Os últimos dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, no mês de outubro, foram vendidas 217,8 mil unidades, o que representou uma média diária de 10,4 mil unidades. Esse número, segundo a entidade, já se aproxima do patamar de vendas de antes da pandemia, que girava em torno de 11 mil veículos comercializados por dia. O número de unidades vendidas em outubro representa um aumento de 10,2% a mais que no mês de setembro. No acumulado do ano, a alta nas vendas é de 9,7%.
Apesar do aumento de vendas e emplacamentos, como os registrados no último mês, a produção de veículos em 2023 ainda não decolou. Segundo a Anfavea, em outubro a produção foi 4,4% menor que no mês de setembro, com 199,8 mil unidades produzidas. No acumulado do ano, foram produzidas 1.951 mil unidades, 11 mil a menos que em 2022, o que representa uma queda de 0,6%. As principais quedas foram nos segmentos de caminhões (-37,8%) e ônibus (35,2%).
Para driblar um cenário ainda incerto na produção industrial, especialmente no que se refere à indústria automobilística, o engenheiro industrial Luizandro Duarte explica que um caminho é apostar em uma transformação que já vem sendo notada no setor, em que técnicos e engenheiros com raízes na ferramentaria estão se tornando peças-chave não apenas na linha de produção, mas também nas discussões estratégicas de gestão. Como exemplo, ele cita a importância de profissionais com profundo conhecimento sobre a produção no chão de fábrica para orientar as decisões referentes à assistência técnica ao cliente, vendas e suporte.
“Para esclarecer melhor: um profissional com experiência como ferramenteiro possui um profundo conhecimento de todos os processos de fabricação do produto, habilitando-se a discutir, em reuniões executivas, prazos e estratégias para mitigar os desafios enfrentados pelos clientes”, explica, acrescentando que esta prática se tornou bastante difundida nas próprias montadoras, que incorporam técnicos e engenheiros especializados como ferramenteiros em diversas áreas de gestão. “Além disso, desempenham um papel fundamental como EQF (Engenheiro de Qualidade de Fornecedores), tanto para os fornecedores internos quanto externos”, pontua.
Com 20 anos de experiência na área de produção industrial, o engenheiro observa que o tradicional papel desses especialistas, conhecidos por sua expertise em processos de fabricação, está se expandindo para além das linhas de produção e adentrando os espaços executivos das grandes empresas, especialmente no setor automotivo.
“Como exemplo mais comum dentro das montadoras de automóveis, é possível observar ferramenteiros com formações em diversos campos migrarem para a área de qualidade e gestão de fornecedores. Essa transição ocorre com o propósito de colaborar na solução de problemas e dificuldades encontradas com produtos e peças durante o processo de montagem. Esse profissional não vai apenas apontar os erros, mas ajudar toda a cadeia a fazer com que a engrenagem funcione de forma simples e correta”, destaca.
Luizandro Duarte diz acreditar que é preciso reconhecer a importância de envolver técnicos qualificados no processo fabril, visando sua atuação futura como assistentes técnicos ou gestores em áreas como qualidade e comercial. Segundo ele, a capacidade de participar ativamente de reuniões executivas, discutindo tópicos nos quais possui domínio e expertise prática, é fundamental, e essa habilidade não apenas diferencia, mas também é crucial para efetuar uma contribuição significativa para a indústria.
“Dentro da indústria sabemos que todos os setores são interligados e uma visão estratégica de vários setores vai colaborar para o sucesso de qualquer companhia”, conclui.