Parte I – Como diferenciar uns dos outros na Gestão de Pessoas.
Nos próximos artigos iremos abordar a tipologia de temperamentos pelo olhar de várias ciências. Vamos fazer um passeio pelo conhecimento desta matéria disponível na psicologia, psicologia social, antropologia, sociologia e filosofia. Seria quase chover no molhado trazer a tona que as pessoas incorporam suas aprendizagens de forma muito particular, organizam suas atitudes de acordo com a sua cultura e respondem aos estímulos, cada um como cada um. O que realmente nos suscita frisar neste momento é o olhar holístico e multidisciplinar que podemos ter em relação às estruturas de temperamento e quais impactos e o que essas estruturas causam na Gestão de Pessoas. Pois bem, iniciemos.
Conforme seu significado em latim, a palavra temperamento, “temperare”, significa “equilíbrio”. Um conceito milenar desenvolvido na Teoria dos Humores por Empédocles e Galeano, que utilizaram como base dos seus estudos a formação dos humanos a partir dos elementos da natureza, que seriam a terra, fogo, água, ar e pelos humores dominantes no organismo a fleuma, bile negra, bile amarela e sangue. Ela se imortalizou nas mais variadas áreas, inclusive na psicologia. Um dos grandes pensadores da psique humana, Carl Gustav Jung, a partir dessa matriz criou uma nova dimensão dos tipos e das funções. Uma lista enorme de tipos e funções foram propostas por Jung, mas a sua contribuição significativa está na distinção de dois tipos e quatro funções. Os dois tipos são: extroversão e Introversão e as quatro funções são: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Veja aqui que Jung volta a reforçar o quadrante proposto por Empédocles e de Hipócrates formada pelos temperamentos Melancólico, Colérico, Fleumático e Sanguíneo.
Só de forma a ilustrar a funcionalidade dos modelos e seus possíveis cruzamentos, Resten (1963), em sua investigação de caracterologia criminal, elaborou uma justaposição dos tipos psicológicos de Jung (1991) e a caracterologia de Le Senne (1963). O que resultou Colérico= sentimento extrovertido, Fleumático=pensamento introvertido e Sanguíneo = pensamento extrovertido.
Na década de 70, David Keirsey, psicólogo americano desenvolveu uma nova Tipologia de Temperamentos, ele uniu passeios aos entendimentos de Jung ao material de Katherine Briggs Myers (MBTI) e sua filha Isabel Briggs Myers, estudo originário da observação de uma fábrica onde eram diretoras no EUA sobre as grandes diferenças na produção entre homens e mulheres. Em linhas gerais são 4 tipos: Sensorial Perceptivo – aqueles que desejam estar onde está a ação; são envolvidos pelo que dá prazer e buscam excitação. O Sensorial Julgador (chamados Guardiões) – são aqueles que estão mais voltados as regras, ponderados e realistas tem uma resistência maior as mudanças. Excelentes nas atividades que são repetitivas. Intuitivo Sentimental (chamados Idealistas) – fazem aquela política do bom relacionamento, estimulam o acordo, tem como ideal o trabalho em conjunto. Algumas vezes excedendo os limites investindo muito mais no sonho do que na realização do sonho. Intuitivo Pensador (chamados Racionais) – O temperamento é sempre de racionalizar e compreender o universo que os cercam. Imbuídos de uma visão pragmática o seu conhecimento e aplicação sempre estão direcionados a descobrir e cartografar as estruturas.
Estas formas de avaliar a tipologia dos temperamentos pelo olhar da psicologia são uma parte de uma grande holística que nos permite ver a Gestão de Pessoas correlacionando as atividades com os seus executores. Um inventário que propõe uma avaliação numa dimensão que entre outras questões potencializa a velha questão provocativa a respeito do que é motivar ao trabalho e a inovação. Muito antes que técnicas fugazes do tipo correr no mato, passar uma semana dentro de hotéis, se fantasiar disso ou daquilo, elas tem a haver realmente com a ciência de diagnosticar as nossas mais variadas formas de internalizar e expressar a vida e posteriormente sim, tomar atitudes no sentido de adequações, melhorias e desenvolvimento para os temperamentos que desejamos realçar em nossas equipes. Bem, respeitada a individualidade, nas organizações a atitude tem que estar alinhada a peça teatral. Devemos ser mais do que nós, temos que sentir e exercer o papel contratado.
Paulo Ricardo Silva Ferreira
Educador Facilitador. Presidente do Instituto Eckart Desenvolvimento Humano e Organizacional. Doutorando em Ciências Empresariais pela Universidade de Leon/Espanha, administrador de empresas, curso de psicologia, pós-graduado em administração hospitalar. Professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação. Consultor em estratégia empresarial, desenvolvimento organizacional (DO), comportamento, mudança intervencionista e inteligência empresarial da Eckart Consultoria. Presidente da Fundação dos Administradores do Rio Grande do Sul. Palestrante nacional destacado pela abordagem multidimensional das organizações, abordando temas como valores humanos, ética, comportamento e desenvolvimento humano continuado e pensamento estratégico.
Redator: Sander Machado
Profissional de comunicação, redator. Coordenador do Núcleo Celebração do Instituto Eckart. Diretor Criativo da ILê Comunicação. Entre outros prêmios já conquistou Top Nacional de MARKETING ADVB, ESPM/RS, Mérito Lojista, ANAMACO e Central Outdoors.