A grande mudança para este século sem dúvida será o desafio da humanidade em viver em cooperação. De certa forma isso parece muito simples, muito fácil, porque não dizer até banal. Infelizmente não é, porque para cooperar é preciso fundamentalmente abrir mão da idéia de exclusão pela idéia de inclusão.
Certo ou errado? Bonito ou feio? Torto ou reto? E porque não dizer fumantes e não fumantes? Espiritualistas e Materialistas? Socialistas e Neoliberalistas? Afins e não afins? Quanto mais reforçamos e valorizamos os dualismos, puxando cada um a lenha para o seu assado, mais pioramos a reflexão de um mundo que possa conviver pacificamente com suas diferenças e se coopere mutuamente. Invariavelmente não buscamos auxiliar quem age diferente de nós, a idéia é sempre punitiva e discriminatória. “Os bons são premiados e os maus punidos sem qualquer exame da verdadeira complexidade da trama causal” (James O’dea|Você nasceu para um tempo como este).
Cooperar não é achar culpados, não é bang-bang italiano que têm bandidos e mocinhos. Muito menos uma coisa de causa e efeito, disso tem que dar naquilo, para que eu mantenha as minhas condições de poder e status quo. A idéia de cooperar é mais transformacional e menos pontual. Cooperar é servir e quando servimos estamos nos curando e curando o outro. A idéia de cooperar não nos exime da doença, não nos coloca no vitrô como observadores, não é uma questão de médico e paciente. A idéia de cooperar é o entendimento de que todo mundo em algum lugar é paciente e isso não é menor. Na idéia de cooperar não existe maior e menor, todos são iguais.
Há uma parte da sociedade que é hipocondríaca e teremos que dar um jeito nisso. Teremos que dar um jeito naquele que só quer o remédio, que quer tudo mastigado, que quer sobre a sua mesa o café e a água mineral com gás. Num lugar onde não há certo e errado, somos todos aprendizes, um mundo melhor não se faz de mestres, aprendizes é que desejam voar. “Quando chegará o dia em que uma das qualificações primárias para a liderança e o serviço público será a capacidade de curar, de se engajar em diálogos reconciliatórios profundos, que demonstrem habilidade genuína para se mover da inimizade para a colaboração e realização de objetivos comuns? (James O’dea|Você nasceu para um tempo como este).
Não nos expomos por medo, mas não nos expomos mesmo por preguiça. Preguiça do compromisso, do que representa experimentar a cura do outro a partir da nossa própria cura. É mais fácil pensar que no trabalho devemos lidar só com os problemas do trabalho e que não devemos trazer tema para fazer em casa escritório. Temos uma profunda inclinação pela separatibilidade: que o clube é o clube, o templo é o templo. O futebol é o futebol e a menina que veio de longe fazer nossas unhas não tem sonhos. Inclusão é avessa a separatibilidade. Por isso que cooperar não é fácil, é por inteiro e não pela metade. Temos sido treinados para excluir. Tem se espalhado por aí que devemos ser focado, quando por todo o planeta a evolução é sempre um conhecimento em expansão. Não restringe, se prolonga.
A cegueira não é o abismo quando outros olhos podem nos auxiliar a encontrar o caminho. Mas a visão pode levar muitos para o abismo quando as retinas estão embaçadas pela falta de amor. No fim o amor é o início para tudo. Como nos ensinou Tagore, “amar é servir”.
Autor: Paulo Ricardo Silva Ferreira – Educador Facilitador. Presidente do Instituto Eckart Desenvolvimento Humano e Organizacional. Doutorando em Ciências Empresariais pela Universidade de Leon/Espanha, administrador de empresas, curso de psicologia, pós-graduado em administração hospitalar.
Redator: Sander Machado – Profissional de comunicação, redator. Coordenador do Núcleo Celebração do Instituto Eckart. Diretor Criativo da ILê Comunicação.