Luís Fernando Lopes (*)
Uma das expressões do autoritarismo contemporâneo tem sido o fato de candidatos derrotados alegarem fraudes nas eleições, como tem ocorrido em diversos países, sendo um exemplo marcante o caso dos EUA. Entretanto, no Brasil, a polêmica criada sobre o voto impresso parece querer adiantar e levantar suspeita para interferir no resultado de pleitos futuros.
Em um momento no qual políticos precisariam estar totalmente focados em propor projetos com o objetivo de resolver ou no mínimo mitigar os efeitos dos graves problemas que assolam o país, o que alguns fazem é criar polêmicas com vistas ao favorecimento próprio e a manutenção do poder, ignorando a própria atuação política que se mostra muito distante do que demanda a realidade do país.
Quando a realidade escancara as contradições brasileiras e opinião popular começa a tomar corpo para manifestar insatisfação e indignação, alguns muito satisfeitos com a situação que os favorece começam a criar problemas falsos para ocultar a própria incompetência que gera prejuízos irreparáveis para o país, como a perda de vidas.
Que há problemas e má gestão é evidente. As consequências na vida diária do povo brasileiro escancaram. Entretanto, a arrogância política e a pretensão de exercer e permanecer no poder a qualquer custo impedem qualquer possibilidade de ações coerentes com as exigências da realidade do país. A coerência do que se diz e faz se aplica apenas aos próprios interesses e os daqueles que os defendem, ainda que nem sempre às claras. A máxima: “divide e reinarás” tende a mostrar sua força em uma nação na qual o direito à educação é negado, sobretudo aos mais pobres.
Qual o remédio para tantos problemas? Falar em universalização do acesso à educação de qualidade poderá parecer apenas mais um chavão político sempre repisado no discurso, mas nunca efetivamente implementado. Em um país no qual há suspeita de pedido de propina na negociação de vacinas no auge de uma pandemia, as mudanças precisam ser profundas e alguns estão muito interessados em apagar a história e fazer de conta que tudo precisa começar do zero. Assim ninguém precisará se responsabilizar por suas ações e omissões e tudo poderá permanecer como está. Até quando?
(*) Luís Fernando Lopes é Doutor em Educação. Professor da Área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER