Debate ocorreu durante o lançamento da Rede Soja Sustentável, realizado no último dia 15 de abril, em São Paulo
Nos últimos anos, temos testemunhado um fenômeno sem precedentes no mundo da informação e comunicação: o colapso progressivo do protagonismo da mídia convencional diante do avanço avassalador da mídia instantânea. Neste contexto, surge a necessidade urgente de repensar o papel da mídia convencional e celebrar o valor da ciência tropical na sociedade contemporânea.
Segundo Fernando Barros, diretor do Instituto Fórum do Futuro, a comunicação é uma peça-chave na promoção e compreensão das soluções tecnológicas e científicas voltadas para o setor agrícola. De acordo com Barros, isso representa um grande passo para conectar a produção agrícola com o consumo urbano e para comunicar efetivamente os benefícios das práticas sustentáveis para toda a cadeia produtiva.
Por outro lado, a ciência e tecnologia também enfrentam seus próprios desafios para se destacarem nesse debate global. Apesar de trazerem contribuições comprováveis aos grandes desafios contemporâneos, como sustentabilidade ambiental e segurança alimentar, enfrentam barreiras para uma efetiva aceitação no cenário internacional. A perda e a lentidão na aplicação prática de tecnologias sustentáveis são reflexos dessas barreiras. “A Amazônia poderia ser um celeiro global de produtos naturais, mas como não tem a ciência que a gente já tem aplicada, ela é a maior fonte de miséria e de baixa renda do Brasil”, sintetiza Barros.
Na visão de Paula Packer, chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, é preciso uma estratégia de comunicação integrada entre os diversos atores do setor agrícola e os órgãos governamentais, de modo a informar e mostrar de forma transparente e eficaz os indicadores de sustentabilidade do agronegócio brasileiro para o mercado internacional.
Corroborando com o mesmo pensamento, Sergio Rocha, CEO da Agrotools, explicou sobre o início da empresa e mostrou como a tecnologia e os dados que eles armazenam de diversas empresas têm sido fundamentais para superar os desafios do setor agrícola brasileiro e para construir uma narrativa positiva perante o mercado global da produção agrícola brasileira.
Presente no evento, o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, acredita que deva haver uma integração da agricultura de forma consistente com as necessidades urbanas, como o ocorrido com o Proálcool. Um grande exemplo de visão estratégica governamental que transformou a cana-de-açúcar não apenas em uma alternativa sustentável, mas também como grande impulsionador da economia e da produtividade do setor agrícola brasileiro.
“Com toda essa ideia, quando eu virei ministro da Agricultura, havia também uma preocupação grande com a soja, pois existia uma explosão de produção. Assim que eu cheguei ao Governo, eu propus a questão do biodiesel como um instrumento também adicional para o produtor de soja. A ideia era agregar valor à soja e com isso ter uma contribuição também no setor urbano. Um programa que integra o rural e o urbano, e que é sustentável. Uma ação que é muito positiva para o Brasil em termos de produção, renda rural, benefício urbano e sustentabilidade.”
E para superar antigos e novos desafios, será preciso promover debates mais amplos e inclusivos, com questões que integrem diversas perspectivas. Segundo o ex-presidente do CNPq, Evaldo Vilella, será fundamental a construção de uma rede de comunicação horizontal e colaborativa entre os diversos atores do setor agrícola. Dessa forma, de acordo com Evaldo, será possível formar soluções eficazes para os desafios de toda a cadeia produtiva agrícola brasileira, de modo a tornar a ciência e tecnologia mais acessíveis e compreensíveis na hora de comunicação para todo tipo de público.