Inovação é fio condutor de transformações tecnológicas e digitalização da indústria

Inovação é fio condutor de transformações tecnológicas e digitalização da indústria

Em sua 15ª edição, o ABIMAQ Inova 2021 teve como principal premissa a transformação da indústria com soluções inovadoras e reuniu empresas, que compartilharam suas experiências e tecnologias

Nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2021, importantes apresentações relacionadas à inovação, indústria 4.0 e IOT foram apresentadas no evento, que é o principal fórum de inovação da indústria de máquinas e equipamentos realizado pela ABIMAQ. Os encontros foram novamente realizados no Indústria Xperience, plataforma online de negócios da indústria que reúne marcas expositoras e visitantes compradores das feiras EXPOMAFE e FEIMEC.

O diretor executivo de Tecnologia da associação, João Alfredo Delgado, introduziu os painéis nos três dias de evento.

Acompanhe os detalhamentos dos dias de palestras:

DIA 16/11/2021

SMART MANUFACTURING: CONECTANDO A INDÚSTRIA NA ERA DIGITAL

Com mediação do professor da UFRGS, Néstor Fábian Ayala, os especialistas Marco Tanaka, Diretor de Inovação da Prodwin; Jeferson Martins, Gerente Executivo de Manufatura da TOTVS e Márcio Migliavacca, CEO da REXFORT, apresentaram soluções de conectividade, discussões sobre estratégias de indústria 4.0 e desafios do processo de digitalização.

Segundo Márcio, surgirão mais desafios, principalmente com o 5G. “Teremos que desalocar toda a computação que acontece dentro da máquina e alocar em nuvem. E também temos um grande caminho a percorrer para evoluir na experiência de usuário”, disse.

Para Tanaka, as organizações precisam construir plataformas e não apenas produtos. “É preciso pensar não só na captura dos dados, mas como esses dados estarão integrados a outros sistemas. Os dados devem ser convertidos em ativos, transformando-se em informações valiosas”.

Em sua palestra, Martins reforçou a necessidade de se investir amplamente na digitalização. “no Brasil, nos sabemos que, historicamente, a indústria vem passando por inúmeros obstáculos por questões de reformas que precisam ser feitas para se avançar na própria gestão”.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL APLICADA NA INDÚSTRIA

Alejandro Frank, professor da UFRGS, encaminhou o painel, que contou com as participações de: Diego Mariano, CEO BirminD (Grupo WEG); Daniel Rodrigues Bello, IoT Sales Manager da Intel; e Adriano Cardoso, Gerente Comercial da Dismotor.

Adriano Cardoso descreveu que a Dismotor (assistência técnica exclusiva da WEG) tem como objetivo levar para os clientes uma solução simples e moderna, que atenda às suas necessidades dos nossos clientes. “A Weg iniciou o uso de um sensor que faz todas as medidas e gera dados que são armazenados em nuvem, e podem ser acessados no computador ou smartphone”.

De acordo com Daniel Rodrigues, a inteligência artificial é justamente a evolução da computação. “A indústria sempre busca eficiência e, com certeza, a IA é a nova fronteira para se conseguir essa eficiência e buscar competitividade”.

Diego Mariano relatou que a realidade do chão de fábrica é muito mais complexa do que plugar um equipamento e disponibilizar os dados na nuvem. “Para a indústria nacional, é importante que a gente tenha versatilidade, porque o parque industrial é diverso”.

O FUTURO INTELIGENTE ALÉM DA INOVAÇÃO

Em sua preleção, o Estudioso de inovação e Economia Digital da DMT Palestras, Gil Giardelli, detalhou vários processos ligados ao futuro preditivo, ao que está por vir para a humanidade. “São tempos de equipes multiculturais, codesign e pensamento matemático. Tempos de pluridisciplinares, pessoas, propósito e prototipagem rápida. Nosso futuro será fantástico só que terá turbulências. Para desenvolver uma indústria é preciso que todas as ciências estejam juntas”.

SEGURO CYBER

Marcelo Benevides, Diretor Comercial, e Márcio Caran, Diretor, ambos da 4FX – MDS Partner, falaram sobre a importância do seguro cyber. Eles demonstraram os riscos que as empresas estão expostas ante o novo cenário de ataques cibernéticos, bem como mencionaram a nova legislação da LGPD.

“Não importa o tamanho da empresa ou a atividade que ela exerça, muitos falam que só vão existir invasões nas megacorporações, mas existem vários cases de empresas relativamente pequenas que estão sofrendo o mesmo tipo de ameaça das grandes”, sinalizou Márcio.

