Por que as edtechs vão liderar a digitalização da educação no Brasil?

*Raphael Coelho, CEO e fundador da TutorMundi

A pandemia do coronavírus iniciada em 2020 apresentou uma série de desafios para toda a sociedade. Um dos obstáculos mais complexos nesse sentido foi a necessidade imediata de digitalizar o processo educacional. Passados dois anos, a vacinação em massa já possibilita um possível retorno das crianças para a sala de aula, porém, a predileção pelo ensino à distância já está instaurada na comunidade, e esse deve ser um caminho sem volta.

Funcionando como uma verdadeira rede de apoio à aprendizagem, as edtechs assumiram um papel fundamental neste contexto ao possibilitarem a continuidade das atividades escolares, a democratização do ensino e a introdução de novas tecnologias. Todos esses processos simbolizam melhorias importantes na educação brasileira e impactam diretamente no processo de formação e de desenvolvimento dos mais de 47,8 milhões de estudantes brasileiros da rede pública e privada.


A partir disso, o mercado de educação à distância se encontra num momento único de aceleração e investimentos, sobretudo quando tratamos do cenário brasileiro. Segundo levantamento realizado pela Distrito e KPMG, as edtechs representam hoje 57% das startups de maior destaque no país, e somadas receberam um aporte total de US$ 22,5 milhões em 2021, superando em 770% todo o valor arrecadado no ano anterior.

Tendo a tecnologia como um aliado fundamental, as edtechs estão causando uma verdadeira revolução na educação e transformando as salas de aula em ambientes únicos e personalizados, no qual o protagonista será sempre o estudante.

Todo esse alto investimento previsto na área faz com que os alunos passem a contar com novas ferramentas importantes de ensino e crie uma grande expectativa para os próximos anos. Atuando lado a lado com a tecnologia, as edtechs já trazem benefícios como a possibilidade de melhor identificação de dificuldades ou facilidades do estudante em relação às matérias, além de abrir espaço para as próximas inovações, incluindo até mesmo adesão do metaverso no universo escolar, abrindo precedentes para aprendizagens imersivas e interativas.

Apesar da falta de estrutura e apoio básico, que acontece principalmente pela falta de investimentos na rede pública, atuarem, como dificultadores à primeira vista, o setor assumiu essas lacunas como fatores essenciais para impulsionar ainda mais o processo de digitalização do ensino no país. 

Mesmo com o cenário ainda não se mostrando o ideal, já que as ferramentas tecnológicas necessárias não estão igualmente disponíveis a todos, os empreendedores ligados às edtechs já visualizaram no Brasil um local oportuno para o desenvolvimento desse tipo de empresa e a expectativa é bastante positiva, principalmente por conta das sinalizações otimistas do mercado em relação aos fortes investimentos no setor.

Todas essas mudanças que estão acontecendo na educação nos dá algumas certezas: apesar de não alterar a linguagem central do processo de ensino-aprendizagem tradicional, as edtechs irão revolucionar a formatação do ensino. Atuando lado a lado com as soluções tecnológicas, essas startups irão reformular a formatação atual da educação no país e impactarão de forma positiva nos índices educacionais e de desenvolvimento econômico do Brasil.
*Raphael Coelho é CEO e fundador do TutorMundi, plataforma de aprendizagem para escolas que conecta alunos do ensino fundamental II e ensino médio a estudantes universitários em tempo integral, e atuou por nove anos como professor de matemática e física.