Por Eduardo L’Hotellier
Dentro do segmento de Inteligência Artificial, umas das áreas mais proeminentes e discutidas do momento é a AGI (Inteligência Artificial Geral), forma de AI que possui um nível de inteligência e capacidades cognitivas comparáveis ao de um ser humano. Ao contrário de outros sistemas restritos ou especializados, que são projetados para executar tarefas específicas dentro de um domínio limitado, a AGI visa entender, aprender e aplicar conhecimento em uma ampla gama de domínios e tarefas. Abrange a capacidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, aprender com a experiência, comunicar e se adaptar a novas situações, muito parecido com o intelecto humano.
A sociedade em geral, vislumbra essa possibilidade há muito tempo, em produções cinematográficas como Exterminador do Futuro, Matrix, Eu Robô e Ela, Hollywood apresenta exemplos de diversas abordagens de futuros ficcionais com essa inteligência no mesmo nível e às vezes até superior a nossa.
No campo científico, essa tecnologia representa uma busca a fim de criar uma forma de inteligência artificial que corresponda e até exceda as capacidades cognitivas humanas em uma ampla gama de tarefas e domínios. Com o avanço tecnológico em um ritmo sem precedentes, a busca pela AGI atraiu atenção significativa de pesquisadores, futuristas e formuladores de políticas. Prometendo imenso potencial e possibilidades transformadoras, a realização desta aplicação pode remodelar nosso mundo, revolucionar as indústrias e abrir novas fronteiras do progresso humano.
Ao abordarmos a inteligência artificial em maior profundidade, é importante discutir um de seus principais fundamentos: a singularidade. Esse conceito sugere que, à medida que a capacidade dos computadores aumenta e a inteligência artificial se aprimora, podemos atingir um ponto em que essa inteligência seja capaz de criar uma inteligência maior que a dela, que cria uma ainda maior e assim sucessivamente de forma exponencial.
O cientista norte-americano, tecnólogo de sistemas e estudioso da inteligência artificial, Raymond Kurzweil, em seu livro “The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology” explora a singularidade tecnológica, argumentando que o crescimento exponencial da tecnologia levará a uma convergência de vários campos científicos, resultando no surgimento de máquinas superinteligentes e na fusão da inteligência humana e da máquina. Ele prevê que esse evento transformador, trará avanços sem precedentes em áreas como medicina, nanotecnologia e robótica, permitindo que os humanos transcendam suas limitações biológicas e alcancem habilidades cognitivas aprimoradas e longevidade.
A singularidade na inteligência artificial apresenta a perspectiva de um futuro em que as máquinas irão superar a inteligência humana, trazendo consigo implicações desconhecidas e um potencial disruptivo que desafia nossa compreensão atual. A história do avanço tecnológico é marcada por momentos revolucionários que moldaram o curso da humanidade. Se traçarmos alguns paralelos entre a AGI e a máquina a vapor, que impulsionou a Revolução Industrial e transformou drasticamente a sociedade, obtemos alguns insights interessantes sobre o impacto potencial desta tecnologia na sociedade, tais como:
- Avanços tecnológicos transformadores: a máquina a vapor revolucionou o transporte, a manufatura e a indústria, levando à Revolução Industrial. Da mesma forma, a AGI tem o potencial de revolucionar vários campos, incluindo saúde, transporte, comunicação e muito mais, inaugurando potencialmente uma nova era de produtividade e inovação;
- Transformação social: a máquina a vapor desempenhou um papel crucial na formação de cidades, redes de transporte e economia. A AGI, se desenvolvida e implantada em nível geral, poderia igualmente transformar a sociedade de maneira profunda. Pode afetar a forma como trabalhamos, nos comunicamos e até redefinimos conceitos como criatividade, privacidade e ética.
- Considerações éticas: A máquina a vapor levantou preocupações relacionadas às condições de trabalho, impacto ambiental e desigualdades sociais. Da mesma forma, a AGI levanta considerações, incluindo questões de privacidade, responsabilidade, preconceito e o potencial de consequências não intencionais.
Embora a Inteligência Artificial Geral ainda seja um conceito teórico e não tenha sido totalmente alcançado, há benefícios antecipados relacionados à sua possível implantação. Aqui estão alguns dos principais que estão sendo discutidos: enfrentar desafios complexos, descobrir novas soluções e otimizar processos em áreas como ciência, medicina, engenharia e muito mais; reduzir significativamente a necessidade de envolvimento humano em atividades repetitivas ou de trabalho intensivo, liberando tempo para nos concentrarmos em empreendimentos mais criativos; entender as preferências individuais, fornecer recomendações personalizadas e oferecer orientações inteligentes em áreas como saúde, educação, finanças pessoais e tomada de decisões diárias.
A AGI promete grandes vantagens, mas também envolve riscos e desafios significativos. Com seu pleno funcionamento, pode-se revolucionar as capacidades de resolução de problemas, levando a uma maior eficiência, avanços científicos e assistência personalizada em vários domínios. Otimizaríamos o gerenciamento de recursos, promovendo a colaboração e aumento de habilidades humanas, ampliando nosso potencial de inovação e progresso. Por outro lado, o seu desenvolvimento levanta preocupações sobre controle, superinteligência, consequências não intencionais, interrupções socioeconômicas, riscos de segurança e considerações éticas. Alcançar a IA de nível humano apresenta desafios substanciais, incluindo o desenvolvimento de algoritmos de aprendizado robustos, abordando as limitações dos sistemas atuais, garantindo o alinhamento com os valores humanos, e gerenciar a complexidade do seu comportamento. Encontrar um equilíbrio entre aproveitar os benefícios e mitigar os riscos é crucial na busca contínua da AGI, exigindo pesquisa responsável, regulamentação cuidadosa e colaboração interdisciplinar contínua.
*Eduardo L’Hotellier – fundador e CEO do GetNinjas, maior aplicativo para contratação de serviços do Brasil