10 perspectivas para área jurídica até 2025

10 perspectivas para área jurídica até 2025

Interessante pesquisa da KMPG sobre as perspectivas jurídicas até 2025. 

A previsão é que tenhamos profissionais mais enxutos, rápidos e perspicazes/inteligentes (tradução literal – Leaner, Faster, Smarter) e com diversos insights para a forma que hoje percebemos a advocacia. 

Veja na íntegra as previsões e após comento cada uma:

10 previsões: A função jurídica em 2025
(Mais enxuto, mais rápido, mais perspicaz/inteligente)

1. Metade da equipe jurídica não será de advogados

2. As equipes jurídicas serão avaliadas com base em KPIs
rigorosos, como o dinheiro que ganham para o negócio.

3. Os Diretores de Operações Jurídicas serão tão
importantes quanto os Diretores Jurídicos.

4. A experiência do cliente estará no centro da entrega
legal.

5. Todo o trabalho jurídico padronizado será
permanentemente incorporado ao negócio.

6. A leitura de dados será tão importante quanto a leitura de
termos legais.

7. Gerenciar a cultura e mudar a mentalidade será essencial.

8. O CLM será tão onipresente quanto o ERM e o CRM.

9. Não haverá linha entre Legal Tech e Tech.

10. Os processos de contratação serão totalmente online,
reduzindo o tempo para concluir negócios.

FONTE: HTTPS://HOME.KPMG/XX/EN/HOME/INSIGHTS/2020/12/FUTURE-OF-LEGAL-ARTICLE-SERIES.HTML

1. Metade da equipe jurídica não será de advogados

Parece surreal, não? Entretanto, já faz tempo que temos caminhado neste sentido. Precisamos muito de atividades que não sejam jurídicas, tanto quanto jurídicas. As não jurídicas – quiçá algumas jurídicas também – estão sendo substituídas por robôs e automações. 

O que sobra? Trabalho essencialmente jurídico, técnico, pensante e estratégico. E, de outro lado, um time para dar suporte a este desenvolvimento.

2. As equipes jurídicas serão avaliadas com base em KPIs rigorosos, como o dinheiro que ganham para o negócio.

Penso que esperar até 2025 pra isto é bobagem. Para quem não sabe, KPIs são indicadores chaves de desempenho (key performance indicator) e sua função é dar dados com informações mais precisas para as tomadas de decisão.

Para que ter indicadores que não estejam alinhados ao negócio diretamente? 

Está mais do que na hora de repensar o que estamos monitorando e pra qual finalidade. Indicadores de sentenças (procedente, improcedente e parcial procedente) por exemplo, somente tem sentido claro se estiverem alinhadas aos tipos de demanda, locais de trâmite, entre outros para dar aos líderes possibilidades de mudança no negócio para evitar o judiciário ou minimizar os riscos destas ações.

3. Os Diretores de Operações Jurídicas serão tão importantes quanto os Diretores Jurídicos.

Pergunte a um gestor jurídico se ele tem um braço forte de operações no seu dia a dia. Se a resposta for sim, ele está tranquilo. Se for não, ele está perdendo um tempo precioso que deveria ser focado com CEOs e outros diretores dentro da operação do jurídico.

Esta realidade já é premente hoje!

4. A experiência do cliente estará no centro da entrega legal.

Como faz falta esta realidade hoje (2022). O foco de muitos jurídicos ainda está no processo contencioso (nem sequer no consultivo). Se preocupam mais com resultados processuais do que soluções efetivas ao cliente. Precisamos REALMENTE transformar esta realidade.

5. Todo o trabalho jurídico padronizado será permanentemente incorporado ao negócio.

Quem atua na seara da advocacia empresarial já percebeu este movimento e concordo com a pesquisa. Não faz muito sentido terceirizar o que posso internalizar com robôs e controlar de perto a informação.

E ao mesmo tempo que isto é uma verdade e muitos irão chorar porque perderam parte do mercado, outros vislumbram uma oportunidade de entregar um parecer, uma análise, um detalhamento mais preciso em cima do que o robô entrega e agregar valor ao cliente.

Se você fizer o mesmo que a máquina, você será substituído. Se você entrega o pensar, você sempre terá espaço de mercado.

6. A leitura de dados será tão importante quanto a leitura de termos legais.

Dados, ah! Dados… Já são muito úteis e em breve, essenciais. Quem entendeu esta frase, já entendeu que precisa pelo menos compreender como funcionam os algoritmos, os robôs, as automações e o crescimento (mesmo que lento ainda) da inteligência artificial. 

Mas eu fiz direito e não faculdade de tecnologia! Dirão alguns… Sim, mas qualquer profissão sem a compreensão (não quer dizer programação/desenvolvimento) da tecnologia é manca.

7. Gerenciar a cultura e mudar a mentalidade será essencial.

Vivemos numa era de tecnologia, robôs e inteligência artificial, entretanto, inteligência emocional, administrar cultura da empresa e principalmente viver sem certezas, mas sim com vontade/gana/tesão de aprender o novo é a visão do mercado e manutenção da empregabilidade.

8. O CLM será tão onipresente quanto o ERM e o CRM.

Concordo com a afirmação.

Entretanto, para dar norte ao amigo leitor, explico este monte de siglas:

CLM – Contract Lifecycle Management (CLM) é uma solução de gerenciamento de ciclo de vida de contrato que tem como principal objetivo economizar tempo e melhorar o desempenho da gestão de contratos.

ERM – Enterprise Risk Management (ERM) é a ideia de gestão de riscos empresariais/corporativos.

CRM – Customer Relationship Management (CRM) é a gestão de relacionamento com o cliente.

Em bom português: Estabelecer o como manter o contrato ativo dos clientes é mais importante do que gerir riscos ou captar novos clientes.

9. Não haverá linha entre Legal Tech e Tech.

Hoje ainda temos muita divisão entre Legal Tech (empresas de tecnologia focadas exclusivamente na área jurídica) e as Tech – empresas de tecnologia. Com avançar dos anos, a tendência é que as empresas se tornem mais generalistas para atender a empresa como um todo, do que ter apenas um software/solução para o jurídico que não conversa com os demais softwares da empresa.

Precisamos de soluções que conversem umas com as outras e não de sectarismo por seguimentos ou núcleos isolados, que não fornecem a noção do todo.

10. Os processos de contratação serão totalmente online, reduzindo o tempo para concluir negócios.

Sendo apenas os processos após entrevistas, parece realmente factível. As entrevistas, mesmo em ambientes virtuais (inclusive metaverso) ainda carecem de melhorias grandes para substituir a entrevista, contato, visual, empatia, insights de uma entrevista pessoal.

Como disse Charles Chaplin no filme O Grande Ditador: Não sois máquinas! Homens é que sois! Devemos sempre automatizar, USAR A TECNOLOGIA (e não ser usado por ela), sem perder o contato humano, afinal, a tecnologia está avançando para nos servir e não o contrário (Será mesmo?!).

Enfim, uma provocação: Perceberam que até as previsões são de curto prazo? Antes previa-se situações pra 10 anos. Hoje, no máximo 3 anos…

Ou seja, você também deveria estar se organizando pra mudar, fazer acontecer agora! Amanhã, pode ser tarde.

#PraPensar

#PraAgir

Sou Gustavo Rocha

Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos, membro de diversas comissões na OAB.

Atuo com consultoria em gestão, tecnologia, marketing estratégicos e implementação de adequação a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD.

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