*Eduardo Lopes
Ao contratar uma consultoria de segurança cibernética, muitas empresas se concentram nas respostas que recebem. No entanto, gostaria de ressaltar que o verdadeiro indicador de um bom parceiro está nas perguntas que ele faz. Uma consultoria eficiente não deve apenas apresentar soluções prontas, mas sim entender profundamente o ambiente, os desafios e as necessidades específicas do negócio.
A função de uma consultoria vai além da implementação de ferramentas ou da aplicação de soluções que estão sendo utilizadas por todos. Ela deve atuar como uma extensão da equipe interna, ajudando a empresa a mapear vulnerabilidades, otimizar estratégias e fortalecer a segurança de forma contínua. Para isso, perguntas bem formuladas são essenciais, pois revelam a capacidade do consultor de diagnosticar problemas antes mesmo de propor soluções.
Imagine que você está contratando um profissional para sua equipe de cibersegurança. O candidato responde tecnicamente a todas as suas perguntas, mas, ao final, não faz nenhum questionamento sobre o ambiente, os desafios ou as expectativas da empresa. Isso geraria dúvidas sobre o real interesse dele no cargo, certo?
Da mesma forma, uma boa consultoria deve ir além da execução técnica e demonstrar interesse genuíno pelo contexto em que irá atuar. Questões como: “Quais desafios de segurança vocês enfrentaram recentemente?”, “Que tipo de incidentes já impactaram a operação?” ou “Como está estruturado o monitoramento atual?” são exemplos de abordagens que demonstram preocupação com a estratégia e com a construção de um plano eficaz.
Recentemente, um cliente exigiu uma prova de conceito (PoC) de 20 dias para avaliar a eficácia de um SOC (Security Operations Center). Embora esse tipo de teste possa demonstrar alguns resultados iniciais, ele raramente reflete a real capacidade de um SOC a longo prazo. Em poucas semanas, é possível mostrar eficiência operacional, mas elementos cruciais como melhoria de processos, aprendizado na redução de falsos positivos e fortalecimento da equipe do cliente só são percebidos com um envolvimento de longo prazo.
Tomar decisões baseadas apenas em um curto período de testes pode resultar em escolhas erradas. O ideal é avaliar como a consultoria propõe a evolução do ambiente de segurança e quais métricas de sucesso são levadas em consideração ao longo do tempo.
Mais do que buscar soluções imediatas, as empresas precisam investir em parceiros que ofereçam uma visão holística da segurança cibernética. Isso significa analisar não apenas ferramentas e processos, mas também questões financeiras, operacionais e estratégicas que impactam a proteção de dados e ativos.
Da próxima vez que você estiver avaliando uma consultoria, um serviço de SOC ou mesmo um novo membro para sua equipe, reflita: quais foram as perguntas que eles fizeram? Porque, no fim das contas, as melhores respostas começam sempre com as perguntas certas.
*Eduardo Lopes é CEO da Redbelt Security