Parte II – O humano como ser sociável na Gestão de Pessoas.
Encerramos a Parte I deste artigo – Tipologia de Temperamentos, um olhar pela Psicologia enfatizando que nas organizações a atitude tem que estar alinhada a peça teatral. Devemos ser mais do que nós, temos que sentir e exercer o papel contratado. Em 1994, atribuindo o parágrafo para um psicólogo americano, Bachs reitera a questão afirmando que “O homo sapiens é uma espécie cujas características e condutas se encontram estandardizadas pela posse de uma cultura. Sem esta, a conduta desse mamífero é imprevisível e depende, em cada caso, das particularidades do seu próprio ambiente”.
Com certeza um dos marcos na Psicologia Social e do Desenvolvimento está relacionada com a Tipologia Constitucional que entre outras questões tem como finalidade o estudo interacional entre as características físicas e psicológicas.
Os dois teóricos que mais se destacaram foram Kretschemer e Sheldon. Ernest Kretschmer (1888-1964), psiquiatra alemão, e em 1921, nos seus estudos e pesquisas, o cientista examinou as tipologias apresentando trabalhos que denominou de Constituição e Carácter. As investigações de Kretschmer se direcionaram na descoberta de fatores intrínsecos e extrínsecos entre o perfil corporal (constitucionais) e as características psicológicas. O termo Constitucional para Kretschmer enfatiza bastante os aspectos hereditários, mas preste atenção que estes aspectos hereditários dizem respeito muito mais as nossas heranças biológicas do que culturais.
Realmente, a teoria que foi acolhida e muito utilizada até hoje foi a tipologia de Sheldon. Segundo Davidoff (1983), Sheldon defendia o ponto de vista de que as pessoas com um determinado tipo de corpo tendem a desenvolver tipos especiais de personalidade. Para Sheldon, nós trazemos uma tipologia física que reflete as atividades para as quais temos mais aptidão. Sheldon classificou os tipos físicos em:
• Endomorfos: gordos, adiposos.
• Mesomorfos: musculosos.
• Ectomorfos: delgados.
Os endomorfos são viscerotônicos: afetivos, extrovertidos, sociáveis, com um relaxamento geral, voltados ao mundo, às coisas praticas. Os mesomorfos são somatotônicos: agilidade, atividade, energia. Os ectomorfos são cerebrotônicos: introversão, intelectualidade, autocontrole, tendência ao isolamento, sono deficiente. Para o Autor a Endomorfia está centralizada no abdómen, e em todo sistema digestivo. Já a Mesomorfia diz respeito aos músculos, e ao sistema sanguíneo. Quando aborda a questão da Ectomorfia está relacionando ao cérebro e o sistema nervoso. Veja que durante a vida passamos de um estado para o outro, uma ou várias vezes. O que suscita que é sempre necessário, nesta sociedade estética, um acompanhamento dos impactos que isso causará na psique. Em outras palavras, o cheinho ou cheinha que ficou delgado? De extrovertido pode passar a ter um temperamento de introversão e abalar suas antigas atividades.
Um cientista de muita relevância é Pavlov, de acordo com o quadrilátero proposto por Hipócrates e Galeano, tomou o seu dentro dos seguintes aspectos: com sistema nervoso forte, móvel, mas desequilibrados, nos quais os dois processos são poderosos, mas a excitação predomina sobre a inibição, são os coléricos. Os indivíduos com o tipo de sistema nervoso forte, equilibrado, mas inertes, são os fleumáticos, calmos e lentos. Em seguida o tipo forte, equilibrado, hábil, vivo e móvel, os sanguíneos. E finalmente um tipo fraco, sensível, delicado, que corresponde ao tipo melancólico.
Conforme Wilfred Trotter, “os dois campos – o social e o individual – são vistos aqui como absolutamente contínuos; toda a psicologia humana, isso é afirmado, deve ser psicologia do homem associado, visto que o homem como animal solitário é algo desconhecido para nós e todo indivíduo deve apresentar as reações características do animal social”. Por outro angulo MacDougall, crê que os processos evolutivos individuais, sem deixar de serem psicológicos, encontram-se em uma situação de ruptura com o indivíduo, em situação de ser outra coisa diferente dele. Já para Le Bon, Psicólogo Social e sociólogo, “as experiências mais continuadas não têm conseguido abalar essa temível quimera. Em vão filósofos e historiadores tentaram provar o seu absurdo. Não lhes foi, contudo, difícil mostrar que as instituições são filhas das ideias, dos sentimentos e dos costumes e que não se refaz as ideias, os sentimentos e os costumes ao se refazer os códigos. Um povo não escolhe as instituições como bem quer, como não escolhe a cor dos seus olhos ou de seu cabelo”.
Para encerrarmos com uma frase de Gabriel Trade, um dos mais provocativos e exponenciais pensadores da psicologia social, o cientista dá uma atenção especial à questão de fluxo versus organização e estrutura: “que o elemento do social é mais um reproduzir-se (por fluxos) que um estruturar-se organizativamente”. Conforme suas colocações essa forte reprodução de fluxos, por vezes, tem um encontro com um ponto de mutação, daí faz-se o novo. Quer dizer, a inovação dentro da Sociedade e na Gestão de Pessoas, não é matéria do impulso, mas do exercício.
Pois é, recomendamos senhoras e senhores tentarem descobrir o desenho da estrutura organizacional da sua empresa que possa alinhar metas a temperamentos antes que ela se transforme em uma quimera.
Paulo Ricardo Silva Ferreira
Educador Facilitador. Presidente do Instituto Eckart Desenvolvimento Humano e Organizacional. Doutorando em Ciências Empresariais pela Universidade de Leon/Espanha, administrador de empresas, curso de psicologia, pós-graduado em administração hospitalar. Professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação. Consultor em estratégia empresarial, desenvolvimento organizacional (DO), comportamento, mudança intervencionista e inteligência empresarial da Eckart Consultoria. Presidente da Fundação dos Administradores do Rio Grande do Sul. Palestrante nacional destacado pela abordagem multidimensional das organizações, abordando temas como valores humanos, ética, comportamento e desenvolvimento humano continuado e pensamento estratégico.
Redator: Sander Machado
Profissional de comunicação, redator. Coordenador do Núcleo Celebração do Instituto Eckart. Diretor Criativo da ILê Comunicação. Entre outros prêmios já conquistou Top Nacional de MARKETING ADVB, ESPM/RS, Mérito Lojista, ANAMACO e Central Outdoors.