Proprietária da My Toy Brinquedos, Karla Badaró Verbena, afirma que mais da metade dos pais tem mostrado preocupação com o excesso de jogos eletrônicos
Preocupados com o uso excessivo das tecnologias, uma parcela crescente de pais tem procurado brinquedos não eletrônicos, como cartas, bonecas e jogos de tabuleiro. A observação é da proprietária da My Toy Brinquedos, Karla Badaró Verbena. “Ainda vemos muitos pais incentivando os filhos a ficarem no celular porque não querem ter trabalho, infelizmente. Mas vejo que uns 60% buscam alternativas fora dos eletrônicos”, afirma.
Karla treina seus funcionários e oferecerem sempre opções que não apenas distraiam, mas que também gerem aprendizado e bons momentos de socialização. “Eu sempre oriento os funcionários a indicarem brinquedos que agreguem tempo em família, adoro brinquedos de montar, educativos e jogos em grupo que tirem a criança do celular, que a façam interagir com a família e os amigos”. De acordo com a empresária, ainda são muitos os pais que buscam o caminho mais cômodo de oferecer celulares aos pequenos, “já vi muitos pais falando que não querem tirar o celular dos filhos porque não querem ter trabalho com eles, dão os celulares de última geração às crianças, há aqueles que incentivam mesmo, infelizmente é assim”. Entretanto, também são muitos os adultos nostálgicos que procuram a loja em busca de brinquedos de sua infância, como Dama, Detetive, Banco Imobiliário, Barbie e Pogobol. “Esses brinquedos são clássicos e são muito vendidos, bonecas como a Barbie, por exemplo, nunca deixaram de fazer sucesso, há mais de 50 anos são as mais vendidas e isso não deve mudar”.
Malefícios do excesso de tecnologia
A tecnologia, quando dosada, não é ruim, ao contrário, é construtiva para o aprendizado. Os perigos estão no uso excessivo, conforme revelam inúmeras pesquisas. Uma das mais notórias é a do neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, que escreveu o livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”. Na obra ele apresenta dados concretos sobre como o desenvolvimento neural de crianças e jovens tem sido afetado pelo uso desmedido de dispositivos eletrônicos. Segundo ele, testes de QI (Quociente de Inteligência) têm apontado que as novas gerações são menos inteligentes que as anteriores. A sugestão de especialistas é dosar o tempo de uso e incentivar as crianças a terem outras atividades, como brincar ao ar livre e passatempos que incluam jogos de cartas, pinturas, desenhos e esportes. Algumas febres entre os pequenos, como o slime e os mais recentes pop it têm se mostrado alternativas modernas para driblar os smartphones.