Não, você não leu Saravá, interjeição brasileira de cumprimento entre as pessoas, este artigo versa sobre o aplicativo Sarahah, que em árabe quer dizer franqueza.
Um aplicativo simples de mensagens com duas regras básicas:
- Toda mensagem é anônima (você envia a pessoa que quiser e ela jamais saberá quem enviou);
- Você recebe a mensagem, mas não pode respondê-la;
Em bom português, você recebe um elogio, uma crítica, um xingamento, ou qualquer manifestação, irá ler, processar internamente no âmago da sua existência e depois disto refletir, pois nada mais resta a fazer.
Um verdadeiro experimento antropológico de como as pessoas pensam a nosso respeito, podendo afirmar isto sem pudores, sem medo de represálias.
Parece interessante, não?
Contudo, aqui não quero abordar os aspectos psicológicos de quem envia ou recebe, mas aspectos jurídicos e de gestão. Bora lá?
Aspectos Jurídicos
Se você receber um xingamento, pode ser um crime (injúria, calúnia – difamação não se aplica, é privado o aplicativo e as mensagens); pode ser uma ameaça; pode ser um aviso de ato terrorista; Enfim, papel aceita tudo, inclusive crimes.
Estaremos diante da mesma realidade aplicada a Facebook, Whatsapp e outros, vamos entrar com ações judiciais para que o aplicativo informe quem enviou a mensagem e possamos ajuizar a respectiva ação criminal ou responsabilidade indenizatória?
Precisamos perceber como advogados que um simples aplicativo de mensagens tem muito mais do que apenas diversão ou inúmeras pessoas baixando, transformando o mesmo em moda. Estamos diante de um potencial imenso de direitos ofendidos e, portanto, com imensa atuação profissional jurídica.
Ver o marketing jurídico é tarefa inerente a advocacia em todos os aspectos da vida social.
Aspectos de Gestão
Muito além do jurídico, e inclusive do social, onde estamos diante de pessoas que não conseguem dizer algo diretamente a outra e usam deste subterfúgio para dizer supostas “verdades” a outras, estamos com regras que nos recordam muito regras de Compliance e integridade.
Compliance nos mostra as regras a serem cumpridas, enquanto a integridade a cultura das regras determinadas. Uma das regras para sua implantação é a ouvidoria que deve ser receptiva anonimamente para ter segurança do que foi denunciado.
Até aí temos uma regra que é montada para ser recebida por um canal interno da empresa com pessoas que poderão ter liberdade de resolver a situação.
Será que todos nós estamos preparados para ouvir denúncias sobre nós mesmos? Com que filtro receberemos esta informação? Ataque pessoal? Aceitaremos como processo de mudança? Seremos críticos e isentos para compreender o que está sendo dito? E quem fala, como não sabemos quem é, tem isenção para falar o que falou a nosso respeito?
Enfim,
Um simples aplicativo, uma ideia simples. Consequências psicológicas, jurídicas, sociais e quiçá processuais…
E para você? Quais impressões este aplicativo se traduz?
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Sou Gustavo Rocha
CEO da Consultoria GustavoRocha.com – Gestão, Tecnologia e Marketing Estratégicos
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