Mitos e verdades sobre fluoretação da água

Mitos e verdades sobre fluoretação da água

Desde que o método foi inserido nas grandes cidades, casos de cáries diminuíram 65%

O flúor está entre as principais ferramentas para evitar cáries — que, sem tratamento, provocam dor e até a perda dos dentes. Como nem todas as pessoas têm acesso a itens de higiene bucal, a substância é colocada nas águas de abastecimento de grandes cidades. Apesar dos seus benefícios comprovados, ainda é preciso esclarecer alguns mitos e verdades sobre o mineral. 

A perda de dentes em decorrência de deterioração já foi uma questão grave no Brasil. De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), desde que o método de inserir flúor na água das cidades teve início, em 1950, os casos de cáries diminuíram 65%. 

Vale ressaltar que, em relação ao consumo de água, é necessário verificar as especificações de cada filtro utilizado nas residências para saber se ele conta ou não com sistema de neutralização do flúor em particular. De modo geral, o uso do purificador de água, essencial para o consumo humano do líquido, não retira a substância. O mais comum é a neutralização do cloro e a retenção de partículas. 

Marco Antônio Manfredini, cirurgião-dentista do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), esclarece à imprensa que, quando bactérias que vivem na boca entram em contato com o açúcar ingerido, inicia-se um processo de fermentação que corrói os dentes, chamado de desmineralização. 

O flúor — mineral encontrado na natureza e com propriedades benéficas para os dentes — estimula a remineralização, porque interrompe o processo de perda estrutural. Para impedir que a cárie se agrave, dentistas aplicam a substância em lesões iniciais. 

O método de fluoretação da água é recomendado, ainda, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos listou a medida como uma das dez mais importantes para a saúde pública. 

Conheça alguns mitos e verdades por trás do mineral.

O flúor é uma substância poluente

Mito. Mesmo com dados de diversas entidades internacionais, existem grupos originados nos Estados Unidos que condenam o flúor. Uma das justificativas é afirmar que ele seria poluente. 

A substância, contudo, é utilizada há pelo menos 70 anos pelo mundo. A segurança já foi atestada, e os resultados para a saúde bucal da população estão consolidados. Cortar esse benefício, na análise de Manfredini, seria penalizar grupos mais vulneráveis, que não têm condições econômicas de visitar o dentista regularmente ou de comprar cremes e escovas dentais. A presença do flúor na água é o que garante a prevenção de cáries nesses indivíduos.

Excesso de flúor faz mal para os dentes

Verdade. Qualquer componente químico consumido em excesso pode ser prejudicial à saúde. Por isso, os índices de flúor na água são periodicamente monitorados pelas autoridades responsáveis. O contato exagerado provoca a fluorose dentária — alteração no esmalte que provoca pequenas manchas nos dentes. Existem diversos graus do quadro; alguns praticamente imperceptíveis, enquanto outros prejudicam a estética. 

De maneira hipotética, a ingestão excessiva de flúor também poderia afetar os órgãos gastrointestinais. Mas, para isso, seria preciso uma dose absolutamente elevada. Em entrevista à imprensa, a professora de química da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Angela Raimondi explica que, nesse caso, a intoxicação ocorreria em longo prazo e levaria anos. 

Assim, se a dose de flúor na água estiver um pouco acima do recomendado, as autoridades têm tempo de fazer as alterações necessárias para evitar quaisquer danos. 

Conforme portaria do Ministério da Saúde, o padrão máximo de flúor permitido nas águas é de 1,5 miligramas por litro. Mas a fluoretação não precisa, necessariamente, chegar perto do limite para trazer benefícios. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por exemplo, adota uma média de 0,6 a 0,8 miligramas por litro. 

O flúor previne a cárie

Verdade. Essa proteção ocorre porque o flúor, em contato com os dentes, deixa a estrutura do esmalte mais resistente. Dessa forma, acaba sofrendo menos com as agressões provocadas por ácidos liberados pelas bactérias. 

É importante saber que o flúor não mata esses micro-organismos, somente deixa os dentes mais fortes. Assim, ainda existe a possibilidade de a cárie se manifestar.

Usar creme dental sem flúor deixa os dentes fracos

Mito. Embora usar um creme enriquecido com flúor ajude a manter os dentes mais resistentes às cáries, escolher um que não contenha esse mineral não vai fazer mal.

Optar por produtos com fluoretados na dose recomendada é uma forma de garantir uma proteção extra. Os dentistas enfatizam, ainda, que aprender a maneira correta de escovar os dentes e usar o fio dental no dia a dia é o método mais eficaz para evitar as cáries e outros problemas associados.