A governança é o conjunto de práticas e processos que visam orientar e controlar a administração de uma empresa, com o objetivo de garantir a sua transparência, eficácia, sustentabilidade e responsabilidade social. As empresas que possuem um bom sistema de gestão têm mais chances de obter investimentos, aumentar sua produtividade e construir uma base sólida para a expansão de seus negócios. A pesquisa “Jornada da Confiança”, realizada pela PwC Brasil em parceria com a Liga Ventures, revela a maturidade das empresas em relação às expectativas dos investidores em termos de governança corporativa.
De acordo com o State of Venture Q3’22 Report (CB Insights), que avaliou as startups em cada fase de sua jornada (Ideação, Validação, Tração e Escala), essas empresas movimentaram cerca de US$ 3 bilhões nos três primeiros trimestres de 2022. A pesquisa foi feita por meio do framework do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), onde foram entrevistados 169 empreendedores e 37 investidores. O estudo foi baseado em quatro fundamentos: estratégia e sociedade, pessoas e recursos, tecnologia e propriedade intelectual, bem como processos e accountability.
Segundo uma pesquisa conduzida pela Better Governance, a maioria das startups em crescimento no Brasil (conhecidas como “scale ups”) estão nos estágios iniciais de adoção de boas práticas de governança corporativa, representando 82,1% das empresas analisadas. Os estudos também mostram que a mortalidade das startups é alta no país, com apenas 25% delas sobrevivendo após 10 anos de existência, em média.
As informações divulgadas pela CB Insights apontam que cerca de 38% das startups fracassam devido à falta de investimentos, enquanto outras 35% enfrentam dificuldades como a falta de equipe capacitada, conflitos entre fundadores e investidores, além de outros fatores.
A empreendedora e presidente do conselho fiscal do Grupo Drexell, Cristina Boner, relata que nos últimos anos, o tema governança corporativa tem sido muito comentado devido ao crescimento das empresas, à expansão para novos ambientes e às novas maneiras de gerenciar as organizações.
“Esse modelo de governança corresponde a um conjunto de regulamentos que garante a todos da empresa que sigam processos adequados e sejam transparentes com as partes interessadas da organização. Afinal, com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, é necessário que exista uma gestão que seja transparente e demonstre confiança ao seu público”, salienta.
Segundo Boner, isso é importante em todos os aspectos que circulam no mundo da gestão empresarial, pois auxilia as organizações a ter um maior controle de seus riscos, garantindo assim a conformidade e melhorando o processo administrativo. “Dessa forma, o caminho para as empresas atingirem seus objetivos se torna mais claro, menos tortuoso e mais significativo”, considera.
Práticas de boa governança
De acordo com a presidente do conselho fiscal do Grupo Drexell, os quatro princípios básicos da boa governança (transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa) podem impactar de forma específica as startups. “A transparência é um componente essencial, pois é muito importante que as empresas sejam transparentes quanto à divulgação de seus dados e ações”, disse, acrescentando que as organizações devem disponibilizar quaisquer informações para suas partes interessadas, não apenas aquelas impostas por leis ou regulamentos.
Além disso, segundo Boner, é preciso respeitar também o sigilo e a proteção às estratégias da empresa. Dessa forma, é possível criar um vínculo de confiança e responsabilidade com seus colaboradores, fornecedores, clientes e sociedade. A empreendedora salienta que, para se ter uma administração transparente, é necessário ter responsabilidade e prestar contas quanto às tomadas de decisões. “É preciso ser capaz de lidar com as consequências e dar as devidas justificativas para os fatos que ocorrem na empresa, sejam eles positivos ou negativos”, avalia.
Boner destaca ainda que o princípio da equidade está relacionado como sua equipe deve ser tratada igualmente e de forma justa. “Isso independentemente do nível, função ou participação das pessoas dentro da empresa. Mas, em contrapartida, deve-se levar em consideração seus deveres, necessidades e direitos”, observa.
A empreendedora sugere que as empresas também levem em consideração e valorizem a sustentabilidade social e ambiental. “Isso inclui a responsabilidade financeira, a forma com que os colaboradores são tratados visando assim sua longevidade e a preservação do meio ambiente”, finaliza Boner.
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