Uma nova mentalidade de transformação digital

Por Cesar Velloso, Country Manager do Gartner para o Brasil e palestrante do Gartner Symposium/ITxpo 2018

Você sabe como avaliar o modelo digital de negócio da sua empresa? Muitos executivos encontram dificuldades na análise das suas estruturas organizacionais, quando comparados aqueles bem-sucedidos, responsáveis por liderarem transformações digitais. Em especial, no que se refere à identificação dos pontos de ajuste necessários, relacionados à cultura e liderança. Estes dois vêm antes da tecnologia, quando o assunto é construir e executar uma estratégia digital para os seus negócios. Isto porque a cultura e a liderança irão ou habilitar e acelerar a estratégia digital, ou retardá-la e inviabilizá-la.

O principal fator de diferenciação competitiva é buscar progredir o negócio, apesar da incerteza. Um líder transformador entende e abraça a ideia de que a dúvida é inevitável. No entanto, abraçar a incerteza não significa ter falta de cautela. Significa, na verdade, estabelecer um plano que permita mudanças e evoluções, ao invés de criar enganos ou falsa previsibilidade.

O pensamento tradicional pode se tornar irrelevante no mundo digital. Os executivos devem focar seus esforços em iniciativas que os posicionem à frente do seu tempo. Líderes digitais são visionários quando se trata de fronteiras tecnológicas, mas todas as suas decisões continuam atreladas às prioridades de missão crítica dos seus negócios. Ideias inovadoras demandam uma mentalidade mais tolerante a riscos, uma vez que as tecnologias emergentes que as habilitam ainda precisam demonstrar ganhos incrementais no curto e médio prazos. Por isso, um verdadeiro líder digital é movido pelo desafio e pelo potencial de criação de valor para o seu negócio, sem distrações e buscando dominar as alavancas competitivas que a era digital viabiliza.

Ele atua com o objetivo de sustentar investimentos de longo prazo, para garantir uma posição de liderança em linha com a sua estratégia do negócio, avaliando modelos baseados em plataformas e ecossistemas digitais, bem como a capacidade analítica da sua organização, para transformar informações em valor por meio da Ciência de Dados e Inteligência Artificial.

Líderes tradicionais podem preferir esperar até que os progressos possibilitados pelas tecnologias sejam comprovados, enquanto líderes digitais transformadores acreditam que a paralisia de algumas organizações diante da incerteza abre espaço para que competidores aproveitem as oportunidades. Acreditam ainda, que esses competidores podem vir de diversas direções, com estruturas digitais mais enxutas com menor custo operacional, para capturarem suas receitas “homeopaticamente”, ao mesmo tempo em que agregam mais valor através de serviços digitais e capacidades para interagir com todo o ecossistema (clientes, fornecedores, parceiros, competidores que podem ser parceiros, etc). Os líderes digitais transformadores entendem que apostas baseadas em estratégias bem fundamentadas, através de resultados de negócios esperados e de alavancas digitais, precisam estar focadas na organização. Esses líderes irão, portanto, escolher como caminho um experimento inicial e interativo para testar novos avanços, ao contrário de esperarem por clareza total antes de seguirem adiante. Através da aplicação de certas disciplinas, com um começo em menor escala e fazendo a coleta de provas de dados com base em experimentos, as empresas podem aproveitar para compreenderem e aplicarem novos valores enquanto mitigam riscos.

Nesta era digital, as organizações precisam estar aptas a inovarem mais rapidamente que seus concorrentes. Para encorajarem a inovação em ritmo mais acelerado, os líderes digitais estabelecem uma cultura de autêntica criatividade com a participação e patrocínio de toda a liderança. Comunicam essa visão do negócio em todos os níveis, dos recém contratados ao Conselho de Administração, promovendo uma cultura que encoraje descoberta e desenvolva habilidades para lidar com os riscos de forma mais natural.

As organizações que são avessas aos riscos são mais lentas para inovar, uma vez que os pensamentos e as ações dos seus colaboradores continuam norteados pelas regras tradicionais e modelos de retorno sobre investimento (ROI) no curto e médio prazos, a luz do seu portfólio e processos de negócios já conhecidos. Já aquelas que culturalmente encorajam uma atitude exploratória e de agilidade, que ocasionalmente até recompensam alguns fracassos, estão melhor equipadas para triunfar no mundo digital.

Portanto, para liderarem processos de transformação digital e inovação dos seus negócios, os líderes precisarão ir além dos modelos de negócio e de investimentos tradicionais, promovendo mudanças profundas na cultura organizacional e na liderança, a fim de acelerarem o crescimento de suas empresas. Este processo precisa ser participativo e inclusivo para os colaboradores, com uma comunicação clara e patrocínio vindos primeiramente da liderança maior – o CEO.

Uma jornada rumo a territórios desconhecidos, com métodos e ferramentas que não sejam tão familiares, requer coragem. Introduzir novos produtos, serviços, competências, padrões e tecnologias pode testar, modificar e ampliar as capacidades de as empresas se relacionarem com os diferentes ecossistemas de negócios, mesmo com aqueles fora das suas indústrias. Afinal, estamos falando de ecossistemas sendo digitalmente habilitados e conectados. Isso certamente impactará as suas estratégias de negócios digitais, bem como os seus destinos, ao longo dos próximos anos. As oportunidades são ilimitadas. Não há tempo a perder. A hora é agora!

Pesquisas adicionais sobre Transformação Digital dos negócios serão apresentadas durante o Gartner Symposium/ITxpo 2018, de 22 a 25 de outubro, em São Paulo.

 

Deixe uma resposta