Em detrimento da competitividade e margens de lucro cada vez menores temos entendido resultados, via de regra, como algo que deva ser mensurado em números. Mas a maioria das organizações já está se dando conta que muito além dos ganhos palpáveis o que estabelece o amanhã de uma empresa é a situação da sua visão estratégica que, muito além de uma idéia pragmática de estabelecer fins, é um caminho de querer saber se esses fins estão de acordo com a cultura dos envolvidos no processo.
A visão, concebida de forma correta, compreende dois componentes principais: ideologia central e visualização do futuro. A ideologia básica, o yin de nosso esquema, define o que defendemos e o porquê de nossa existência. O yin é imutável e complementa o yang, o futuro visualizado. Esse futuro é o que aspiramos nos tornar, o que esperamos alcançar e criar, tudo que requer mudanças significativas e progresso para ser atingido.
Nesta era de inovação temos visto empresas se afundarem por não terem uma ideologia central. Uma empresa sem ideologia central é o mesmo que um barco aonde o vento conduz as velas e não as velas desfrutam do vento para chegar ao seu destino. Um estudo do Sebrae mostra que 27% das empresas paulistas fecham antes de completar um ano. E os números só se agravam até o sexto ano, quando atingem 64% de mortalidade. E as pequenas e microempresas são 96% desse universo.
Ao buscar sua finalidade, muitas empresas cometem o erro de descrever meras linhas de produção ou segmentos de clientes. Um método eficaz para descobrir a verdadeira finalidade é lançar mão dos “cinco porquês”. Comece com uma afirmação descritiva como “fabricamos os produtos X” ou “prestamos os serviços Y”. Então, pergunte cinco vezes: “Por que isso é importante?” Depois de dar alguns motivos, você perceberá que está chegando à finalidade fundamental de sua organização.
A vida é uma questão de cooperação e os negócios não são diferentes da vida. Se você não tem um casamento que ambas as partes se cooperam para um desenvolvimento mutuo, isso uma hora ou outra vira separação. Se você não coopera para que seu filho tenha valores como respeito, ética, amor, uma hora ele acreditará que a ilusão das drogas é melhor que o sonho da realidade. Se o seu produto não coopera para com a vida dos seus clientes, uma hora eles descobrem. Se a sua empresa não coopera para o desenvolvimento humano de seus trabalhadores, uma hora eles lhe abandonam. Se as pessoas que estão na sua empresa não trabalham em conexão, aqueles que estão carregando o piano uma hora cansam.
Os cinco porquês auxiliam as empresas de qualquer setor a estruturar seu trabalho de maneira mais significativa. Uma empresa de asfalto e cascalho poderia começar afirmando que fabrica produtos de asfalto e cascalho. Depois de alguns porquês, concluiria que fabricar asfalto e cascalho é importante porque a qualidade da infra-estrutura desempenha um papel vital na segurança e na vida das pessoas. Dessa análise pode surgir a seguinte finalidade: melhorar a vida das pessoas, aprimorando a qualidade das construções feitas pelo homem.
A Granite Rock Company, de Watsonville, Califórnia, EUA, cuja finalidade em linhas gerais assemelha-se a essa, já conquistou o prêmio de qualidade Malcolm Baldrige. E prosseguiu nesse caminho até se tornar uma das mais progressistas e estimulantes empresas que já vimos em todos os setores.Depois de um tempo aprendemos que o que nos torna mais felizes na vida é ser útil aos outros. Uma empresa que tem como visão estratégica apenas ganhos é uma empresa egoísta e os egoístas são inúteis. Uma empresa inútil é infeliz. Como o amor traz vida à infelicidade acaba com ela.
E utilizar os cinco porquês para avaliar sua vida?
É uma forma de construção, um Ateliê da Vida!
Autor: Paulo Ricardo Silva Ferreira – Educador Facilitador. Presidente do Instituto Eckart Desenvolvimento Humano e Organizacional. Doutorando em Ciências Empresariais pela Universidade de Leon/Espanha, administrador de empresas, curso de psicologia, pós-graduado em administração hospitalar.
Redator: Sander Machado – Profissional de comunicação, redator. Coordenador do Núcleo Celebração do Instituto Eckart. Diretor Criativo da ILê Comunicação.