Apicultura: Guia de Boas Práticas

Apicultura: Guia de Boas Práticas

Garantir a qualidade na produção de mel começa muito antes da colheita e continua até o processamento final.

No Brasil, são cerca de 350 mil apicultores, mas apenas uma centena de unidades de processamento de mel são devidamente registradas. Isso aumenta a preocupação com a qualidade do mel produzido, especialmente considerando que o mel brasileiro é reconhecido e valorizado internacionalmente.

Este guia vai te mostrar as principais boas práticas apícolas, ajudando a manter a qualidade do mel e garantir sua segurança para o consumidor, desde o manejo das colmeias até a extração e pós-colheita.

Boas práticas apícolas: o que são?

As Boas Práticas Apícolas (BPA) envolvem a aplicação de princípios higiênicos e sanitários em todo o processo produtivo, garantindo que todos os procedimentos sejam devidamente registrados e aplicados. Isso assegura melhorias na qualidade, segurança e produtividade do mel.

Implementar essas práticas pode fazer toda a diferença no aumento da renda dos apicultores, além de abrir portas para mercados mais exigentes, tanto nacional quanto internacionalmente.

Como aumentar a produtividade no apiário

A adoção de boas práticas não só melhora a qualidade do mel, mas também contribui para aumentar a produtividade. Aqui estão algumas dicas práticas para otimizar a produção:

  • Planeje o manejo anual: Defina uma programação de manejos e siga-a à risca.
  • Prepare as colmeias antes da florada: Isso maximiza a capacidade produtiva.
  • Troque as rainhas anualmente: Optar por rainhas selecionadas aumenta a força das colmeias.
  • Alimente suplementarmente antes da florada: Comece a suplementação 50 dias antes do início da florada.
  • Monitore o espaço das colmeias: Ampliar o espaço é crucial para evitar que as colmeias enxameiem.
  • Revisão periódica das colmeias: Durante a florada, faça revisões rápidas a cada sete dias.
  • Mantenha registros: Acompanhe a produção por apiário, e não por colmeia. Use fotos e vídeos para documentar o comportamento das abelhas.

A coleta deve ser feita preferencialmente em dias ensolarados, e as melgueiras nunca devem ser colocadas diretamente no chão. Garanta que os favos coletados tenham pelo menos 80% da área operculada, sem a presença de crias e pólen.

Higiene: ponto fundamental

A limpeza adequada de todos os materiais e estruturas usadas no apiário é essencial para garantir a qualidade do mel. Aqui estão algumas recomendações:

  • Limpeza dos equipamentos: Faça uma pré-lavagem com água corrente. Depois, use sabão neutro e esponja, enxaguando com água tratada. Finalize com uma solução de água sanitária (5 ml de água sanitária para 1 L de água), enxaguando novamente.
  • Higienização pessoal: Todos os colaboradores devem estar em boa saúde. Pessoas com gripe ou infecções não devem participar da coleta ou manipulação do mel. O uso de uniformes claros e limpos, preferencialmente brancos, é obrigatório. O uso de toucas e máscaras ajuda a evitar contaminações, e em certos casos, o uso de luvas também é recomendado.

Manter hábitos higiênicos rigorosos é essencial para garantir que o mel não seja contaminado e que o produto final atenda aos padrões de qualidade.

Casa do mel: a estrutura correta

A Unidade de Extração dos Produtos das Abelhas (UEPA), mais conhecida como “Casa do Mel”, é o local onde o mel é extraído, centrifugado, peneirado e decantado para remover impurezas. Esse processo deve seguir rigorosamente as normas sanitárias, garantindo que o produto final seja de alta qualidade.

No entreposto, o mel é beneficiado, passando por etapas de homogeneização, descristalização e retirada do excesso de umidade. Cada uma dessas etapas contribui para melhorar o padrão do mel, tanto em termos de cor, aroma quanto de sabor.

Controle de qualidade e certificações

Manter um controle histórico da produção é fundamental. O “caderno de campo” é uma ferramenta simples e eficiente para registrar todo o processo produtivo. Esse registro é especialmente importante para atender às exigências da União Europeia, onde é necessário provar a aplicação das Boas Práticas Apícolas e o controle de pontos críticos desde o campo até o entreposto.

Ao seguir essas práticas, o apicultor está apto a solicitar o Selo de Inspeção Federal (SIF), emitido pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA). Esse selo garante a qualidade dos produtos apícolas, além de permitir a exportação para outros mercados.

Se você já tem um apiário ou está pensando em iniciar na apicultura, implementar as Boas Práticas Apícolas é essencial para otimizar sua produção e garantir a qualidade do seu mel. Quanto mais práticas você conseguir aplicar no dia a dia do seu apiário, maiores serão as chances de sucesso.

Além disso, manter-se atualizado com cursos, palestras e eventos voltados para o setor apícola é uma maneira eficiente de melhorar continuamente sua produção. Investir em conhecimento e boas práticas é o caminho para uma apicultura sustentável e rentável.

Se está buscando melhorar seus resultados, não perca a oportunidade de implementar essas práticas no seu apiário e conquistar mais espaço no mercado, seja no Brasil ou no exterior.