Tarifaço impacta logística brasileira, mas pode ser bom

Tarifaço impacta logística brasileira, mas pode ser bom

Empresas do mundo todo estão atentas ao cenário de tensão comercial que parece estar longe do fim, com os Estados Unidos impondo tarifas de até 145% sobre produtos chineses, e a China retaliando com taxas também elevadas, de 125%, sobre produtos americanos. No total, 185 países estão sendo impactados pelas tarifas comerciais anunciadas no início de abril pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O Brasil não escapou ileso e foi afetado com tarifação de 10% em alguns setores e 25% sobre o aço nacional, um dos principais materiais que o país exporta para os estadunidenses.

Mesmo que o Brasil tenha tido uma das menores taxas aplicadas, a reação na cadeia produtiva é real e impacta a logística brasileira. Na indústria automotiva, por exemplo, montadoras como a Stellantis, que é dona das marcas Chrysler, Jeep e Dodge, paralisou temporariamente (até o final de abril) a linha de produção de suas fábricas no México e no Canadá. A decisão também terá reflexos em plantas americanas que fornecem componentes para essas unidades.

Segundo o especialista em logística emergencial, Marcelo Zeferino, CCO da Prestex, a verdade é que a indústria como um todo ligou o sinal de alerta nas duas pontas: “Se de um lado, o maior parceiro para venda de produtos industrializados do Brasil são os EUA e com taxa de 10% deve-se perder em competitividade, do outro lado, está o maior concorrente da indústria brasileira que é a China, e que pode desviar sua produção para o Brasil, acirrando ainda mais a competição no mercado interno”, explica.

Ainda segundo ele, no meio desse “tabuleiro” estão as operadoras logísticas que transportam as cargas, componentes, peças, maquinários, grãos, medicamentos, roupas e bens de consumo. “O real impacto deste cenário só será mensurado quando os preços se estabilizarem. Nesse momento, a incerteza enfraquece a indústria e prejudica o mercado, que não sabe se precisa ser mais agressivo e fazer estoque ou esperar, contando com uma baixa das tarifas ali na frente”, destaca o executivo da Prestex.

Mas, para Marcelo Zeferino, é preciso ver o copo meio cheio e transformar a dificuldade em oportunidade. Ele lembra que no setor automotivo a China não tem fábrica no Brasil e a logística de peças, componentes, maquinário, a chamada logística de spare parts (gestão de peças de reposição) se tornará muito relevante. “Uma coisa é certa: o estoque será ainda mais just in time, demandando uma logística mais personalizada e assertiva, com alta performance, para que a cadeia tenha uma flexibilidade no atendimento. Algumas empresas americanas estão inclusive antecipando compras de produtos manufaturados do Brasil. As operadoras logísticas que estiverem preparadas para atender às demandas emergenciais, sairão na frente”, ressalta o CCO.

Especializada em logística emergencial B2B, há 22 anos no mercado, a Prestex atende todos os segmentos e acompanha de perto a movimentação comercial das indústrias. “Já temos aeronaves de sobreaviso e estratégias predefinidas para atender rapidamente às demandas das empresas. As próximas semanas serão decisivas”, conclui.

A aposta no modal aéreo pela Prestex se deve à agilidade, segurança, cobertura global, possibilidade de rotas alternativas e procedimentos rigorosos de segurança,  que minimizam riscos de perdas e danos. O executivo lembra que a participação do modal aéreo no transporte de cargas nacional ainda representa cerca de 3%, enquanto no exterior já chega a 6%.

O certo é que o setor logístico e a agilidade na entrega desempenham um papel fundamental nos negócios das empresas e no desenvolvimento econômico do país, refletindo no Produto Interno Bruto (PIB) e na geração de emprego. Segundo a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), o setor representa 1,8% do PIB nacional e é responsável por 2,3% do total de pessoas ocupadas no país.

A análise final do executivo da Prestex é que o tarifaço apresenta tanto desafios quanto oportunidades substanciais para a logística brasileira. “A visão estratégica, combinada com tecnologia, flexibilidade e habilidade de se adaptar rapidamente, pode elevar o Brasil a um papel-chave na logística global, capturando os benefícios de um ambiente econômico em mudança”, conclui Marcelo Zeferino.