A grande luta da plataforma digital

A grande luta da plataforma digital

Por Cesar Velloso, Country Manager do Gartner para o Brasil

A grande luta da sua plataforma digital começou. Ajuste o relógio porque você vai voltar para o futuro e para aquele velho déjà vu. A batalha para a propriedade das plataformas digitais, na qual todos os interessados agregam valor uns para os outros, já começou. E essa disputa promete ser a melhor delas desde o tempo do domínio dos sistemas de gestão empresarial, os ERP lá dos anos 90 que ainda demandam nossa atenção e consomem nosso orçamento para administrar o que sobrou.

A boa notícia para os CEOs é que há excelentes oportunidades para as empresas que pretendem inovar, liderar e acertar na criação de novas plataformas digitais que atendam às necessidades dos clientes melhor que os sistemas dos concorrentes. A má notícia para os que estão ouvindo falar dessa revolução pela primeira vez é que, basicamente, você já sai perdendo. O mercado já está se movimentando. Mas, não se desespere. Antes tarde do que nunca, ainda é possível mudar e seguir em frente.

Temos um ringue. No corner azul estão os campeões pesos-pesados, empresas com muitos ativos e muito tempo de estrada que já têm uma carta na manga para conquistar seus clientes. São as empresas com plataformas emergentes como a ‘Predix’ da GE, o conceito de carros conectados da GM e a plataforma da Caterpillar para máquinas conectadas. Essas empresas já estão criando novas estruturas proprietárias baseadas em um ecossistema de parceiros sólidos e de tecnologias digitais que geram fontes totalmente novas de receita para todos os integrantes em suas áreas de atuação, mas oferecendo valor diferenciado para seus clientes.

No lado oposto, no corner vermelho, estão os campeões pesos-leves. São empresas sem muitos ativos, criadas como plataformas digitais e que, agora, estão olhando além da sua área de atuação para derrotar as companhias tradicionais. São empresas como o Google, em busca de novas oportunidades de negócios como os carros autônomos.

Ao contrário de um ringue tradicional, com dois competidores, essa arena tem um corner amarelo, pois, afinal, não é uma luta qualquer. Tem mais competidores entrando no ringue.  Por essa área, surgem os Apps que estão criando novas interfaces para os clientes baseadas nos pontos fortes das empresas pesos-pesados e pesos-leves. Alguns exemplos são o ‘Nest’ e no ‘Echo’, da Amazon, para conectarem residências e no ‘Healthkit’, na medicina. Elas estão atraindo novos clientes para as suas plataformas digitais fundamentadas principalmente na entrega de uma experiência de melhor qualidade para os usuários conectados.

Para surpresa de todos, temos também o corner verde. Nele, está a interface digital virtual, armazenada em Cloud (Nuvem) para os consumidores. Ela funciona de uma maneira diferente, independente da plataforma do provedor, da plataforma dos Apps e até a do sistema operacional. Cuida do mundo conectado, a partir de qualquer lugar e de qualquer dispositivo.

Você já deve ter chegado a conclusão óbvia de como essa luta está montada. Embora todos estejam lutando contra todos para ganhar a plataforma no seu mercado vertical ou horizontal, todos os competidores também têm que se unir para oferecer a experiência de cada um para os clientes. Agora que toda companhia virou uma empresa de tecnologia, as regras da concorrência mudaram. Por isso, elas se transformaram em melhores amigos, até que você leve o concorrente à lona.  O caminho é longo até que todos estejam como no mercado de ERP, com apenas dois nomes dominando.

Porém, não basta sentar em um lugar caro ao lado do ringue. Você precisa entrar de fato na disputa para chegar lá. O Gartner indica que:

– A estratégia digital agora é a estratégia da sua empresa. Pare de pensar que só existe uma estratégia digital e uma corporativa. Elas são uma única estratégia;

-Você precisa repensar a estrutura da sua empresa. O que funcionava no mundo analógico, do ponto de vista organizacional, não vai funcionar no digital. Você precisa de uma estrutura corporativa bimodal;

-Talento é fundamental. Peça que o responsável pelo RH crie uma estratégia para detectar novos talentos que possam ser úteis nessa nova era digital. Não esqueça de envolver o RH no desenvolvimento de habilidades internas no negócio digital. Sua empresa precisa acompanhar seus clientes na experiência digital;

-Concentre o foco na experiência do seu cliente digital. Alguém da sua equipe de liderança precisa coordenar isso ou ficar responsável por toda experiência do cliente. Só não se esqueça de que a experiência digital e a analógica do cliente estão entrelaçadas;

-Os algoritmos são fundamentais para o seu negócio digital. Eles são o centro de tudo. Eles serão o diferencial da sua estratégia. Passe essa responsabilidade para o Chief Data Officer.

Importante dizer que os líderes ainda não estão definidos. Portanto, a sua empresa ainda tem tempo para entrar nesse ringue e lutar pela sua plataforma digital do futuro!

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