O terminal de cruzeiros internacional do Rio de Janeiro, Pier Mauá, participou na última sexta-feira (21 de maio), de uma audiência pública online promovida pela Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados em atenção ao requerimento nº 32/21 de autoria do deputado Herculano Passos (MDB-SP). O tema principal foi sobre os cruzeiros marítimos: cenário atual e perspectivas para o Brasil.
A comissão ouviu o ministério do Turismo, Embratur, pessoas que estão trabalhando para o turismo nacional, Marco Ferraz – Presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil), representando todo o trade dos cruzeiros marítimos que mostrou dados importantes e planejamento da iniciativa privada em investimento de trazer navios para o Brasil e representando os portos do Rio de Janeiro, Salvador e Santos, Américo Relvas, diretor do Pier Mauá.
Américo Relvas se sentiu otimista com o que foi apresentado pelos participantes durante a audiência e com o compromisso de ajudar os cruzeiros marítimos a retomarem mediante ao fato de que não houve temporada 2020/2021 e isso representou um grande prejuízo para o setor.
Entretanto, diferente das outras atividades de turismo que podem ir crescendo gradativamente conforme as barreiras sanitárias forem sendo flexibilizadas, Relvas ficou preocupado com o que pode acontecer com os terminais.
“O terminal de cruzeiros tem uma vida útil curta, ou seja, infelizmente se perdermos o início da temporada, ficaremos mais um ano com receita zero, com consequências imprevisíveis para a empresa e seus colaboradores. Diferente de outros portos estrangeiros, que têm a alta, a média e a baixa temporada, no Brasil, por enquanto, só temos a alta temporada. Desta forma, se não tivermos êxito, se os terminais de cruzeiros aqui no Brasil não tiverem a temporada 21/22, estamos falando em mais um ano sem receita. Outros segmentos do turismo podem ir crescendo aos pouquinhos, já os terminais de cruzeiros ou a gente viabiliza a temporada com os vários aspectos que estão sendo estudados e trabalhados até agosto, setembro, talvez, ou nós vamos perder mais uma temporada”, desabafa Relvas, que cumprimenta a Clia e Abrimar pelos protocolos que vem fazendo nos navios e com otimismo, porque essas embarcações já estão rodando na Europa e começarão a rodar nos Estados unidos em julho.
Um dos principais desafios é que a comissão de turismo possa atuar junto com a Clia e com os terminais para que a Anvisa perceba que os protocolos que estão sendo feitos nos navios e que serão estendidos aos terminais são sérios e confiáveis.
“Os principais terminais dos portos do Brasil estão preparadíssimos para atender com folga essa demanda crescente que a Clia e Abrimar supõem trazer para o Brasil, com mais investimentos possíveis que os acionistas têm condição de fazer e sempre com a parceria operacional com os principais atores dos portos: polícia, receita federal, companhia Docas, e o dono dos navios que é o Marco Ferraz aqui no Brasil”, brinca Relvas.
A receita anual dos navios de cruzeiros é de cerca de 2,2 bilhões de reais por ano de arrecadação de impostos diretos e indiretos. Segundo Relvas, pelo menos 50% desses valores ficam nos portos de embarque, os portos onde realmente o navio atraca. Então podemos falar que perto de 1 bilhão de reais ficam nos três portos mais importantes do país, Rio, Santos e Salvador. Isso fora a criação de empregos diretos e indiretos, que durante a temporada, chega ao redor de 1500/2000 trabalhadores diretos contratados pelos três terminais nas suas várias funções.
Relvas acredita que provavelmente os números apresentados pela Clia referente ao crescimento pós-pandemia vão ser antecipados e que existe uma enorme massa de pessoas querendo viajar.
A pandemia fez com que a temporada de 2020/2021 de cruzeiros marítimos fosse cancelada, nove navios deixaram de ser enviados ao Brasil e R$ 2 bilhões e meio de serem movimentados. O país teve um prejuízo muito grande com a pandemia em especial no setor do turismo marítimo. Empresas estão elaborando protocolos e negociam com a Anvisa para realizar viagens no próximo verão. A previsão é de que a partir de novembro sete embarcações venham para o Brasil.
Foram convidados para a audiência o Coordenador-Geral de Mobilidade e Conectividade Turística, Higor Guerra; Diretor do Departamento de Atração de Investimentos, João Daniel Ruettimann; representantes do Ministério do Turismo; Coordenador Especial de Turismo Náutico da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo – EMBRATUR, Gentil Venâncio Palmeira Filho; Diretor de Gestão e Modernização Portuária da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários -SNPTA, Otto Burlier; Presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos – CLIA BRASIL, Marco Ferraz; Presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catariana – SANTUR, Leandro Mané Ferrari e Américo Relvas, diretor do Pier Mauá.
O ministro Tarcísio de Freitas disse, através de áudio, no último domingo (23/05), que tem havido esforço muito grande do Ministério da Infraestrutura junto com o Ministério da Saúde no sentido de garantir a vacinação dos portuários.
“Teremos agora a testagem em todos os portos e aeroportos Brasil e além disso a inclusão dos portuários como prioridade no plano nacional de imunizações, com recepção de vacinas nessa semana que serão aplicadas em todos os portos do Brasil aos nossos portuários. As primeiras doses já serão enviadas a partir de terça-feira e nós teremos condições de dar início a essa vacinação que é algo extremamente aguardado na categoria. É muito importante para garantir a segurança dos trabalhadores e também uma proteção principalmente contra novas cepas. Vamos continuar trabalhando no sentido de garantia, segurança e proteção dos portuários”, garantiu o ministro.
Toda a audiência foi gravada e está disponibilizada no canal da Câmara dos Deputados através do link https://www.youtube.com/watch?v=1y3KD_r9EsA