Para executivo da Weknow Healthtech, interoperabilidade é difícil porque muitos dados não estão necessariamente dentro da organização e precisam ser buscados em outros locais
Embora a maioria das pessoas não tenha ideia do que significa a palavra interoperabilidade, ela é um problema que afeta significativamente a vida de todos no mundo 4.0, sobretudo quando ela ocorre no setor da saúde. Basta imaginar que você possui um plano de saúde e inicia um tratamento clínico qualquer. Mas em meio ao tratamento, você troca de emprego e, consequentemente, seu plano de saúde muda.
O novo plano não tem um sistema de dados compatível com o sistema do plano antigo, de modo que você precisa trocar o médico que faz seu acompanhamento e perde todo o histórico online de seus exames. “Além de ser estressante, é uma situação que envolve muita perda de tempo”, afirma Pedro Burguesan, cofundador e diretor de inovação da Weknow Healthtech, empresa especializada em inteligência de dados para o mercado da saúde.
Conforme ele explica, tudo isso ocorre pelo simples fato de que o histórico do paciente não pode ser acessado, uma vez que o sistema de um plano de saúde era incompatível com o sistema do outro. Ou seja, não há interoperabilidade de sistemas. “Quando um sistema de dados não se comunica com o outro, isso traz perdas significativas para pacientes e também para a organização e seus colaboradores”, salienta Burguesan.
Um levantamento realizado pela Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) traçou um panorama do atual cenário em que a qualidade hospitalar está inserida. Segundo o documento, a interoperabilidade é o maior desafio do setor. “Ela se faz necessária quando pensamos na saúde baseada em valor, afinal, levando em consideração que o paciente é o centro de tudo e a personalização dele como indivíduo, o acesso aos dados dessa pessoa é fundamental para que o atendimento seja completo e integral”, revela o executivo da Weknow Healthtech.
Mas, conforme ele avisa, embora seja simples entender a importância dos sistemas “conversarem entre si”, fazer isso acontecer é algo complexo. Ele lembra que os grandes fornecedores de tecnologia, que atendem grandes redes, não possuem interesse em preparar seus sistemas para essa realidade, sendo muito comum que as organizações necessitem trocar completamente seus sistemas quando há movimentações como compras e fusões. Para Burguesan, seria muito mais fácil e menos custoso aplicar a interoperabilidade e utilizar os recursos para outras iniciativas.
O cofundador prossegue: “A interoperabilidade é difícil porque muitos dados não estão necessariamente dentro do hospital, e precisam ser buscados em outros locais. Quando isso acontece, há muitas barreiras para a captação das informações, assim como a preocupação com a LGPD”. Segundo ele, são dados sensíveis que exigem um bom parceiro de tecnologia para garantir a procedência dos dados e em qual cenário eles estão sendo usados, sua finalidade, se vêm com base legal, entre outros pontos.
O executivo finaliza lembrando que a interoperabilidade é um recurso por meio do qual as organizações conseguem alcançar resultados mais expressivos, principalmente com relação ao atendimento ao paciente. “Não há para onde fugir: as empresas de saúde precisam se adaptar ao universo 4.0 e isso exige a busca por mais agilidade e uma melhor comunicação entre pessoas e, também, entre os sistemas”, conclui.