*Raíssa Marcon
O mundo da cibersegurança não apenas evolui rapidamente, mas também se transforma de forma disruptiva, apresentando novos desafios e oportunidades a cada passo. Recentemente, ao participar de dois grandes eventos globais da área, o BlackHat USA 2024 e o DEF CON 32, tive a chance de testemunhar em primeira mão como essas mudanças estão reformulando o panorama da segurança digital. Esses encontros trouxeram à tona inovações tecnológicas de ponta, ao mesmo tempo em que destacaram questões urgentes que precisam ser abordadas para garantir um futuro digital mais seguro.
Estar imersa em eventos em que a tecnologia e o conhecimento especializado são o foco revelou um cenário que é fascinante, mas que não deixa de ser preocupante. A onipresença da Inteligência Artificial (IA) é inegável. Já não se trata mais de uma promessa para o futuro, a IA é uma força transformadora presente, impactando profundamente todos os aspectos da cibersegurança. Desde a automação de tarefas operacionais até a execução de atividades complexas de “threat hunting”, a IA está revolucionando a maneira como as ameaças são detectadas e respondidas.
No entanto, esse avanço vem acompanhado de novos desafios, como a necessidade de desenvolver métodos robustos para proteger a própria IA de ser explorada como uma vulnerabilidade por atores mal-intencionados.
Com a adoção crescente da IA, surge uma responsabilidade proporcionalmente grande: proteger essas ferramentas poderosas de serem exploradas por ameaças emergentes. A inteligência artificial não só facilita a defesa contra-ataques cibernéticos como também pode se tornar um vetor de ataque, criando superfícies vulneráveis. Para as organizações, isso significa que não basta apenas adotar a IA, é determinante implementar estratégias de segurança que antecipem as formas pelas quais esses sistemas poderiam ser comprometidos. A segurança precisa evoluir para proteger tanto contra os ataques conhecidos quanto contra aqueles que ainda estão surgindo no cenário digital
Outro aspecto que ganhou destaque nos debates recentes é a sofisticação crescente das ferramentas de automação e orquestração de segurança, conhecidas como SOAR (Security Orchestration, Automation, and Response). Inicialmente vistas como tecnologias avançadas, essas ferramentas evoluíram para se tornarem elementos essenciais em qualquer infraestrutura de segurança robusta. A capacidade de automatizar respostas a incidentes e coordenar ações entre diferentes sistemas não é mais um luxo, mas uma necessidade. Empresas que ainda não adotaram essas soluções enfrentam um risco considerável de serem ultrapassadas em um mercado onde a agilidade e a eficácia são cruciais para a sobrevivência.
Estamos à beira de uma transformação radical na cibersegurança. A integração da IA, o avanço da automação e a proteção de infraestruturas críticas, são apenas algumas das áreas que exigem atenção redobrada. Para os profissionais de segurança, isso implica uma necessidade constante de adaptação e evolução. Devemos abraçar essas mudanças com uma mentalidade aberta e inovadora, desenvolvendo novas estratégias que possam responder efetivamente às ameaças dinâmicas de um panorama em constante mutação. Apenas através de uma abordagem proativa e colaborativa podemos garantir um ambiente digital verdadeiramente seguro para o futuro.
Raíssa Marcon é Líder de SOC na Teltec Solutions