A menopausa é uma fase da vida que marca uma transição significativa para as mulheres, mas também é um momento de grande impacto no corpo e na saúde emocional. Durante essa etapa, muitas mulheres enfrentam sintomas intensos como ondas de calor, alterações de humor, fadiga e secura vaginal, que podem afetar a qualidade de vida. Para muitas, a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) se apresenta como uma opção para amenizar esses sintomas e restaurar o equilíbrio hormonal perdido com a diminuição da produção de estrogênio e progesterona pelos ovários.
Como médica especialista em ginecologia integrativa e saúde hormonal feminina, é meu papel esclarecer a importância da TRH, que, quando feita de maneira adequada e individualizada, pode ser um verdadeiro aliado para as mulheres durante a menopausa. No entanto, existem diversos mitos e objeções que cercam essa terapia, e é essencial desmistificar esses pontos para garantir que as mulheres tenham acesso às melhores opções de tratamento e possam tomar decisões informadas.
A TRH: Uma Necessidade Individualizada
Primeiramente, é importante ressaltar que cada mulher é única. O que funciona para uma pode não ser ideal para outra, e, por isso, a terapia de reposição hormonal deve ser altamente personalizada. A individualização da TRH leva em consideração a saúde geral da paciente, o histórico médico, os sintomas que ela apresenta e suas preferências pessoais.
O objetivo da TRH não é apenas aliviar os sintomas, mas também preservar a saúde a longo prazo, prevenindo doenças relacionadas à deficiência hormonal, como osteoporose e sarcopenia, doenças cardiovasculares, prevenção de vários tipos de cânceres, bem como de diabetes e hipertensão, proteção da saúde cerebral, melhora de quadros de depressão e ansiedade, além de melhorar o sono e a disposição física. Quando aplicada corretamente, a reposição hormonal pode melhorar o bem-estar físico, emocional e sexual da mulher, promovendo um envelhecimento mais saudável e com mais qualidade de vida.
Desmistificando as Principais Objeções à TRH
Apesar dos benefícios comprovados, muitas mulheres ainda têm receio de iniciar a TRH devido a algumas objeções comuns. Vamos entender melhor essas preocupações e como elas podem ser abordadas.
1. Medo de Câncer ou Riscos à Saúde
Uma das principais objeções à TRH é o medo de que o uso de hormônios possa aumentar o risco de câncer, especialmente o câncer de mama. De fato, estudos mais antigos levantaram preocupações sobre a relação entre a TRH e o aumento do risco de câncer, mas os dados mais recentes demonstram que, quando utilizada de forma individualizada e com a escolha correta dos hormônios, os riscos são mínimos. A chave está em selecionar a terapia hormonal mais apropriada, considerando o histórico da paciente e o tipo de hormônio utilizado.
Os hormônios como o estradiol (um tipo de estrogênio) e a testosterona, quando administrados adequadamente, podem proporcionar benefícios sem comprometer a saúde. Além disso, as vias de administração mais modernas, como o gel transdérmico e o adesivo transdérmico, oferecem uma alternativa mais segura e eficaz, com menor risco de efeitos adversos ao fígado e menor risco de trombose, comparado às formas orais.
2. Efeitos Colaterais
Outro ponto que gera preocupação são os potenciais efeitos colaterais da TRH, como ganho de peso, retenção de líquidos e alteração de humor. No entanto, é fundamental que a terapia seja personalizada para a paciente, utilizando os hormônios em doses adequadas. A escolha da via de administração também é crucial: por exemplo, o gel transdérmico e o adesivo transdérmico têm menos chances de causar efeitos colaterais indesejados, pois evitam o metabolismo hepático, algo que ocorre com o uso de hormônios orais.
Com um acompanhamento médico adequado, os efeitos colaterais podem ser minimizados ou até mesmo evitados, permitindo que a paciente desfrute de todos os benefícios da TRH sem sofrer com desconfortos.
3. Dependência e Tempo/Praticidade
Algumas mulheres têm receio de que a TRH seja algo a longo prazo e que envolva uma dependência de hormônios, além de se preocupar com a prática diária de aplicação. É importante entender que a TRH não implica uma dependência no sentido tradicional, mas sim uma reposição do que o corpo deixou de produzir naturalmente. A decisão sobre o tempo de uso da terapia deve ser discutida de forma cuidadosa entre a paciente e o médico, levando em consideração a saúde geral, os sintomas e as preferências.
Os Principais Hormônios na Reposição Hormonal
Na terapia de reposição hormonal, os principais hormônios a serem repostos são o estradiol, a principal forma de estrogênio no corpo feminino, e a testosterona, que também desempenha um papel importante na libido, na energia e na saúde óssea. Esses hormônios podem ser administrados de forma individual ou em combinação, dependendo das necessidades específicas da paciente.
O estradiol é essencial para aliviar sintomas típicos da menopausa, como ondas de calor, secura vaginal e mudanças de humor. A testosterona, por sua vez, é fundamental para restaurar a libido e aumentar a sensação de bem-estar e energia, que muitas vezes são afetados pela queda hormonal.
Vias de Administração Seguras e Eficazes
As vias de administração mais seguras e eficazes para a TRH incluem:
- Gel Transdérmico: Aplicado na pele, o gel permite uma liberação gradual do hormônio, evitando o metabolismo hepático e proporcionando uma absorção mais eficiente.
- Adesivo Transdérmico: Usado de forma prática e discreta, o adesivo libera os hormônios de forma constante, com a vantagem de ser reaplicado a cada poucos dias, o que facilita a adesão ao tratamento.
- Implantes Subcutâneos: Com a aplicação de pequenos implantes hormonais, essa opção oferece uma liberação contínua e sem a necessidade de reposições frequentes, sendo uma excelente opção para quem busca praticidade e durabilidade.
Conclusão
A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) pode ser uma solução eficaz e segura para muitas mulheres na menopausa, melhorando a qualidade de vida e prevenindo complicações a longo prazo. Quando feita de forma personalizada e acompanhada por um médico especializado, a TRH pode aliviar sintomas e restaurar o equilíbrio hormonal, sem os riscos ou efeitos colaterais frequentemente associados aos tratamentos antigos.
Não existe uma “tamanho único” para todas as mulheres, e a chave para o sucesso é a individualização da terapia. Quebrar os mitos e as objeções em torno da TRH é fundamental para que mais mulheres possam desfrutar dos benefícios dessa abordagem, com segurança, praticidade e resultados duradouros.
