Saúde corporativa colabora para manutenção do bem-estar dos funcionários

Saúde corporativa colabora para manutenção do bem-estar dos funcionários

Incentivo ao autocuidado ajuda a traçar estratégias que promovem a saúde física e psicológica dos colaboradores

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde não apenas como ausência de doença, mas sim como um estado de bem-estar físico, mental e social. Saúde corporativa, portanto, é o conjunto de ações que uma empresa adota para promover a qualidade de vida dos colaboradores. 

O conceito está relacionado não apenas às práticas de prevenção a acidentes laborais e à oferta de plano de saúde empresarial, mas também a tudo que busca melhorar a qualidade de vida dos funcionários. 

Para desenvolver uma gestão efetiva, é preciso que as empresas façam um levantamento sobre o ambiente de trabalho. A partir daí, tracem estratégias que foquem no bem-estar físico e psicológico dos colaboradores por meio do incentivo ao autocuidado e de ações de promoção da saúde.

Embora a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) defina que a companhia deve criar um ambiente saudável e seguro de trabalho, não existem regras em relação à oferta de plano de saúde ou vale-academia.

Vale lembrar que quem trabalha por conta própria nem sempre tem o suporte de benefícios trabalhistas que empregados com carteira assinada dispõem. Os planos de saúde para microempreendedor individual aparecem para auxiliar o microgestor que paga por serviços privados ou recorre ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

O conceito de promoção da saúde vem ganhando cada vez mais relevância no contexto empresarial. Com a mudança dos paradigmas das relações de trabalho, a qualidade de vida e o bem-estar ganham evidência.

Para além de números.

De acordo com a pesquisa “Gestão de Saúde Corporativa”, feita pela Aliança para a Saúde Populacional (ASAP) em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), 34% das empresas têm a percepção de que a saúde dos colaboradores é considerada apenas um custo obrigatório para que a organização não fique em desvantagem perante os concorrentes. O estudo foi realizado em 2020 e contou com 704 empresas de pequeno, médio e grande porte. 

A pesquisa da ASAP e da ABRH revela também que os gastos com saúde de 36% das empresas entrevistadas representam mais de 16% dos custos totais da área de Recursos Humanos. Em 59% delas, a sinistralidade está acima de 70%.

Sendo assim, é fundamental elaborar sistemas para gerar eficiência assistencial dentro das instituições e investir em ações de prevenção.

Apesar de o convênio de saúde ser importante, ele não deve ser o único benefício oferecido por uma empresa como suporte a seus colaboradores. Na lógica da gestão de saúde corporativa, as principais iniciativas devem ser a consciência e a prevenção do bem-estar.

Quando há uma conscientização expressiva, é possível que os colaboradores estejam mais engajados no autocuidado. Assim, o convênio pode deixar de ser uma despesa alta, já que tanto a necessidade de usar o plano quanto os sinistros vão diminuir.  

Entre os benefícios de adotar uma abordagem preventiva da saúde nas corporações estão a redução de afastamentos e de faltas, o aumento da produtividade e a melhoria do ambiente de trabalho e da qualidade de vida como um todo.

Resposta a uma demanda importante
Segundo dados atualizados e divulgados em 2022 pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, de 2012 a 2021 foram registradas 22.954 mortes no mercado de trabalho formal no Brasil. Somente em 2021, dados indicam 571,8 mil acidentes e quase 2,5 mil óbitos associados ao trabalho, com aumento de 30% em relação a 2020. 

Além disso, foram registradas 6,2 milhões de comunicações de acidentes de trabalho (CATs) entre 2012 e 2021, e o INSS concedeu 2,5 milhões de benefícios previdenciários acidentários, incluindo auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios-acidente. 

As informações do Observatório também mostram que, nesse período, 469 milhões dias de trabalho foram perdidos em decorrência de afastamentos atrelados a acidentes. 

Dessa forma, fica evidente a importância atuar na prevenção. Essa é uma demanda que, quando respondida, atende aos interesses da própria organização. Contar com menos funcionários acidentados, adoecidos e afastados é uma forma de alterar menos a dinâmica da equipe e evitar a sobrecarga e a baixa produtividade. 

Vale lembrar que todas essas situações geram transtornos, mesmo quando o INSS assume o pagamento de auxílios. O afastamento de um funcionário pode alterar a dinâmica de sua equipe, levando à sobrecarga e baixa produtividade.

Como colocar em prática

As companhias podem inserir a promoção da saúde e do bem-estar no ambiente corporativo por meio de workshops, discussões e acompanhamentos que abordem esses temas sem considerá-los tabus. Um ambiente de trabalho agradável e acolhedor pode aumentar o senso de pertencimento e de trabalho em equipe, além de melhorar a motivação para buscar resultados. 

Algumas ações ajudam as empresas a colocar a boa gestão em prática. Um exemplo é o mapeamento do perfil epidemiológico dos trabalhadores por meio de questionários de saúde on-line, para implementar medidas direcionadas às suas necessidades específicas.  

Utilizar os dados de saúde ocupacional obtidos no exame admissional é uma forma de coletar informações sobre o estilo de vida dos profissionais e identificar fatores de risco. Programas de prevenção periódicos, com palestras e campanhas preventivas, também são recomendados. 

O incentivo à adoção de hábitos saudáveis entre os colaboradores é um dos pilares de uma estratégia eficaz de medicina preventiva em ambiente empresarial. A ginástica laboral, o combate ao tabagismo, a promoção de programas de incentivo à alimentação saudável e a prática de atividades físicas são maneiras de promover o bem-estar físico e mental dos colaboradores.