Evento trouxe iniciativas para a produção de um agronegócio cada vez mais sustentável, que gere renda e qualifique a população da amazônica
Teve início na quarta-feira, 01/12, em Porto Velho (RO), o fórum “Wake Up Call Amazônia, Já”, que teve como objetivo principal apresentar e discutir projetos que contribuam para a produção de alimentos na Amazônia, com foco na sustentabilidade.
O fórum contou com a presença de especialistas da área, como o engenheiro agrônomo e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, que foi indicado ao Nobel da Paz de 2021, pelas contribuições à agricultura sustentável. Outros grandes nomes também integram o evento, como: o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Evaldo Vilela, a reitora da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Marcele Pereira, e Paulo Haddad, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento e conselheiro do Fórum do Futuro.
A Conferência foi realizada no contexto do Projeto Biomas Tropicais, que tem como objetivo aprofundar o conhecimento científico dos ecossistemas instalados no Brasil, visando a identificar os limites sustentáveis de uso dos seus recursos naturais. O Projeto Biomas Tropicais pretende aferir e localizar as condições favoráveis de clima de negócios situados na cadeia de valor da oferta alimentar, considerando o desenvolvimento e adoção de sistemas produtivos inovadores, sustentáveis e competitivos no âmbito da Bioeconomia, que permitam o aproveitamento do potencial dos recursos naturais dos biomas tropicais existentes no Brasil, e gerar um impacto positivo à sociedade.
Com a coordenação de Paolinelli, o painel “Um novo olhar sobre a Amazônia”, que deu início a programação do evento, reuniu participantes que analisaram a visão do Estado na contribuição para um desenvolvimento sustentável da bioeconomia tropical. O objetivo foi trazer ao debate a visão de Estado na agenda integrada da Ciência, da Gestão, do Planejamento e da Sociedade na Perspectiva do Desenvolvimento Sustentável da Bioeconomia Tropical.
Participaram do debate: Alaerto Marcolan (Embrapa/RO), Evaldo Vilela (Presidente CNPQ), Roberto Rodrigues (FGV-Agro e Conselheiro Fórum do Futuro), Daniel Pereira (Sebrae/RO), Antônio Nazareno (Universidade Federal de Lavras – UFLA), Rafael Zavala (Representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura – FAO – no Brasil), Gabriel Delgado (Representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA –no Brasil), Gilmar Alves de Lima Júnior (Pró-Reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – IFRO), Oberdan Ermita
(Presidente SICOOB/Credip), e Marcele Pereira (Reitora da Universidade Federal de Rondônia –UNIR).
Paolinelli afirmou que o Brasil precisa de um esforço conjunto para mobilizar a juventude e que esta é capaz de ter coragem e sabedoria para evoluir nas questões que envolvem o desenvolvimento de um agronegócio sustentável, produtivo e que acima de tudo, garanta a produção de alimentos para futuras gerações. “É importante sempre priorizar a justiça social e a distribuição da riqueza. Vamos evoluir através de nosso trabalho e nossa competência”, disse.
“O mundo pode ter sustentabilidade na produção com essa tecnologia tropical. Quem vai plantar e usar os recursos naturais, tem de fazer isso com sustentabilidade. Nós temos, na Amazônia, mais de 25 milhões de pessoas famintas, com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo do País, fazendo extrativismo e ganhando dois terços do salário mínimo. Elas precisam de renda. Os países ricos ainda não se deram conta de que existe uma área tropical no globo que é faminta, miserável”, disse.
Rafael Zavala, Representante da FAO no Brasil, em sua participação, destacou que, há algum tempo, a entidade reforça que uma agricultura sustentável, próspera e sem impactos climáticos é possível e, mais ainda, é urgente. “É preciso apresentar alternativas para a produção. Se conseguimos reforçar, vamos maximizar a discutir soluções para o desenvolvimento sustentável para o bioma amazônico. É urgente uma agricultura mais sustentável. Sociedade civil, governo, pesquisadores e setores internacionais precisam se mobilizar. Esta é uma tarefa de todos”, disse Zavala.
De acordo com Gabriel Delgado, Representante do IICA no Brasil, é necessário um trabalho em conjunto para aproveitar o potencial enorme para contribuir para a conservação da maior floresta tropical do mundo. “Precisamos de políticas estratégias de longo prazo com base nas exigências do futuro, para o desenvolvimento sustentável, do ponto de vista, econômico e social. Vamos desenvolver um papel de destaque para o futuro de um agronegócio alinhado à ciência com a mais alta tecnologia, para a geração de emprego e renda para a população amazônica”, afirmou.
O ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, destacou a necessidade de um olhar com clareza para os desafios da Amazônia. “Tenho, inclusive, uma sugestão para agilizar o processo. Fica aqui a ideia da montagem de um órgão, nos moldes do ‘poupa-tempo’, no qual o produtor rural consegue a posse registrada no IICA, com a escritura definitiva de posse registrada, e com isso, consegue um projeto que aponte o que cabe ser produzido, com assistência técnica e também crédito. Um produtor que antes estava ‘abandonado’, sai com a possibilidade de desenvolvimento sustentável e renda para realizar ações concretas”, apontou.