Há algum tempo atrás eu vivenciei uma experiência trágica, cômica e interessante: Passei 48 horas sem o meu celular.
Algo quase impossível para a maioria das pessoas do universo corporativo.
E para mim, um fardo que merece um relato. Em fato, um fardo no início, depois parece até divertido não ter uma dependência…
Tudo começou ao chegar em casa, estava finalizando uma mensagem no whatsapp para um cliente depois de estacionar o carro na garagem e resolvi descer com celular na mão, mais pasta, mais mochila da filha, mais outras coisas… E como não sou um polvo, não consegui segurar tudo e bum… Celular no chão.
Como todo pão de manteiga que sempre cai com a manteiga pro chão, o celular caiu com a tela direto no chão.
Pensei: Não aconteceu nada, tenho capinha, película de vidro… Esperança durou pouco… Quebrou película e mais o vidro.
O diacho funcionava, mas com a tela quebrada e já machucando os dedos ao raspar o vidro…
Dia seguinte pela manhã: Missão:Entregar celular para o conserto. Então, como sou alguém organizado, no dia anterior formatei o celular para entregar ele limpo e sem nenhum dado meu.
E isto não é paranóia: Tem mais coisas num celular do que qualquer outro lugar…
Então, do dia da queda a noite até dois dias após, nada de celular…
Como ele funcionou com a tela quebrada avisei clientes e amigos que estaria sem o celular (para evitar que pensassem em morte ou coisas piores porque não respondi no whatsapp ou facebook rapidamente) e o silêncio começou.
A primeira sensação é de nudez… Parece que ficamos pelados sem estar com o celular a tira colo. Depois, passamos a um vazio existencial.. O computador é legal, disponível, mas não dorme do nosso lado. Não nos acompanha no banheiro. Não está no bolso quando estamos vendo TV e queremos saber aquela pergunta do programa de auditório. Enfim, não é prático o suficiente.
E pior do que tudo isto é perceber que quem está ao teu lado está 24h conectado no celular.
Como se não fosse bastante ficar sem celular, resolvi fazer outra experiência: Fui almoçar sozinho e sem celular. Tente fazer isto um dia, mas prepare o seu psicológico. Consegui até ver que garçons que sempre cumprimentei estavam brigando entre si, que a comida demorou mais do que imaginava e que todos ao meu redor estavam no celular, menos eu.
Depois de 24h sem celular, a independência começa. Sentimos que não precisamos tanto assim do dito celular. Que podemos ter vida fora daquela tela pequena. Que podemos fechar o computador e viver longe da internet – sim, eu vi e senti – tem vida fora da internet!
E então o celular volta do conserto. Um sentimento de saudade bate no peito… Quero negar tudo, que nem senti falta… Mas, aprendi com o Renato Russo que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira…
Senti saudade meu celular. E aprendi a comprar uma capa mais resistente e película bem melhor… Assim como tenho que aprender a cuidar tanto ou mais de quem amo, dos clientes e por aí vai…
Aqui acaba o relato desta crônica.
E fica a pergunta: Quanto a tecnologia domina a sua vida hoje?
Qual a sua dependência dela?
Já tentou desconectar por 24 horas?
Deixar o celular desligado nas reuniões? Quem sabe não usar o celular quando conversa com outras pessoas? Ou não ver redes sociais enquanto desenvolve o seu trabalho?
Quem sabe deixar celular em casa e ir a um parque ou passear pelo shopping?
Quem sabe focar naquilo que está fazendo neste instante, ao invés de tentar viver tudo ao mesmo tempo?
A vida é mais do que processos e prazos. Mas, com prazos nos processos da sua vida, a sua vida pode mais.
A tecnologia é boa se for útil, mas se for sempre presente ela pode ser um problema pra sua vida, sua existência.
Tecnologia: Use com sabedoria. O resto, aproveite sem pudor. Porque o tempo não volta atrás e se você não tomar decisões para fazer a sua vida melhor, nenhuma tecnologia fará isto por você.
#PenseNisto
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Artigo escrito por Gustavo Rocha
GustavoRocha.com– Consultoria em Gestão e Tecnologia Estratégicas
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