ONG constrói escola com 2,5 milhões de embalagens plásticas

ONG constrói escola com 2,5 milhões de embalagens plásticas

Uma construção no Parque São Rafael, na Zona Leste de São Paulo (SP), mobilizou mais de 600 voluntários e demandou materiais como madeira reflorestada, chapas e telhas ecológicas – feitas com 2,5 milhões de embalagens plásticas -, além de caixas de leite recicladas. Como resultado, a metrópole ganhou a sua primeira escola construída de maneira totalmente sustentável.

Segundo informações da ONG Mangalô, responsável pela ação, ao utilizar madeira de reflorestamento, o projeto garantiu uma estrutura 100% renovável. Além disso, foi empregada tecnologia para transformar caixas de leite, canudos, tubos de pasta de dente e outras embalagens em produtos impermeáveis, de alta resistência e durabilidade, que foram utilizados nos revestimentos, conforme publicado pelo site Pensamento Verde.

A organização relata que as chapas e telhas ecológicas utilizadas na construção possuem alumínio em sua composição, elemento capaz de refletir raios ultravioleta, proporcionando conforto térmico às construções. Dessa forma, segundo a ONG, há uma diminuição no consumo da energia elétrica.

Ao todo, a entidade estima que o projeto sustentável gerou 95% menos resíduos, emitiu 90% menos CO2, usou 90% menos água e produziu 95% menos resíduos em comparação à construção civil tradicional.

Segundo Fernando Teles, fundador da ONG Mangalô, em entrevista ao Pensamento Verde, o “woodframe” sustentável também permite que os projetos de construção sejam feitos de forma mais ágil e com um custo reduzido: a agilidade fica em torno de 60% a 70% mais rápida, dependendo do projeto, enquanto que o custo total varia de 30 a 70% mais barato em relação à alvenaria.

“Se espalhássemos o método para todo o país, reduziríamos o déficit habitacional. Estamos ‘presos’ à alvenaria, que é poluente, cara e de difícil execução”, afirma. “A escola demonstra o quanto uma comunidade pode se beneficiar quando boas intenções, inovação e sustentabilidade se juntam em projetos de construção civil, servindo de inspiração para iniciativas similares”, complementa.

Rafael Juen, Head do Technical Center São Paulo da BrasALPLA, avalia de forma positiva a iniciativa da ONG que construiu a escola em uma área carente da capital paulista, utilizando 2,5 milhões de embalagens plásticas e caixas de leite recicladas.

“Cada vez mais, as ONGs vêm aplicando iniciativas de reciclagem de materiais descartáveis e madeira de reflorestamento. Também é importante que as prefeituras e os governos estadual e federal apoiem essas iniciativas e desenvolvam PLs (Projetos de Lei) para regulamentar os processos”, afirma.

Um novo olhar sobre o plástico

Para Juen, porém, boas intenções por parte de pequenos nichos da sociedade não bastam. “A reciclagem é um dever de todos os cidadãos e de respeito para com as próximas gerações. Além do mais, a reciclagem mostra como o uso do plástico pode ser melhor repensado, desfazendo o estereótipo de ‘vilão’”, afirma.

Ele destaca que o plástico, desde que não seja misturado com produtos não recicláveis, é um material versátil e que pode ser usado inúmeras vezes para o mesmo fim. “Nossa filosofia é que cada produto fabricado em plástico não seja misturado com materiais não recicláveis para que, dessa forma, uma garrafa ou uma tampa de plástico possa ser reciclada, e que volte a se fazer novamente uma nova garrafa ou uma tampa”.

Na visão de Juen, esse é o circuito ecológico ideal, pois mantém o plástico sempre como material não contaminante. “A ideia é que uma e outra vez o plástico volte a ser um material reutilizável. Para garantir um futuro melhor para todos, os governos poderiam implementar a ecologia e a sustentabilidade como matéria obrigatória, tanto no ensino fundamental e médio, como no superior”.

Para o Head do Technical Center São Paulo da BrasALPLA, não bastam boas práticas para manter o planeta sustentável. “Todos precisam aprender, desde crianças, o que fazer para conviver de forma sustentável e sem agredir o meio ambiente”, conclui Juen.

Para mais informações, basta acessar: https://repense.eco.br/