As vendas do e-commerce no Brasil no ano passado cresceram 27% para R$ 182,7 bilhões na comparação com 2020, impulsionado pelo forte desempenho das categorias de alimentos e bebidas e produtos de giro rápido (FMCG, na sigla em inglês). A informação consta do Webshoppers 45 elaborado pela NielsenIQ|Ebit em parceria com a Bexs Pay.
“O e-commerce atinge uma marca expressiva de vendas, resultado direto da maior penetração em todo o país e da opção do brasileiro pela facilidade da compra pelo ambiente digital”, afirmou o head de e-commerce da NielsenIQ|Ebit, Marcelo Osanai. “Cada vez o consumidor usa a internet para se abastecer de alimentos, bebidas, produtos de higiene pessoal, ou seja, esses produtos de baixo custo e alto giro”, acrescentou.
O crescimento das vendas no ambiente online foi acompanhado de um número expressivo de novos consumidores. Foram 12,9 milhões de brasileiros que compraram pela primeira vez no ano passado, elevando o total para 87,7 milhões de consumidores. O ticket médio geral das vendas ficou em R$ 441, 4% maior que em 2020. Já os novos entrantes gastaram um valor médio levemente superior, R$ 454 reais.
O e-commerce cross-border, aquele realizado com lojas online de outros países, apresentou um crescimento expressivo em 2021, acima do total geral do mercado brasileiro. Em relação a 2020, houve um aumento de 60% no faturamento, alcançando R$ 36,2 bilhões. Para Luiz Henrique Didier Jr., CEO da Bexs Pay, os dados mostram o desejo dos brasileiros de consumir produtos estrangeiros. “Existem oportunidades de compra e diversidade de itens considerando lojas online do mundo inteiro e o brasileiro quer aproveitar o que há de bom fora do país. A facilidade de poder pagar com métodos locais, como o Pix e o boleto, tem incrementado o interesse pelas compras internacionais online. A expectativa é que esse volume cresça ainda mais nos próximos anos”, afirma.
O destaque de 2021 foi a categoria de Alimentos e Bebidas, que registrou aumento no volume de pedidos de 107% sobre o ano anterior, bem superior do que o restante do espectro do e-commerce. Por exemplo, bem à frente das categorias de Bebê & Cia (34%), Construção & Ferramentas (31%) e Informática (24%).
No entanto, como produtos alimentícios e bebidas têm um valor menor, a contribuição geral para o faturamento do e-commerce é reduzida, apenas 2%, número igual ao de 2020. O principal motor do volume de vendas ainda são as categorias de Eletrodomésticos (21%), Telefonia (20%), Casa e Decoração (11%) e Informática (10%).
“O e-commerce ainda é associado a eletrônicos, celular e eletrodomésticos, mas a grande movimentação mesmo está ocorrendo nos alimentos e bebidas. Esse é um hábito que se consolidou em 2021: o brasileiro fazendo nas plataformas digitais suas compras de mercado para se abastecer”, afirmou Osanai.
Produtos vendidos em mercados, por exemplo, tiveram alta expressiva no e-commerce, acelerando para 41,1% superior ao ano passado, contra 17,2% em 2020 sobre 2019. Na parte de alimentos, a maior expansão nas vendas foi de Hortifrutigranjeiros (119,4%), Sobremesas & Confeitaria (50,8%), Bomboniere (48,9%), Matinais (29,2%) e Mercearia (22,7%).
Como o consumidor está mais conectado e com o dispositivo móvel à mão, a importância do mobile cresceu. Dispositivos móveis intensificam presença no e-commerce em 2021, totalizando 59% de todos os pedidos, ou 239,6 milhões do total. Das vendas, 53% ocorreram através desses dispositivos, ou R$95,4 bilhões, alta de 32% em relação a 2020.
“No ano passado, o celular se tornou o principal meio de compras do brasileiro. Com o celular na mão é muito simples fazer compras de supermercado, medicamentos, roupas, artigos de casa e decoração, por exemplo”, citou o executivo da NielsenIQ|Ebit.
As empresas também estão oferecendo mais facilidade para os usuários, tanto que o frete grátis é uma ferramenta potente de atração. O Webshoppers 45 indica que o número de pedidos sem custo de envio aumentou em 10 pontos, chegando a 47% do total de 2021.
O recorte por regiões mostra a consolidação do movimento que se iniciou em 2020: a importância das vendas em todas as regiões do país. O Norte lidera a participação de consumo, com 31% do total de vendas no país, seguido por Sul (29%), Centro Oeste (27%), Nordeste (23%) e Sudeste (21%).