A educação financeira chega às escolas infantil e fundamental em 2020, de acordo com as normas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na prática, redes de ensino públicas e privadas de todo o Brasil devem obrigatoriamente ajustar o currículo e abordar o tema de forma transversal na volta às aulas.
A medida deve impactar positivamente o futuro de milhares de brasileiros, que aprenderão desde a infância o hábito de poupar e terão o conhecimento necessário para tomar decisões mais conscientes enquanto consumidores e avaliar quais produtos financeiros são mais adequados dentro do seu perfil e objetivos.
Para Fabio Louzada, economista e especialista de investimentos, investir em educação financeira é importante para que no futuro o ato de economizar seja algo comum e prazeroso – e não um tormento, como é encarado por boa parte da população.
“Quando a criança entender que muitas vezes um sonho tem que ser adiado para não comprometer o presente e o futuro, é sinal de que ela já incorporou os preceitos da educação financeira na sua vida. Isso deve refletir numa próxima geração de adultos com qualidade de vida muito maior, além de beneficiar a economia como um todo”, avalia.
Papo sobre finanças
Em 2019, a Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil) em parceria com Serasa Consumidor e Serasa Experian divulgou uma pesquisa que mostra que um a cada três estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro depois de participar de projetos de educação financeira. Outros 24% passaram a conversar com os pais sobre o tema e 21% aprenderam mais sobre como usar melhor o dinheiro.
Com a entrada da educação financeira como disciplina transversal nas escolas, os índices avaliados na pesquisa tendem a melhorar. O papo sobre finanças não será exclusividade da matemática, mas também será tratada em áreas como geografia e história.
“As crianças têm acesso mais precoce ao dinheiro, mesadas, compras de créditos para o celular, até cartões de crédito fazem parte da sua rotina. A alfabetização financeira vai contribuir para que saibam lidar com as finanças com os pés no chão e planejamento”, explica Fabio Louzada.
Se hoje o baixo conhecimento econômico prejudica a tomada de decisões relacionadas à poupança ou investimentos, a faixa de crianças com idade entre 6 e 14 anos tem tudo para movimentar o mercado de investimentos no futuro. “A médio e longo prazo o impacto será muito grande. Teremos novos investidores com uma leitura mais dinâmica do mercado, com aptidão para entender os reflexos das taxas de juros e as consequências para o bem e para o mal dos juros compostos, por exemplo. Uma nação de investidores está por vir”, conclui o especialista.