Você pode empreender baseado num sonho, na sua vocação ou mesmo na pura necessidade de sobrevivência. Pode empreender em um negócio próprio ou mesmo para uma empresa onde trabalha ou presta serviços e, neste caso, chamamos de intraempreendorismo, tal como inventar um negócio, produto ou serviço dentro de uma empresa.
Meu caso de empreendedorismo coincide com a criação do Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais (IMAM) e vários produtos e serviços ao longo destes quase 50 anos de vida profissional.
A arte de empreender começou ainda na minha juventude, por pura necessidade.
Ministrar aulas em cursinhos foi um começo. Assim que ingressei na Faculdade, baseando-se em centenas de aulas, pensei em algo semelhante e inovador para os interessados em ingressar em escolas estaduais. A partir daí, em 1970, criei um cursinho para admissão no vestibulinho (curso de admissão ao antigo ginásio) destas escolas, denominado de “REAL” (antes do Banco Real assumir o Banco da Lavoura de Minas Gerais), ou seja, “RE” de Reinaldo e “AL” de Alni de Oliveira Campana, meu sócio neste empreendimento.
A empreitada envolveu escolher um local, divulgar aos alunos do 4º ano do antigo primário, confeccionar apostilas e entregar o conteúdo em sala de aula, ministrando tudo aquilo que era exigido num vestibulinho. Isto durou dois anos pois, com o crescimento do número de escolas estaduais, passaram a sobrar vagas nos cursos ginasiais.
Estava, então, consolidada a minha primeira experiência prática de um empreendimento que deu certo e com o qual eu também, obviamente, tive a oportunidade de aprender com os erros.
Valeu a iniciativa, porque nove anos depois, esta experiência me deu confiança para criar o IMAM, baseado numa associação americana de fabricantes de equipamentos de movimentação de materiais, porém com foco voltado ao treinamento dos usuários destes equipamentos, algo inédito no Brasil.
Contudo, somente treinamento era pouco para minhas ambições, e eu necessitava demonstrar a aplicação dos conhecimentos. Assim, criei a IMAM Consultoria, destinada a resolver os problemas pontuais, onde os clientes não possuíam uma mão de obra especializada em movimentação de materiais ou demandavam um longo tempo para treinar e capacitar profissionais para desenvolverem um projeto do início ao fim, aprová-lo, auxiliar na aquisição e instalação dos equipamentos.
E as iniciativas continuaram. Paralelamente ao funcionamento do Instituto IMAM e da IMAM Consultoria, escrevi vários livros derivados das apostilas dos cursos que ministrava e também da primeira revista a explorar o assunto da logística de forma abrangente até completar 40 anos, em 2019.
Mas o Grupo IMAM não fincou apenas estes quatro pés (negócios). Criei também a maior Feira do segmento em 1981 – a MOVIMAT, um empreendimento que gerou ótimos resultados, para a IMAM e para os clientes, até 2012. Era realizada anualmente em São Paulo, intercalada com o nome de Salão da Logística, e regionalmente em Porto Alegre, Caxias do Sul, Joinville, Salvador e Recife, com o nome de Logismat.
Para mim, empreender foi mais do que sonhar alto. Foi assumir riscos, saindo a campo e entregando o melhor em produtos e serviços.
Segui empreendendo também no exterior, realizando inúmeras viagens de estudo à Ásia (Japão, Coréia, Cingapura e China) e também à Europa (Alemanha, Inglaterra e Itália) e Estados Unidos, acompanhando participantes das missões e/ou realizando benchmarking para o Grupo IMAM atender seus clientes.
Fechei um ciclo de empreendedorismo com a publicação da autobiografia dos 70 anos, lançada neste ano. Mas a história de empreendedorismo não se encerra aqui, pois está nos meus planos a visita ao Vale do Silício, tão logo o fim da pandemia permita e as condições no exterior aceitem os brasileiros, e certamente mais ideias e “insights” virão pela frente.
*Reinaldo A. Moura é engenheiro industrial, ex-professor universitário, escritor , fundador do Grupo IMAM (Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais) e autor do livro “Uma Autobiografia dos meus Primeiros 70 anos”.