“A LGPD entrou em vigor em agosto de 2020. Ela determina quais empresas deverão ter a obrigação de estar em compliance com a lei, caso contrário existirá uma penalização para essas empresas. A multa é bem menor do que o risco que hoje as empresas estão expostas. O seguro é muito mais abrangente do que uma multa governamental”, completou Marcelo.

WHAT’S NEXT IN 5G

Ligado ao Instituto Mauá de Tecnologia e ao Senai, o palestrante, professor, futurista e físico, Mauro Andreassa, conversou com o Vice-Presidente da Qualcomm, Francisco Soares, sobre as inovações que serão desenvolvidas com o 5G.

“Vamos ser grandemente impactados pelo 5G”, apontou Francisco. “Dentro de um parque industrial, ele trará um grande suporte para a inteligência artificial e estará muito associado às atividades dentro das redes privadas”.

POR QUE AS DECISÕES DE CHÃO DE FÁBRICA SÃO SEMPRE TARDIAS?

Ao comentar sobre as aplicações da inteligência artificial nos controles de processos colocam o time na empresa à frente do tempo real, o CEO da Dataprophet, Frans Cronje, apontou que umas das reflexões interessantes é que a ênfase no desenvolvimento de dados na manufatura está ainda muito focada em um regime reativo. “Acreditamos que esta forma de pensar em resolver os problemas não é a correta. É melhor agir antes que este erro aconteça, para evitar que ele ocorra”.

Jeanlis Brito Zanatta apresentou um estudo de caso de desenvolvimento de blocos de motor para a fundição Atlantis Foundries, na África do Sul. “Foi um processo extremamente complexo com várias etapas, em que foram trabalhadas 37 variáveis. Não são mais feitas análises individuais, é feito um investimento para melhorar a estabilidade dos resultados”.

DIA 17/11/2021

GESTÃO E CULTURA PARA INOVAÇÃO

O Gerente de Negócios do Centro de Inovação CESAR, Wallison Coutinho, iniciou os trabalhos e intermediou as conversas entre os palestrantes: Bibiana Sasso, Gerente de RH Américas da Hyva Brasil; Danielle Zeitune Totti, Head Planejamento Estratégico Global e Inovação da Votorantim Cimentos; e Cintia Dal Vesco, Gerente de Marketing da Stara, que analisaram os desafios da indústria para construir uma cultura inovadora.

“Não existe inovação que não esteja conectada com a estratégia do negócio. É necessário um alinhamento de conceitos em relação aos executivos para que eles entendam o que é inovação”, frisou Danielle.

Na opinião de Bibiana, quando se fala de estratégia, tem que se falar sobre pessoas. As pessoas têm que estar no centro da estratégia. “O RH tem que ser protagonista na transformação digital das organizações”.

“Para evoluir constantemente, temos que inovar muito”, enfatizou Cintia. Ela reportou que 48,85% do faturamento atual da Stara vem de produtos lançados nos últimos 3 anos.

OPEN INNOVATION: ACELERANDO A INOVAÇÃO

Conduzido pelo CEO da Spin Capital, Beny Fard, o painel teve as presenças de: Verônica Bersani, Gerente de Negócios do Centro de Inovação CESAR; Bruno Erlinger, Head de Inovação e Negócios da State; e Fernando Matsunaga, Head de Inovação Aberta da Bosch. Os convidados procuraram desmistificar e discutir os principais desafios para implementar a inovação aberta na indústria.

“A Bosch tem mais de 130 anos. Nos últimos anos, ela se designou a meta de ser uma empresa AIOT, uma mescla de internet das coisas e inteligência artificial. Esse é o futuro daquilo que estamos construindo”, ressaltou Fernando.

Sobre a State, Bruno detalhou que o centro de inovação independente “ajuda empresas em sua jornada de inovação aberta e transformação cultural, posicionamento no ecossistema de inovação e conexão com diversos temas e comunidades”.

Em relação ao porto digital de Recife (PE), Verônica descreveu que é um dos maiores parques tecnológicos a céu aberto do mundo. “Como diferencial, somos design driven, cocriamos soluções centradas nas pessoas com uma mentalidade de experimentação, construindo conhecimento em todas as etapas do ciclo de inovação”.

IMPORTÂNCIA DA INTERFACE CÉREBRO-MÁQUINA

A possibilidade de integração de ferramentas digitais com o cérebro abre uma nova perspectiva de soluções baseadas em interface cérebro-máquina. De acordo com Edgard Morya, Coordenador de Pesquisas do Instituto Santos Dumont, a indústria 5.0 vai exigir a integração ainda maior entre sistemas e pessoas. “Vão começar a treinar os futuros profissionais que integram a inteligência humana com os sistemas, facilitando a vida das pessoas”.

