Devido à pele mais delicada e algumas dificuldades de locomoção, saber fazer a higiene correta pode evitar surgimento de feridas e diminuir riscos de acidentes
Envelhecer é um processo natural na vida de todo ser humano. De acordo com dados levantados em um estudo conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 existiam mais de 33 milhões de pessoas idosas no Brasil. A pesquisa apontou também que esse número vem crescendo por conta dos avanços da medicina e mudança de hábitos na população, que resultou no aumento da expectativa de vida.
Durante a chamada melhor idade, existe uma série de cuidados que precisam ser diferenciados para garantir segurança, qualidade de vida e bem-estar às pessoas acima dos 60 anos de idade. A higiene, por exemplo, é um fator essencial para a saúde e deve ser conduzida da forma correta para evitar acidentes, alergias e o aparecimento de outras doenças.
Isso porque, nessa fase da vida, a pele fica mais delicada, pode haver dificuldades de locomoção e outras comorbidades que tornam a higienização mais difícil. De modo geral, é preciso adotar estratégias de segurança, cuidados específicos com a pele e com a saúde oral dos idosos.
Estratégias para um banho mais seguro
O banho pode proporcionar conforto, bem-estar, higiene e até mesmo ganho de autoestima do idoso. No entanto, em alguns casos, esse momento também pode ser perigoso, principalmente se a pessoa tiver mau equilíbrio ou não puder ficar de pé por longos períodos.
Segundo o “Manual para cuidadores informais de idosos” elaborado pela Prefeitura Municipal de Campinas, nessa fase da vida, o andar fica mais lento, a flexibilidade e reflexos diminuem, tornando-os mais suscetíveis a quedas. Sendo assim, é importante adotar medidas de segurança para evitar quaisquer acidentes.
Alguns acessórios – facilmente encontrados no mercado – podem ser utilizados para dar proteção. Barras de apoio adicionadas na parede perto do sanitário e do chuveiro, cadeiras de banho, pulverizador de chuveiro e pavimento antiderrapante no chão são alguns exemplos.
Outro fator que ajuda a garantir mais segurança é separar produtos de higiene antes do banho. O mesmo vale para roupas, acessórios e itens pessoais, como absorvente geriátrico. O esquecimento de alguma peça pode fazer com que o idoso saia molhado e sofra acidentes.
Atenção à pele do idoso
É notório que, com o passar dos anos, a pele vai ganhando um novo aspecto, com manchas e rugas. No entanto, esses não são os únicos aspectos que mudam com o envelhecimento. De acordo com o Núcleo de Estudos e Pesquisa da Terceira Idade da Universidade de Brasília (UNB), na terceira idade, a pele fica mais ressecada e sensível, necessitando de cuidados especiais.
O mesmo ponto é levantado pelo manual da Prefeitura Municipal de Campinas. O órgão aponta que, nessa fase da vida, a pele perde a elasticidade e fica mais fina, seca e áspera. Por esse motivo, é mais fácil de coçar a abrir feridas.
Dessa forma, os cuidados com a pele precisam ser mais específicos para diminuir quaisquer riscos a saúde. A UNB recomenda o uso de sabonetes neutros ou à base de glicerina e de hidratantes corporais à base de água.
No momento do banho, é importante se atentar à temperatura da água, que deve ser morna. Após a higienização, devem ser utilizadas toalhas macias, com cuidado, sem esfregar a pele.
Outro aspecto importante é em relação às dobras da pele em partes do corpo, como seios, pescoço, estômago e área genital. Esses locais, quando não enxutos corretamente, podem favorecer o surgimento de infecções fúngicas.
Nos casos de idosos com incontinência urinária, também é importante se atentar à região em que os absorventes geriátricos irão estar posicionados para evitar assaduras. Conforme aponta o documento da Prefeitura Municipal de Campinas, pode ser necessário utilizar pomadas e outros medicamentos para evitar alergias no local.
Além disso, também é importante se atentar ao nível da incontinência. Segundo o D’Or Mais Saúde, existem absorventes geriátricos dos mais variados tamanhos para conter fluxos mais fracos ou mais intensos.
Higiene oral também precisa de atenção
A região oral também sofre alterações com o passar dos anos, necessitando de atenção especial. De acordo com o manual da Prefeitura de Campinas, nessa fase da vida, ocorrem alterações da mucosa, perda de dentes, gengivites e diminuição do fluxo salivar, aspectos que podem favorecer o surgimento de infecções.
A recomendação do Guia Prático do Cuidador do Ministério da Saúde é que a higienização bucal seja realizada em três momentos, ao acordar, após as refeições e antes de dormir. O documento também explica como o procedimento deve ser feito em casos em que o idoso faz uso de próteses dentárias.
O primeiro passo é retirar e escovar a prótese fora da boca, com escova de dente de cerdas mais duras e creme dental neutro. Em seguida, deve ser feita a limpeza das gengivas, bochechas e língua com escova de cerdas mais macias ou com um pano umedecido enrolado em palito de picolé para evitar feridas. O enxágue da boca vem no final, após encerrarem os procedimentos anteriores.
Cuidados com as unhas
As unhas também devem fazer parte da higienização do idoso. Segundo a UNB, o momento ideal para esse cuidado é após o banho. A universidade enfatiza a importância dos cortes serem feitos em linha reta e não muito rente a pele, para evitar o desenvolvimento de unhas encravadas.
Também é fundamental lixar as unhas após o corte e as cutículas não devem ser retiradas, uma vez que a pele do idoso é mais fina e tende a se machucar com mais facilidade.