Retirada de útero pode provocar menopausa precoce, associada a doenças cardíacas

Retirada de útero pode provocar menopausa precoce, associada a doenças cardíacas

Condição é caracterizada pelo término definitivo da menstruação antes dos 40 anos e afeta apenas 1% das mulheres.

A menopausa é uma fase marcada por variações hormonais. Segundo dados do Estudo Brasileiro de Menopausa, a idade média para as brasileiras entrarem nesse período é 48 anos. Entretanto, algumas mulheres podem vivenciá-la mais cedo do que se espera. 

Segundo a Associação Paulista de Medicina (APM), a menopausa corresponde ao último ciclo menstrual, comum entre os 45 e os 55 anos. Quando ela ocorre antes é chamada de menopausa precoce ou prematura. 

A condição é considerada rara, já que afeta apenas 1% das mulheres, e pode acontecer devido a circunstâncias específicas, conforme explica a Universidade de São Paulo (USP).

Pacientes oncológicas, sobretudo aquelas que passaram pelo tratamento para câncer de colo do útero, podem ter menopausa precoce. 

A quimioterapia, a radioterapia, a retirada de ovários e a extração cirúrgica do útero podem propiciar o desenvolvimento da condição em mulheres mais novas, segundo informações do Manual MDS. 

Doenças autoimunes, distúrbios metabólicos, infecções virais e toxinas causadas pelo tabaco também podem estar associadas ao desenvolvimento da condição, como destaca o MDS. De acordo com informações da USP, em alguns casos, a menopausa precoce pode estar associada à predisposição genética. 

Menopausa aumenta riscos de doenças cardiovasculares

A menopausa também está associada às doenças cardiovasculares, osteoporose e demência no futuro, como alerta a USP. De acordo com o Ministério da Saúde, há estudos que evidenciam a relação entre a condição e o aumento do risco de ataques cardíacos, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC) tardios.

A orientação é para que as mulheres estejam atentas aos sintomas da menopausa e aos fatores de risco para complicações cardiovasculares para que, assim, possam se prevenir e buscar o tratamento quanto antes.

A prevenção passa pela adoção de hábitos como não fumar, praticar atividade física regularmente, manter uma alimentação saudável, controlar o peso e dormir o suficiente, de acordo com o Ministério da Saúde.

No caso das pacientes que apresentam cardiopatias, é aconselhável o acompanhamento  com um cardiologista especializado para garantir um tratamento que não comprometa a saúde do coração. 

Como reconhecer os sintomas da menopausa precoce

O principal sintoma observado na menopausa precoce é a alteração no padrão menstrual, como aponta a APM. Tipicamente, as pacientes começam a experimentar ciclos mais espaçados e com menor quantidade de sangramento até, eventualmente, chegarem a ausência completa do fluxo. 

Os sinais da presença da condição aos 40 anos são os mesmos de mulheres maduras. De acordo com o Ministério da Saúde, ondas de calor, sudorese noturna, variações de humor, distúrbios do sono e redução da densidade óssea, que pode resultar em osteoporose, são os principais sintomas. 

A APM explica, ainda, que um dos impactos da insuficiência ovariana é a infertilidade, pois com o fim da liberação dos óvulos, os gametas femininos ficam impedidos de encontrar os masculinos para realizar a fecundação. 

Tratamento ajuda na qualidade de vida

Diante da manifestação dos sintomas da menopausa antes da faixa etária comum, o médico pode solicitar a realização de exames para ter o diagnóstico preciso. Exame de gravidez, medição das concentrações hormonais e avaliações genéticas podem ser exigidos. 

Para tratar mulheres com menopausa precoce, a abordagem é semelhante à aplicada na menopausa comum. De acordo com a APM, quando não há contraindicação ao uso de terapia de estrogênio, recomenda-se o uso de estradiol para diminuir os riscos de osteoporose, doenças cardiovasculares, atrofia vaginal e para promover a saúde sexual e a qualidade de vida da paciente. 

Além de terapias de reposição hormonal, outras medidas devem ser consideradas, como intervenções nutricionais, prática de atividade física e acompanhamento terapêutico. A APM aponta que cada tratamento deve ser individualizado, considerando as características e condições de saúde de cada mulher.