EVOLUÇÃO DE INTERFACES DE EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM MANUAL

Humberto Pacelle, Gerente de Produtos – América do Sul da ESAB, com mediação do professor Mauro Andreassa, pormenorizou a evolução dos equipamentos de soldagem quanto aos seus painéis e interfaces com os soldadores.

“Há muitas décadas, nós tínhamos geradores muito pesados, grandes, de difícil deslocamento. As interfaces eram extremamente arcaicas. Com o tempo, foram surgindo escalas, telas numéricas, painéis um pouco mais intuitivos, displays de LCD, de TFT até chegar hoje em dia ao controle por meio de um celular”, detalhou Humberto.

COMO AS INDÚSTRIAS EM CRESCIMENTO PODEM INOVAR DIARIAMENTE

Como inovar num cenário com um amplo leque de tecnologias disruptivas em desenvolvimento? Esse foi o ponto de partida para a apresentação de Raphael Galdino, Professor de Engenharia da INSPER, com mediação do também professor de engenharia da INSPER, Carlos Valente.

Segundo Galdino, a inovação traz diferencial competitivo e necessidade de atualização constante. Por outro lado, há a escolha e o risco de não se inovar. “Isso pode acarretar o desaparecimento da proposta de valor da empresa”.

DEBATE SOBRE ENERGIA RENOVÁVEL COM SIEMENS GAMESA, BLUESOL E LACTEC

Mediado por Pedro Teixeira, repórter do Portal CanalEnergia, o painel abordou o panorama de inovação no ambiente das fontes renováveis. Os palestrantes foram: Maximilian Valvassoura, Especialista de novos negócios da Siemenes Gamesa; Alexandre Caliari, Gerente Comercial da LACTEC; e Fernando Barros, Diretor Comercial da Blue Sol.

Em termos inovação nas eólicas, Maximilian destacou o avanço na fabricação de pás e a digitalização dos geradores, com informação em tempo real. “Do ponto de vista de soluções, vemos agora no Brasil o crescimento e a habilitação dos sistemas híbridos, onde conseguimos reunir várias fontes renováveis de energia e também a descarbonização de várias cadeias”.

Sobre o Lactec, Alexandre disse: “Estamos realizando estudos de eólicas offshore no Brasil. Já é uma realidade no exterior, mas no Brasil necessitamos conhecer um pouco mais, tropicalizar soluções, conhecer os aspectos construtivos para a instalação desses aerogeradores em oceanos, por exemplo”.

“A BlueSol é um dos principais players dentro da energia fotovoltaica”, assinalou Fernando. “A energia fotovoltaica hoje passa por uma constante transformação. Os módulos estão cada vez mais eficientes (tamanho e peso), hoje existem células de vários materiais, células orgânicas, de polímero fino, maleáveis. Tudo isso ajuda para que o projeto faça sentido para o cliente”. 

DIA 18/11/2021

PROFISSIONAIS PARA UMA NOVA INDÚSTRIA

A discussão abrangeu os novos profissionais, a falta de mão de obra e desafios para as empresas. O professor da UFRGS, Néstor Fábian Ayala, foi o condutor das apresentações, que contaram com Alexandre Gewehr, TI Manager da AGCO, e Andressa Schneider, Co-Founder da 99Jobs.

“Em pesquisas com empresas mais maduras, fica claro que a tecnologia sozinha não é nada. Ela vem na verdade para tirar o melhor das pessoas, para que se coloquem as pessoas para desenvolverem atividades que agreguem mais valor”, reportou Alexandre.

Andressa explicou sobre o “employer branding”, que é a “venda” de sua marca empregadora. “Hoje as empresas se preocupam muito com estratégias de marketing para atrais clientes, porém, não dão atenção para a atração dos colaboradores. O EB trabalha com os signos que servirão para mostrar a empresa aos futuros contratados da forma mais transparente possível”.

DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA INDÚSTRIA EM TRANSFORMAÇÃO

Para destacar as boas práticas e desafios da inclusão nas indústrias, foram convidadas as especialistas Camila Ribeiro, Consultora de RH da Votorantim Energia, e Camila Berteli, Gerente de Atração e Engajamento da Nexa Resources (Grupo Votorantim).

“Há pouco tempo, o mundo corporativo entendeu que diversidade e inclusão vão muito além de questões relacionadas a ética e engajamento. Pesquisas recentes comprovam que as empresas mais diversas têm o maior potencial de inovação, criatividade, e consequentemente impactos positivos nos negócios de um modo geral, incluindo os resultados financeiros. A indústria vem impulsionando ações para empresas mais diversas, porém ainda enfrenta grandes desafios, principalmente quando se fala de vieses e da cultura que essas indústrias foram adquirindo ao longo do tempo”, iniciou Camila Ribeiro.

