Economista dá dicas para profissionais de investimentos e investidores colocarem em prática em tempos de grande oscilação no mercado
Muitos brasileiros aprenderam da pior maneira possível que aplicar todo o capital em apenas uma classe de investimentos expõe o patrimônio a grandes riscos, sobretudo em cenários de oscilações econômicas. Que o diga a crise do coronavírus, considerado o batismo de fogo para 1,2 milhão de brasileiros novatos na Bolsa.
O economista Fabio Louzada, especialista de investimentos e CEO da startup Eu Me Banco, desde dezembro estuda os efeitos do novo coronavírus na economia. Seja nas aulas que leciona para profissionais de investimentos ou nas páginas do livro que lançará no segundo semestre, voltada para investidores leigos, Louzada é pragmático: proteger os investimentos é “dever de casa”, é mais complexo salvar o estrago depois que a crise está instaurada.
“A proteção de investimentos não é feita em momentos como o que vivemos agora, em meio à pandemia, é um passo anterior. Para quem teve prejuízo, o momento é de apagar o incêndio e analisar o perfil de investidor. É hora dos conservadores saírem da Bolsa e dos arrojados avaliarem a relação risco versus retorno, com perspectivas de que em longo prazo a Bolsa voltará a subir”, orienta o economista.
Para profissionais de investimentos autônomos ou de instituições financeiras, o período turbulento exige uma relação mais próxima com o cliente para manter o perfil de investidor atualizado e fazer as alocações necessárias na carteira. “Com base no perfil o profissional tem segurança para fazer alocações assertivas, seja para defender a carteira dos investidores conservadores ou aumentar o risco para os mais arrojados, que podem aproveitar o momento de queda dos ativos”, avalia Fabio Louzada.
O especialista, que por mais de 10 anos atuou como assessor de investimentos na área de alta renda nos bancos Bradesco Prime, Santander Select, Citigold e Itaú Personnalité, alerta que o investidor deve ter uma reserva de emergência para usar em caso de imprevisto. “Para quem não tem, é hora de se desfazer de alguns ativos e aplicar o dinheiro em investimentos de baixa liquidez. Aos que perderam emprego e contam apenas com as economias durante a crise, o ideal é que não peguem créditos, a não ser que a necessidade seja muito grande. A crise passa, mas a dívida pode perdurar por muito tempo. É hora de economizar cada centavo para não se endividar”.
Confira outras recomendações do economista e CEO da Eu Me Banco, Fabio Louzada, para profissionais de investimentos e investidores colocarem em prática em tempos de grande oscilação no mercado.
Como avaliar se é preciso mudar a composição da carteira de investimentos para não perder dinheiro durante a pandemia?
Entender o perfil de investidor é a chave para saber se é preciso mudar a composição da carteira. Se o investidor está desconfortável com a oscilação da Bolsa, é hora de diminuir o capital em renda variável e partir para um fundo de renda fixa mais conservador. Se o investidor aguenta oscilações, deve entender que todas as ações de empresas boas e ruins perderam valor. Cabe avaliar se a empresa não perdeu os fundamentos por conta da crise, se tem potencial para voltar a crescer. Se os fundamentos se foram, é uma boa hora para fazer mudanças na carteira de investimentos.
Existe uma fórmula segura para diversificar a carteira em momentos de crise?
Infelizmente não. A única forma de eliminar quase todo o risco da carteira é fazendo 100% das aplicações em uma Letra Financeira do Tesouro (LFT), como Tesouro Selic ou Renda Fixa Simples. Haverá risco em qualquer outro investimento, seja de mercado, de crédito ou de liquidez. Quem busca retornos mais atrativos deve estar ciente de que o risco aumentará cada vez mais.
O risco de entrar na Bolsa de Valores é maior ou menor do que era no início de 2020?
O risco é menor se o foco do investidor for longo prazo, já que no curto prazo a previsão de quedas persiste. Ao entrar na Bolsa agora, com 80 mil pontos, o potencial de alta é muito maior do que com 120 mil pontos.
Tesouro Selic ainda é a melhor opção para aplicar a reserva de emergência?
Sim, com certeza. Indico também como boa opção os fundos de investimento em renda fixa.
Considerando o cenário atual, existem segmentos de empresas a serem evitados na Bolsa numa recomendação de investimentos?
Sim. O setor aéreo foi o mais afetado, é hora de ficar de fora. Por outro lado, o setor de turismo poderá se sair melhor, já que o custo fixo é muito menor do que o das empresas aéreas.
Aplicar em dólar ou ouro, por exemplo, é pertinente neste momento?
Em tempos de estabilidade, é interessante ter dólar na carteira para se proteger, mas neste momento o dólar e o ouro subiram muito. Seria pertinente se a aplicação tivesse sido feita antes da crise.
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