A Revizia, startup especializada em auditoria e compliance fiscal que atua por meio de uma plataforma SaaS baseada em machine learning, acaba de ultrapassar a marca de R$ 1,2 bilhão em recuperação tributária para empresas. O sistema da companhia realiza cruzamentos de informações encontradas em documentos técnicos capazes de apontar inconsistências e oportunidades de recuperação tributária que vão desde teses que circulam em diversas searas do campo judicial, como também oportunidades administrativas.
Com mais de 2.110 CNPJs ativos em sua base, a empresa tem planos de duplicar a carteira de clientes até o final de 2023. O desafio será coordenado pelo ex-Diretor Executivo da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, Vitor Santos que após atuar por 12 anos no órgão e ter desempenhado funções de liderança em várias áreas, está assumindo a função de CEO da Revizia.
O executivo ressalta que em relação ao total de CNPJs cadastrados em 2021, a Revizia registrou um crescimento de 150% no ano passado. Segundo ele, juntas, as empresas que usam as soluções da startup somam aproximadamente R$ 3,8 bilhões em oportunidades de recuperação de valores pagos em tributos. “Considerando que este é apenas um dos serviços que ela oferece, a conclusão é de que a empresa tem um potencial gigantesco de desenvolvimento e está no momento ideal para acelerar seu plano de negócios. Espero contribuir decisivamente para que os objetivos traçados sejam superados o mais rápido possível”, diz.
Santos explica que o advento da Nota Fiscal Eletrônica e do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) em 2007 viabilizou a digitalização das obrigações acessórias que as empresas geravam e entregavam aos órgãos fiscais. Isso garantiu ao Fisco não só uma maior agilidade no recebimento, como também a exigência de novos dados que, anteriormente, não era possível obter. Em contrapartida, permitiu à Revizia, a partir de sua atuação na captura e guarda automáticos desses documentos eletrônicos, ampliar seu escopo de serviços e desenvolver soluções que vão desde a identificação de documentos fiscais não escriturados até pedidos mais elaborados de revisão e recuperação de valores junto às Secretarias de Fazenda ou Receita Federal.
Ele informa que somente as 446 organizações que ingressaram no sistema Revizia ao longo de 2023 acumulam um total de R$ 1,5 bilhão em oportunidades passíveis de recuperação. “Entre tributos Federais e Estaduais, a Revizia recuperou algo em torno de R$ 250 milhões somente no ano de 2022” informa.
O ICMS e o PIS/COFINS são os principais tributos da lista de encargos recuperáveis. “Como eles são tributos indiretos que, por sua natureza, são repassados nos preços até alcançarem os consumidores finais, estas operações (compra, venda, transferências etc.) geram grandes volumes de recursos. Desta forma, sua incidência e consequentemente a recuperação, quando pagos indevidamente, são notoriamente expressivos”, completa.
O CEO da Revizia aponta dois motivos pelos quais a empresa acredita que seja possível inclusive superar a expectativa de duplicar a carteira de clientes. O primeiro deles é o crescimento exponencial dos pedidos de Recuperação Judicial feitos por empresas brasileiras nos primeiros meses deste ano. De acordo com dados da Serasa, considerando somente janeiro, fevereiro e março, foram registrados 289 pedidos de recuperação judicial e 255 de falências. Estes números são próximos aos alcançados entre 2016 e 2018, quando o país atravessou uma de suas mais graves crises econômicas. “Para empresas que estão atravessando momentos de dificuldade, a recuperação de tributos surge como uma oportunidade de gerar caixa e buscar recursos”, explica.
O segundo motivo é o aquecimento surpreendente dos negócios causado pelas discussões em torno da Reforma Tributária. Santos comenta que em um primeiro momento a empresa trabalhava com a estimativa de uma redução no ritmo de busca por trabalhos de recuperação tributária em virtude da imprevisibilidade que estas questões poderiam trazer.
“Na prática, o que temos enxergado é um cenário absolutamente inverso. As empresas, muitas vezes temerárias com o futuro econômico do país, estão interessadas em garantir agora os possíveis créditos existentes, exatamente pelo receio de uma mudança no ‘jogo’ futuro que poderia impedi-las de obter este benefício”, comenta Santos ressaltando que este movimento já proporcionou um crescimento de 30% nos negócios em relação ao primeiro trimestre de 2022.