O Governador eleito Dr. Agnelo Queiroz deve pensar no comércio exterior!
Por Marcelo Sicoli*
A afirmativa parece estranha em uma capital com forte orientação para o setor público. O ano vindouro se iniciará com desafios que passam da conclusão de obras já iniciadas ao alivio da entristecedora situação da saúde pública e do sistema educacional. Contudo, o incentivo a atividade exportadora, marca forte do Governo Federal, deve ser seguida pelo Distrito Federal. Os benefícios para as empresas que vendem ao mercado externo são diversos, tais como, melhoria da cultura administrativa e qualidade dos produtos, diversificação de mercados, ganhos de escala, geração de empregos e renda.
Frente aos principais estados exportadores, São Paulo (27,76% do total) Minas Gerais (12,76%) e Rio Grande do Sul (9,96%), o Distrito Federal aparece na 24° posição dentre as 27 unidades da federação, o equivalente em 2009 a discretos 0,09% do total, com US$130 milhões. Neste sentido, podemos sim ter como meta dobrar nos próximos quatro anos as exportações de produtos produzidos em Brasília, que hoje é basicamente de frangos e peças congeladas dos mesmos, representando 72,5% do total, seguido por soja com 15,6%.
O Governo anterior não tinha uma secretaria atuando exclusivamente com este intuito, sendo a atividade conduzida pela Subsecretaria de Investimentos Internacionais. Tal falta de foco e importância levou a uma queda de 21% no total embarcado em 2009 em comparação com 2008. Mesmo dispondo de pequeno quadro de colaboradores esta nova secretaria, que ora propomos, poderia atingir grandes resultados.
Deve-se aproveitar a proximidade de Embaixadas e Organismos Internacionais, que são fortes fontes de captação e disseminação de oportunidades de negócios, bem como dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Agricultura e Relações Exteriores e grandes bancos estatais, principais entes da formulação de políticas públicas para promoção do comércio exterior.
Por seu reduzido território, o DF pode funcionar como um laboratório de novas políticas para posterior disseminação pelo Brasil.
As universidades, se incentivadas, também podem imprimir grande dinâmica à internacionalização das empresas locais. Freqüentemente estudantes nos procuram em buscas de estágio ou para informações de encarreiramento. Em levantamento recente feito junto aos cinco principais cursos de relações internacionais/comércio exterior daqui, percebemos que nenhum, seja público ou privado, tem empresa júnior minimamente estruturada para prestar serviços de consultoria em comércio exterior.
O estabelecimento de competição e distribuição de prêmios entre os estudantes que construírem os maiores casos de sucesso auxiliando empresas da cidade, sem dúvida irá gerar resultados admiráveis. É importante também dar aos que querem atuar no setor privado horizontes de possibilidades de emprego.
Esta secretaria que se supõe, não estar dentro das pretendidas ou exigidas por políticos profissionais e partidos, deve ser ocupada por profissionais de mercado, com dinamismo e experiência prática no assunto e, possivelmente com formação acadêmica na área. Muitas vezes, pessoas que fizeram cursos no exterior em áreas totalmente alheias a negócios internacionais acreditam estar capacitadas para operar no segmento. O slogan da secretaria poderia ser: “DF: Daqui para Fora”. E o logotipo da campanha uma simples estilização de nossa bandeira, em que as 04 setas representariam os destinos a serem conquistados por nossos produtos.
*Consultor internacional e professor. E-mail: contact@enterbrazil.com