamos evoluir, porque esta é a ordem natural das coisas. Alguns evoluem mais, outros menos, mas o caminho sempre é este.
Se a sua empresa dá valor aos treinamentos, antes de fazer grandes espetáculos, festas, shows, sorteios, verifique o que falta na vida dos seus colaboradores, associados, membros internos ou qualquer outro nome que se dê.
Não adianta chamar funcionários de colaboradores, se eles não se sentem colaborando com nada; ou de associados, se não se sentem ligados a nada, nem a ninguém. Mudar o nome, sem mudar a forma de tratamento e relacionamento, nada resolve. Pense nisso!
Para concluir, deixo um pequeno plano de vida/carreira, que uso nos meus treinamentos. Lembre-se, dentro de cada profissional existe uma pessoa. Sabendo quem ela é, você pode ajudá-la a motivar-se mais e a ter mais satisfação no que faz. O que levar em conta neste plano:
= Quais são os meus talentos ?
= O que imagino para a minha carreira e como isso faz sentido para o meu projeto de vida?
= O que me dá prazer?
= Onde e como gostaria de trabalhar ?
= Que tipo de relações pessoais e profissionais quero construir ?
= Quanto quero ter em minha reserva financeira daqui a 1 ano?
= E daqui a 3 anos?
= Quais são as minhas prioridades pessoais neste momento?
= Que tipo de lazer eu tenho? Preciso dedicar mais tempo a isso?
= Eu cuido da minha saúde? Preciso dar atenção a algo em particular?
= Tenho alguma religião ou senso de religiosidade? Como isso afeta positiva ou negativamente a minha vida?
= Como eu gostaria de ser lembrado(a) no futuro?
Muito se fala no plano de negócios, fundamental para qualquer empresa. Mas e o plano de vida das pessoas que compõem este negócio? Será que é possível integrar ambos?
Pergunte aos seus colaboradores e volte a analisar seu plano de negócios. Garanto que você terá um enriquecimento das atividades empresariais e muito mais confiança para crescer e desenvolver a sua atividade.
Boa sorte e bons negócios!
Marcelo Möass – Turismólogo, Coach e Consultor Organizacional em Hospitalidade e Turismo,Treinamento e Desenvolvimento Profissional
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