Como a inteligência artificial pode ser um aliado poderoso na resposta a incidentes de cibersegurança

Como a inteligência artificial pode ser um aliado poderoso na resposta a incidentes de cibersegurança

*Leonel Conti e Marcela Gonçalves

Vivemos em uma era digital em que a segurança cibernética não é mais uma vantagem, mas uma necessidade. Com a expansão das ameaças e o aumento das expectativas de proteção, a inteligência artificial (IA) se transformou em uma aliada essencial, mudando a maneira como incidentes são monitorados, interpretados e respondidos. Não se trata apenas de tornar os processos mais rápidos; a IA já oferece uma abordagem mais estratégica e precisa para a cibersegurança, possibilitando que as empresas fortaleçam suas defesas e respondam a incidentes com mais eficácia.

O verdadeiro poder da IA na cibersegurança está em sua capacidade de processar e analisar grandes volumes de dados em tempo real. Ferramentas de IA podem identificar padrões sutis que um humano, por mais experiente que seja, poderia facilmente ignorar, especialmente quando a pressão e o volume de alertas aumentam. A IA utiliza aprendizado de máquina (ML) e aprendizado profundo (DL) para não apenas detectar ameaças, mas também aprender com cada incidente, refinando continuamente suas respostas. Isso cria um sistema dinâmico e adaptável, essencial em um cenário de ameaças em constante evolução.

A relevância desse avanço é evidente: em 2021, o mercado global de produtos de segurança cibernética baseados em IA foi avaliado em aproximadamente US$ 15 bilhões, com previsão de atingir US$ 135 bilhões até 2030, segundo a Acumen Research and Consulting. Esse crescimento reflete a demanda por respostas em tempo real e pela redução da intervenção manual, especialmente entre grandes empresas. A aplicação da IA na cibersegurança traz enormes vantagens, mas sua adoção pode representar um desafio para organizações menores, que frequentemente lidam com restrições de recursos.

Entre as inovações mais promissoras está o uso de assistentes virtuais com IA que guiam os analistas na interpretação de alarmes, sugerem ações prioritárias e até mesmo indicam correções com base em classificações precisas. Esse tipo de assistente pode melhorar a eficiência operacional e economizar tempo, proporcionando uma defesa mais forte e inteligente para o ambiente. Em vez de sobrecarregar os analistas com alertas, a IA filtra e prioriza o que realmente importa, oferecendo uma análise contextualizada e adaptada ao alarme ou incidente em questão.

Outro avanço importante é o uso de runbooks automatizados orientados por IA. Esses runbooks são guias passo a passo que descrevem as ações necessárias para lidar com problemas específicos. Com a inteligência artificial, eles se tornam adaptáveis e se ajustam automaticamente à situação, aumentando a precisão e a agilidade na resposta a incidentes. Isso permite que os analistas sigam orientações inteligentes sem precisar reavaliar o cenário a cada nova ameaça, o que reduz o tempo de resposta e minimiza a chance de erros humanos — aspectos essenciais em situações críticas.

Além da velocidade e eficiência, a IA também é capaz de simplificar dados técnicos complexos e transformá-los em insights claros para a gestão. Plataformas de IA identificam vulnerabilidades reais para o negócio, traduzindo informações técnicas em dados acionáveis. Isso ajuda as empresas a enxergarem suas fraquezas mais críticas e a priorizarem ações que protegem o que realmente importa. Com essa visão ampla e contextualizada, gestores e líderes de segurança podem tomar decisões estratégicas de forma mais rápida e informada.

O futuro da cibersegurança parece promissor, com tecnologias de IA cada vez mais intuitivas e proativas. IA explicável, em que os algoritmos justificam suas decisões, é essencial para que os analistas confiem nas ações automáticas e façam ajustes quando necessário. Essa transparência fortalece a parceria entre humanos e máquinas, permitindo que a IA não apenas automatize tarefas repetitivas, mas também complemente a inteligência humana de maneira estratégica e adaptável.

Mesmo com a automação, o papel do analista de segurança está longe de desaparecer. Com a IA assumindo tarefas repetitivas, os analistas ganham mais tempo para focar em atividades de alto impacto, como análise de ameaças complexas e interpretação de padrões anômalos que exigem um olhar humano. A IA, portanto, potencializa o talento humano, fornecendo insights e orientações que tornam o trabalho do analista mais estratégico e menos suscetível a erros causados por sobrecarga de informações.

Diante desse cenário, podemos afirmar que a sinergia entre humanos e IA está moldando uma nova era na cibersegurança. Ao cuidar do processamento de dados e da execução de respostas rápidas, a IA libera os profissionais para se concentrarem em ações estratégicas e decisões críticas. Esse equilíbrio entre automação e inteligência humana não é apenas desejável, mas essencial para uma cibersegurança proativa e resiliente.

À medida que as ameaças se tornam mais sofisticadas, as soluções de segurança precisam evoluir e se adaptar de maneira contínua, e a IA representa um passo significativo nessa direção. Ao investir em tecnologias de IA que otimizam a resposta a incidentes, as empresas não estão apenas protegendo seu presente; estão preparando o terreno para um futuro em que segurança e inovação andam lado a lado.

Leonel Conti é Diretor de tecnologia e Marcela Gonçalves é Coordenadora de P&D da Redbelt Security.