O processo de acreditação em serviços de saúde, que consiste numa avaliação externa para verificar determinados padrões de qualidade e segurança, tem ganhado espaço no Brasil desde a virada para o século XXI. Trata-se de uma importante ferramenta de gestão que tem como objetivo principal garantir a melhoria contínua dos serviços de saúde e a segurança do paciente, como explica o gestor de produção e qualidade Ronaldo José Damaceno, da Acreditare Gestores. Ele detalha que a acreditação envolve uma avaliação rigorosa de vários aspectos da instituição de saúde, em um processo voluntário que serve para demonstrar o comprometimento da organização em fornecer bons serviços.
Atualmente, mais de 600 estabelecimentos de serviços de saúde já são acreditados no país, recebendo selos de qualidade nacionais e internacionais. Esse número, no entanto, representa apenas 6,5% de todos os serviços de saúde do Brasil. “Definitivamente, é um número baixo, que demonstra a fragilidade existente no mercado”, explica Ronaldo Damaceno.
Além de proporcionar mais segurança para os pacientes, o processo de acreditação pode trazer diversos benefícios às próprias empresas do setor de saúde. Ronaldo Damaceno conta que as empresas que mais crescem e que possuem os melhores desempenhos financeiros ou técnicos são justamente aquelas acreditadas. “No passado recente, as organizações viam a acreditação como diferencial. Porém, considerando o atual cenário do país, atualmente ela é uma necessidade”, diz Damaceno.
De acordo com ele, isso ocorre porque o processo de acreditação é capaz de fornecer uma visão mais ampla do negócio ao exigir o planejamento estratégico e o foco na gestão de processos. Damaceno destaca que a acreditação tem sido uma parceira importante das empresas na redução de despesas desnecessárias, tais como retrabalho para corrigir falhas decorrentes de desencontros de informações e insatisfação dos clientes. Além disso, o processo de acreditação também garante o funcionamento adequado de equipamentos e instrumentos por meio do planejamento de manutenções preventivas, o que permite que a estrutura da unidade de saúde esteja sempre em dia.
“Com toda a certeza, existe um custo inicial na acreditação, uma vez que são necessários ajustes físicos do estabelecimento, investimentos na capacitação da equipe e atualização das tecnologias utilizadas”, pondera o especialista. “Entretanto, tudo isso se faz necessário, uma vez que a cultura gerencial brasileira é imediatista e precisa mudar”, completa.
Após a acreditação, também diminui a chance de que a instituição de saúde seja alvo de processos judiciais, de acordo com Ronaldo Damaceno. Ainda segundo ele, os serviços acreditados também passam a desfrutar de maior prestígio diante das operadoras de planos de saúde, que têm inclusive cobrado indicadores de performance e desempenho dos seus prestadores. “As melhorias pós-acreditação são significativas e todos ganham: empresa, médico, paciente, plano de saúde, governo e sociedade como um todo”, explica o especialista.
Apesar de todos os benefícios citados, muitos gestores de serviços de saúde podem se perguntar se vale a pena investir em acreditação em meio à atual crise econômica. Para Ronaldo Damaceno, a acreditação pode ser, justamente, uma forte aliada para tempos difíceis, Isso porque ela ajuda a otimizar todos os processos da empresa e a prever riscos, o que torna as companhias acreditadas mais resilientes. “É hora de as empresas de serviços de saúde agirem, arregaçarem as mangas e se renovarem para satisfazer seus clientes”, conclui. “A acreditação tem se mostrado um barco seguro, capaz de suportar tempestades, mas ainda depende de comandantes com visão de futuro, ousados e obstinados em conseguir novos resultados”, afirma.