*Leonel Conti
As notícias mais recentes relacionadas à tecnologia quântica tornou uma parcela da sociedade bastante otimista com os possíveis avanços que essa inovação trará para a sociedade de maneira geral. No entanto, o debate sobre os seus riscos não teve a mesma profundidade, levando preocupação aos profissionais de Tecnologia e Segurança da Informação, já que o seu uso para fins ilícitos pode comprometer toda uma cadeia de dados. Estaria, então, a segurança das criptomoedas com os dias contados?
De fato, é bem provável que a tecnologia quântica permitirá que computadores resolvam problemas significativos em escala industrial em anos, não décadas, mas é igualmente possível que, se essa tecnologia cair em “mãos erradas”, ela crie desafios a nível global, numa escala sem precedentes.
Explico: os processadores que conhecemos atualmente possuem uma certa velocidade para fazer cálculos matemáticos, e usá-los para decifrar códigos pode levar anos. Já a tecnologia quântica – que vai otimizar ainda mais o potencial da Inteligência Artificial (IA) – pode interpretar essas chaves em segundos.
Com uma metodologia de fazer cálculos que um processador convencional é incapaz de fazer, a tecnologia quântica pode colocar em xeque os modelos de criptografia mais utilizados do mundo, inclusive as usadas para transações financeiras. Ou seja, a sua criptomoeda – teoricamente protegida dentro de uma carteira digital – se torna ameaçada!
Atualmente, testemunhamos ataques cibernéticos crescendo em volume e sofisticação – em função da IA – gerando trilhões de dólares em prejuízo por ano em empresas que não possuem condições financeiras de investir em mecanismos de proteção suficientes para conter essa massa de ciberataques. Com a tecnologia quântica, esse potencial tende a ser ainda mais devastador.
É claro que existe, sim, uma parcela da sociedade consciente e preocupada com os riscos dessa nova tecnologia. Não é à toa que já há organizações estudando e desenvolvendo novos modelos de Criptografia Pós-Quântico (PQCrypto) a fim de se antecipar aos riscos iminentes.
Por isso, é imprescindível que as empresas não tardem a se informar sobre o tema e considerar as possibilidades viáveis já existentes para proteger dados, informações e demais bens que se encontram no universo digital, incluindo as criptomoedas.
A considerar que a evolução digital se dá a níveis cada vez mais rápidos, o quanto antes começarmos a nos proteger, melhor. Afinal, com a atual competitividade tecnológica – seja entre empresas ou países -, a tecnologia quântica pode estar ao nosso alcance bem antes do que imaginamos.
*Leonel Conti é diretor de Tecnologia da Redbelt Security
