CIO da ClosedGap fala sobre o potencial das NFTs e menciona exemplos de como elas já estão presentes na vida das pessoas
São Paulo, agosto de 2022 – Um dos assuntos mais comentados nas rodas de tecnologia tem sido a tokenização de ativos – resultado da maturidade do ecossistema de inovação e dos desenvolvimentos das novas tecnologias. Mas a verdade é que este é um tema ainda nebuloso para a maioria dos brasileiros e que poucos entendem sua importância na gestão de inovação. Logo surge a dúvida: o que significa tokenizar algo e para que serve?
“Tokenizar é colocar algo físico e palpável em formato digital, de forma que possa ser transmitido como informação via celular, por exemplo”, explica Marco Poli, CIO da Closedgap, consultoria especializada em soluções de transformação digital para outras empresas. Segundo ele, há dois tipos de tokenização: a fungível, feita para artigos que não são únicos e podem ter intercambiados, como moedas e ações de empresas, e a não fungível, os tão falados NFTs.
Para Poli, no mundo atual, faz cada vez mais sentido transformar ativos em NFTs, uma vez que estes deixam de ser analógicos e passam a ser digitais. Como exemplo, ele cita a alavancagem da arte digital dentro deste universo, onde é possível representar uma gravura, um quadro, uma figurinha, uma fotografia ou um texto específico em uma única versão, devidamente registrada no nome de um proprietário.
Para se ter uma ideia do potencial deste mercado, uma das obras de arte mais caras já comercializadas foi vendida no universo das NFTs. Denominada Everydays: The first 5000 days, assinada pelo famoso artista digital Mike “Beeple” Winkelmann, ela custou US$ 69,3 milhões na Christie’s. Foi a primeira vez que a conhecida casa de leilões vendeu uma obra de arte puramente digital.
Este é apenas um exemplo de como a tokenização pode ser presente na vida das pessoas. “A grande vantagem é que, no mundo digital, os ativos tokenizáveis são rastreáveis, o que faz com que as suas operações sejam seguras e transparentes. Não podem existir dois proprietários de algo que é único, e isso fica devidamente documentado pela tecnologia Blockchain, utilizada nas tokenizações”, informa o CIO. Ele lembra ainda que o NFT pode ser replicado, desde que fique marcada a forma de replicação.
“Os tokens estão cada vez mais presentes na nossa vida. Em um mundo cada vez mais digitalizado, a tendência é que a tecnologia seja aplicada de forma ampla para garantir mais segurança contra roubos, com transações feitas eletronicamente entre o proprietário dos ativos e os investidores, através de carteiras digitais e sem terceiros envolvidos”, explica o executivo.
Outro exemplo mencionado por ele são as empresas que já estão comercializando imóveis no metaverso. As unidades são individualizadas via tokens, e no futuro isso pode representar as matrículas desses imóveis. “Em vez de escrever em um livro como os cartórios fazem, será possível gerar nft e fazer toda a transação, mantendo um histórico seguro de tudo o que aconteceu com o imóvel”, salienta Poli, ressaltando que o mesmo pode ser feito com uma ação de empresa na Bolsa, por exemplo. “Tudo o que se faz no mundo real pode ser feito no virtual com as NFTs.
“Contudo é importante ressaltar que apesar da tokenização estar em alta, se tornando até mesmo um modismo, trata-se de uma estratégia de gestão de inovação relevante que precisa de uma estrutura madura para agir, pois precisamos das premissas analisadas anteriormente. E esse é uma das bases que levamos em consideração quando tratamos do tema na Closedgap, com os projetos dos nossos clientes, até mesmo porque fazer de qualquer forma só resultaria em prejuízo financeiro”, acrescenta.
Tokenização e ESG
O movimento ESG – do inglês meio ambiente, social e governança é uma grande tendência no mercado e nas empresas. Diversos stakeholders de peso, como investidores, colaboradores e até clientes, estão exigindo demonstrações de ações nesses três temas nas suas empresas, fazendo com que a gestão precise, não apenas se inteirar sobre eles, mas também planejar e agir para melhorar os indicadores.
O maior desafio para conseguir capturar essa agenda está na real comprovação das ações tomadas para melhorar os indicadores nesses aspectos. “Uma onda de denúncias de uso puramente propagandístico, e sem as reais ações, tomou a mídia desde que o movimento tomou corpo, e até um termo derrogatório para aqueles que dizem tomar ações, mas não fazem o prometido, foi criado: o greenwashing, algo como “lavar em verde” ou “pintar de verde” no português”, explica Poli. Assim, empresas que não fazem tudo o que alegam fazer são desmascaradas e vêem suas marcas e seus ativos sofrerem por não conseguirem comprovar as iniciativas que propagandeiam.
Naturalmente, a frente de meio ambiente do ESG talvez seja a mais difícil de medir e especialmente de comprovar, já que engloba uma complexidade considerável nas suas ações e ramificações. Diante disso, surgem algumas dúvidas em relação a como comprovar essas ações.
Tendo em vista essa dificuldade, que a tokenização para ESG entra. “A tokenização mostra-se um forte aliado nessa comprovação e demonstração, podendo ser utilizada para rastrear as cadeiras e fornecedores, e acompanhar e comprovar toda a disposição dos resíduos, mostrando quantidades geradas, rastreando os meios e trajetos do transporte, atestando o processamento e finalizando com a sua reciclagem, reaproveitamento ou sua correta destinação. Tudo devidamente comprovado e atestado por todos os entes envolvidos”, explica o especialista.
Com uma cadeia de tokenização, a empresa pode comprovar seus esforços ESG e evitar denúncias e acusações de greenwashing que hoje se proliferam e acomete não apenas aqueles que não fazem as iniciativas que alegam fazer, mas frequentemente aqueles que divulgam de forma correta suas iniciativas, mas não possuem o embasamento necessário para comprová-las.
Porém, assim como no caso nas NFTs, a tokenização dentro das ações de ESG precisa de um cuidado, pois não trata-se apenas de um nome bonito que uma empresa usa para se promover, é de fato, um empenho que tem como objetivo a melhoria nas tecnologias e evolução estratégica da empresa e cuidado com o meio ambiente, por isso, antes de ingressar nessa novidade, é importante consultar com uma empresa dedicada a transformação digital para que os investimentos não sejam em vão.
O CIO da Closedgap afirma ainda que a legislação vem avançando para contemplar a digitalização do mundo off line, tornando as operações de NFTs cada vez mais recorrentes, assim como o auxílio nas ações de ESG“A tecnologia evoluiu rápido e o potencial é imenso. Se hoje há cerca de 3 milhões de pessoas que compram e vendem no ambiente da Bovespa, no ambiente das criptos há mais de 10 bilhões de brasileiros fazendo negócios digitais. A forma de troca no mundo virtual está muito mais presente”, conclui o executivo.