Camila Berteli argumentou sobre os desafios que tem enfrentado na Nexa Resources. “A área de RH tem que repensar seu papel na organização e ser uma facilitadora de uma cultura de transformação. Na Nexa, temos um trabalho muito forte de reposicionamento da nossa cultura para poder potencializar nossa inovação. Não tem programa de inclusão sem intenção. A empresa precisa se organizar para debater o tema e fazer as correções efetivas”.

INOVAÇÃO: CONCEITO, ATITUDE E IDENTIDADE

Segundo Clóvis de Barros, professor e palestrante da DMT palestras, “nada que passa pela sua cabeça rigorosamente permanece igual ao segundo anterior. Falar sobre mudança é falar da realidade. Existem mudanças que você provoca. A inovação, por exemplo, é aquela mudança que você implementou. Contudo, o aperfeiçoamento é uma forma particular de inovação típica da natureza livre, autônoma e soberana do homem”.

ANÁLISE DA RETOMADA: MERCADO DE MÁQUINAS-FERRAMENTAS NO PÓS-PANDEMIA

Manuel Niggli, responsável pelas ações internacionais das feiras FEIMEC e EXPOMAF, intermediou o assunto com especialistas do mercado internacional da AMT sobre os impactos e aprendizados da pandemia nos principais mercados do mundo.

Para Edward Christopher, Vice-Presidente de Global Services da AMT, “uma coisa que estamos vendo, e é a primeira vez em 40 anos, são os setores aeroespacial e automotivo representando apenas 20% do mercado. Isso reflete uma oportunidade muito boa”.

Já Achilles Arbex, Gerente Geral da AMT do Brasil, salientou as lições aprendidas com a pandemia. “A cadeia de suprimentos é extremamente estratégica para qualquer país, mas nos últimos anos ela não recebeu a atenção apropriada dos países. Uma segunda lição foi que a manufatura é a chave para a segurança nacional de qualquer país. Novos modelos de negócios sempre aparecem, especialmente em momentos como o da pandemia. Neste ponto, manufatura como um serviço e manufatura sobre demanda se provaram um instrumento para voltar ao normal. E outra lição importante: os níveis de automação e tecnologia de transformação crescem em momentos de recessão ou de adversidades e as empresas têm que se ajustar o mais rápido possível”.

COMO VENDER PARA A EUROPA NESTE MOMENTO DE NOVAS OPORTUNIDADES

Em uma sociedade globalizada, exportar significa recursos e reputação. Contudo, adquirir esta reputação exige conhecimento do mercado para o qual se planeja exportar, bem como entender as especificações exigidas.

Na visão de Daniel Afonso, Chefe de Operações da empresa TRC, “é possível produzir equipamentos e máquinas no Brasil e vender na Europa. Não é um bicho de sete cabeças. Muitos dos nossos clientes estão fazendo isso hoje”, contou Afonso.

No tocante ao padrão europeu, a marcação CE que dificulta a exportação para algumas empresas brasileiros, Afonso esclareceu que quando a União Europeia foi criada, um grupo de países juntou-se para criar um acordo de comércio, com a meta de ter melhores formas de comercializar. “Esse padrão surgiu como forma de harmonizar as regras técnicas e garantir a qualidade dos produtos”.

LUBRIFICANTES INDUSTRIAIS: COMO AUMENTAR A PRODUTIVIDADE

Tarcizo Filho, Gerente Nacional de Vendas da Petronas abriu as discussões e contou sobre a história e os projetos para o futuro da Petronas. Em seguida, João Luis Amaral Sant’anna, Assistente Técnico da Petronas comentou sobre o serviço e as possibilidades de ganho de desempenho para os produtos.

Fundada em 2008, a Petronas Lubricants International é uma empresa originada na Malásia, especializada em lubrificantes automotivos e industriais de alta qualidade. “A PLI está entre os 10 maiores players globais de lubrificantes. Como novidade, temos o lançamento de uma linha de fluidos para veículos elétricos na Europa. Em pouco tempo, vamos trazer para o Brasil”

Sobre otimização de desempenho, João Luís descreveu que “existem situações em que você usa um lubrificante de maior tecnologia, com uma característica inovadora. Mesmo com um custo inicial superior, ele vai proporcionar ganhos específicos para os clientes, como aumento de vida útil do lubrificante e do próprio equipamento, ganho de produtividade, diminuição de horas ociosas e do descarte e também economia de energia”.