Perspectivas de Rondônia em 2040: necessidade de mudanças reestruturantes e dinamismo econômico

Perspectivas de Rondônia em 2040: necessidade de mudanças reestruturantes e dinamismo econômico

Estudos demonstram que sem um processo de grande transformação, o estado nortista enfrentará a discrepância entre crescimento econômico elevado e falta de um desenvolvimento de forma sustentável

Nos dias 1 e 2 de dezembro de 2021, o Instituto Fórum do Futuro, grupo de reflexão independente que promove a integração entre ciência, natureza e tecnologia para o desenvolvimento sustentável do país, organiza o evento “Wake Up Call Amazônia, Já!” para a apresentação do projeto do Polo Amazônico 1, que engloba os municípios rondonienses de Cacoal, Pimenta Bueno e Espigão do Oeste, mais uma iniciativa pioneira do Projeto Biomas Tropicais.

Com promoção também do Sebrae e Sicoob Credip, o evento acontece nos dias 1 e 2 de dezembro, em Porto Velho.

Membro do Conselho Consultivo do Fórum do Futuro, o economista, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais e ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, Paulo R. Haddad, será um dos importantes nomes que comporão a programação de painéis do encontro em Rondônia.

Em sua preleção, ele apresentará um panorama atual e as perspectivas de futuro, com prognósticos até 2040, para o Estado rondonense.

Segundo Haddad, “apesar de ter se organizado como Estado apenas nos últimos quarenta anos, Rondônia apresenta um dinamismo econômico excepcional. A sua renda per capita é maior do que a de todas as Unidades da Federação nas Macrorregiões do Nordeste. Mas, apesar desse progresso econômico acelerado, o Estado está acumulando uma agenda complexa de problemas estruturais de natureza socioeconômica e socioambiental, sendo um dos objetivos primordiais de Rondônia alcançar o padrão médio de vida dos Estados mais desenvolvidos do país”.

ANÁLISE

Ao analisar a situação socioeconômica e socioambiental do Estado de Rondônia, com base em estudos e pesquisas de instituições públicas e privadas locais, Paulo Haddad elaborou um estudo abrangente, que será detalhado em sua palestra no evento de Porto Velho.

“No caso do Estado de Rondônia, o quadro geral é bastante conhecido pelas instituições públicas e privadas, assim como por protagonistas e formadores de opinião que atuam no Estado; a sua população total ultrapassa apenas 1,8 milhão de habitantes, sendo que um terço está concentrada em Porto Velho e sua economia é relativamente pouco diversificada, além de Rondônia ser um Estado jovem na história do País (criado em 1981)”, salienta o ex-ministro da Fazenda.

Haddad ainda enfatiza que indicadores de desenvolvimento social e do uso e não uso do meio ambiente do Estado de Rondônia são preocupantes e merecem ser tratados por políticas públicas específicas.  “No ano de 2003, a lista dos municípios de Rondônia por índice de Gini oscilava entre 0,34 (Campo Novo de Rondônia) e 0,47 (Porto Velho e Guajá-Mirim), com o valor mediano em torno de 0,40. O coeficiente de Gini é utilizado para calcular a desigualdade na distribuição de renda”.

No ano de 2020, o relatório “Síntese de Indicadores Sociais” do IBGE destacou que Rondônia tinha menor Índice Gini entre as populações dos Estados do Norte e Nordeste do Brasil. Já em relação às Capitais, o SIS-IBGE classificou a cidade de Porto Velho na quinta posição.

No ranking das Unidades da Federação, o primeiro lugar é de São Paulo, sendo que Rondônia ocupa o 14° lugar. O município de Porto Velho ocupa a primeira posição no ranking de Rondônia e a 325ª posição no ranking do Brasil.

PROJETO TRANSFORMADOR

O projeto “Polo Demonstrativo Amazônia 1”, a ser implementado nos municípios de Espigão do Oeste, Cacoal e Pimenta Bueno, pretende ser, ao mesmo tempo, uma proposta inovadora para o desenvolvimento da Bioeconomia na Amazônia e um primeiro passo para a grande transformação de Rondônia, tendo como características:

– A inserção na perspectiva conceitual da Economia do século 21, que considera a integração do sistema humano e do sistema natural como um único processo de desenvolvimento sustentável do País, o qual poderá ser conquistado a partir da integração da Ciência e Tecnologia no processo de expansão da economia.

– A incorporação no processo de acelerar o uso sustentável dos recursos naturais renováveis e não renováveis dentro da perspectiva da Revolução Industrial do Século XXI, visando a multiplicar a produtividade da agropecuária brasileira e contribuir para a oferta ampliada de alimentos para a Humanidade.

– Ter como um de seus escopos a estruturação e a implementação do Terceiro Salto da Agropecuária Brasileira, por intermédio de um novo ciclo de inovações estruturantes e incrementais, visando à produção de produtos saudáveis, sustentáveis e resistentes às mudanças climáticas.

SOLUÇÕES

Na percepção de Paulo Haddad, em qualquer política de desenvolvimento regional é fundamental o papel do sistema urbano na oferta de serviços de infraestrutura econômica e social, tanto para potencializar a produtividade total dos fatores de produção como para promover o bem-estar social sustentável das populações locais. “A promoção do desenvolvimento dos municípios de Rondônia é uma condição necessária para uma grande transformação socioeconômica e socioambiental do Estado”, afirma. 

A fim de que a economia rondonense possa passar por uma grande transformação, será necessário que: estruture um novo ciclo de expansão com base em inovações científicas e tecnológicas nos seus principais setores produtivos; reestruture empresas e organizações produtivas dentro dos padrões das modernas corporações do século XXI; erradique a pobreza e a miséria social no Estado; provoque mudanças socioeconômicas e socioambientais dentro de um modelo de desenvolvimento endógeno, seguindo um planejamento participativo.

Sem um processo de grande transformação, no período de 2022 – 2040, o Estado de Rondônia poderá manter uma taxa de crescimento econômico anual superior à taxa de crescimento de sua população, mas terá dificuldades para se desenvolver de forma sustentável.

“Emerge, portanto, a necessidade de um novo estilo de governar baseado num enfoque de perspectiva ou de visão de futuro, no qual as ações programáticas sejam de natureza reestruturantes e não incrementais, vocacionadas para grandes mudanças e transformações econômicas, político-institucionais, e radicais no sentido de buscar as raízes dos problemas”, aponta Paulo Haddad.