Desde 1800 as mulheres lutam diariamente por seus direitos por meio de protestos, denúncias e insistência para que o Governo e a sociedade em geral ofereçam oportunidades iguais para pessoas de ambos os gêneros. Os desafios para ampliar a participação feminina no mercado de trabalho sempre existiram, portanto não é novidade que pessoas do sexo feminino precisam continuar a lutar para vencer nesse espaço e na sociedade. Porém, a pandemia do Covid-19 afetou ainda mais esse desenvolvimento feminino no espaço de trabalho, retirando um total de 8 milhões de mulheres de seus cargos apenas em 2020.
Com esse patamar, o desemprego feminino chegou a um número histórico, maior que em 30 anos no Brasil. Entre 2019 e 2020, o Brasil registrou uma queda de 10% no número de mulheres empregadas. Os números de homens ocupados que perderam seus empregos na pandemia foi menor que o de mulheres, sendo 7% em comparação aos 10% de mulheres ocupadas na pandemia. Então é possível notar que o impacto da pandemia foi muito maior em pessoas do sexo feminino que masculino e há razões claras para isso, além do preconceito e machismo enraizado na sociedade brasileira.
Esses impactos reverteram a lenta recuperação do desemprego que o país estava enfrentando desde 2017, inclusive com a ocupação feminina tendo os maiores números em 20 anos dentro de empresas, start ups e agências. Esse foi o menor patamar para o nível de ocupação feminina da série histórica analisada, de acordo com a Pesquisa de Amostra por Domicílios Contínua Trimestral 2012 a 2020, do IBGE.
Sendo assim, analisando esses dados, é preciso compreender por que a pandemia afetou mais as mulheres do mercado de trabalho, por que, afinal, 8 milhões de mulheres perderam suas ocupações e como fazer para recuperar os números positivos para o sexo feminino no mercado de trabalho.
Quais as estatísticas das mulheres no mercado de trabalho brasileiro?
Atualmente, apesar dos avanços, ainda é possível ver alguns problemas óbvios dentro do mercado de trabalho brasileiro que apenas mulheres acabam sofrendo. Um dos dados possíveis de apresentar é que, em 2019, o IBGE viu que as mulheres ganham apenas 70% do salário que homens ganham, sendo que elas possuem desempenho igual ou superior a esses homens em um cargo do mesmo nível. Ou seja, há ainda uma desigualdade grande em relação ao lucro do sexo feminino.
A Liderança Feminina também está em falta em várias empresas do país. Apenas 3% das maiores empresas do Brasil possuem uma CEO ou uma mulher em cargo de chefia ou gestão, sendo assim, o número ainda é extremamente baixo. Porém, as empresas que investem na liderança de mulheres costumam a ter resultados melhores e maior produtividade quanto aos CEOs homens. Por isso, é preciso que a diversidade esteja presente na diretoria e nos conselhos de administração.
Por que a pandemia afastou ainda mais as mulheres do mercado de trabalho?
Enquanto o machismo e preconceito são razões óbvias para que 10% das mulheres tenham perdido seus cargos enquanto apenas 7% dos homens tenham passado pelo mesmo na pandemia, é preciso citar também uma razão que, apesar de parecer óbvia, muitas pessoas esquecem ao considerar esses dados: a grande parte das mulheres não trabalham apenas fora de casa.
Números demonstram que mulheres passam, em média, 21 horas por semana fazendo trabalhos domésticos dentro de suas casas, ou seja, limpando, cozinhando, cuidando dos filhos e etc. Homens passam apenas uma média de 11 horas fazendo o mesmo, sendo assim mulheres possuem muito mais responsabilidade doméstica que o sexo masculino.
Durante a pandemia, crianças ficaram impossibilitadas de irem para a escola, sendo assim as mães ficaram responsáveis por cuidar dos pequenos quase que 24 horas por dia, especialmente mães com crianças entre 1 e 9 anos de idade, uma etapa da vida onde a criança ainda não possui a independência o suficiente.
Ações práticas para amenizar os impactos em emprego e renda da crise do COVID-19
Apesar da grande perda, o Governo do Brasil tentou grandemente amenizar esses números, apesar de ter tomado uma ação tardia sobre a causa. Foi criado o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, além de possibilitar a preservação de empregos formais, previa o pagamento do Benefício Emergencial para quem tinha direito. A maioria dos beneficiados foi mulheres, sendo um número de 52%.
Quais os caminhos para avançar mais na recuperação do emprego para as mulheres
Para driblar essa crise que piorou ainda mais para o sexo feminino, é preciso notar que as próprias mulheres podem tentar investir em suas habilidades, fazendo cursos de longa e curta duração nas áreas que estão, atualmente, em ascenssão, como a da tecnologia. Em âmbito do Governo, é preciso que o pensamento sobre moderniza as regulações seja urgente, além de pensar na proteção social dos trabalhadores, especialmente das mulheres.