Parte II – A Doença do Poder.
Antes de assumir aquele cargo era um ótimo colega, uma pessoa que dava para confiar, fazia de tudo para ver um colega feliz. Foi só crescer um pouquinho para o poder subir pra cabeça. Quantas vezes você e nós temos visto essa situação se repetir? O que o poder tem que mexe tanto com os valores dos seres humanos?
Lord Acton, historiador britânico do século XIX, se tornou famoso por declarar que “todo poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”. O Guarda se sente dono da praça, o Flanelinha dono da rua, o Presidente dono do país, você sabe com quem está falando? As autoridades donas de privilégios. É muito claro que a maior parte das pessoas sofre desequilíbrios emocionais e transtornos quando ocupa aquela cadeirinha que deseja personificar e eternizar, seja nas mais variadas esferas da sociedade: diretores; chefes; gerentes; dirigentes sindicais; políticos ou mesmo lideranças religiosas.
Via de regra falta para aqueles que chegam ao poder princípios. Entendendo princípios como um conjunto de atitudes que a cabeça pense em auxiliar os outros e não em dominar os outros, que os encontros se estabeleçam para o bem comum e não para o interesse particular, que os propósitos sejam para felicidade alheia e não para a tristeza de quem se contrapõem as nossas ideias.
A doença é fruto dos maus hábitos. Seja nas ciências médicas ou no que diz respeito às ciências comportamentais. Na Gestão de Pessoas os primeiros sinais de que alguém está sofrendo da doença do poder é que logo se cerca de bajuladores, assessores tem tanto quanto a organização lhe permitir (formais e informais), o guarda-roupa muda e as expressões passam a ser pomposas e faz de tudo, inclusive premiar, aqueles que lhe fazem homenagens, convites especiais, como também ele irá prejudicar aqueles que não fazem.
Quem se afeiçoa ao poder é sempre muito carente, seja uma pessoa, uma empresa ou um país. O poder é sempre conservador e relutante a inovação. Duvidará de tudo e de todos, viverá com medo, se manterá num quadrado fechado para que outros não descubram suas fragilidades, manterá uma auto-imagem de onipotência, só dará ouvidos a quem diz amém as suas iniciativas, matará qualquer sentido voltado para mudanças e como todo carente terá ciúmes daqueles que se relacionam com ele. Quem se afeiçoa ao poder vive e faz outros prisioneiros. Uma cumplicidade feita das mesmas grades. A falta de liberdade.
A maior enganação dos detentores de poder está na ilusão. São iludidos que é deles o poder de promover pessoas, que é deles o poder da tomada de decisão, de aprovar projetos, de estabelecer metas, de constituir indicadores, de instituir importâncias, de direcionarem o rumo das coisas, de colocarem pontos finais onde caberia reticencias. Esse circulo, ou porque não dizer circo centralizador, dá enorme vazio e muitas dessas pessoas acabam tendo doenças como depressão, síndrome de pânico e mesmo neuroses, quando se descobrem iguais, com menos capacidades ou substituíveis por outras.
Desapegar-se do poder é apegar-se ao servir, ao amor, a cooperação, a temporalidade de tudo, a mudança, a diversidade, a inclusão, a possibilidade para todos, ao compromisso como a melhor expressão de qualidade na saúde mental, ao diálogo como autor e personagem de uma gestão de pessoas centrada na igualdade. Quando nos desapegamos do poder nos oportunizamos a viver nossos sonhos. E para o sonhador não importa de quem será a última palavra, pois ela não existe. Porque o sonho não tem fim, o poder sim!
A única maneira de bem viver com o poder é aceitar que ele emana do outro e não é possível tentar comprar, o desafio é conquistar! E conquistar o poder nada mais é que Liderar, sim facilitar e alcançar o sonho coletivo!
Paulo Ricardo Silva Ferreira
Educador Facilitador. Presidente do Instituto Eckart Desenvolvimento Humano e Organizacional. Doutor em Ciências Empresariais pela Universidade de Leon/Espanha, administrador de empresas, curso de psicologia, pós-graduado em administração hospitalar. Professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação. Consultor em estratégia empresarial, desenvolvimento organizacional (DO), comportamento, mudança intervencionista e inteligência empresarial da Eckart Consultoria. Presidente da Fundação dos Administradores do Rio Grande do Sul. Palestrante nacional destacado pela abordagem multidimensional das organizações, abordando temas como valores humanos, ética, comportamento e desenvolvimento humano continuado e pensamento estratégico.
Redator: Sander Machado
Profissional de comunicação, redator. Coordenador do Núcleo Celebração do Instituto Eckart. Diretor Criativo da ILê Comunicação. Entre outros prêmios já conquistou Top Nacional de MARKETING ADVB, ESPM/RS, Mérito Lojista, ANAMACO e Central Outdoors.