Por Mário Rachid, Diretor Executivo de Soluções Digitais da Embratel
A transformação digital, o avanço da Internet das Coisas (IoT), o aumento das máquinas inteligentes, a infinidade de dados gerados e a consequente preocupação com a segurança das informações devem causar um impacto ainda maior nas organizações nos próximos tempos.
O ano de 2017 apresenta indícios de que esta pode ser a fase da guinada no segmento de TI. Há um novo horizonte para o setor. O Brasil ocupa uma posição respeitável no Top 10 do mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) mundial, com perspectiva de crescimento em torno de 1,8% até 2020. O setor de serviços de TI nacional também tem expectativa favorável no período, com evolução ao redor de 7,0%, de acordo com dados da consultoria IDC.
No atual cenário de desenvolvimento, eficiência e diferenciação competitiva conduzirão o tom dos investimentos no País. Nos negócios, a comprovação de reduções de custos será o objetivo principal. Provedores tecnológicos que conseguirem transitar pelas várias linguagens do cliente terão mais sucesso.
Entre os desafios que serão enfrentados pela indústria da Tecnologia da Informação, o principal será a segurança. As preocupações quanto à proteção digital são apontadas como uma barreira para a adoção em massa, indicando que o tema deve ser uma prioridade.
Importantes institutos de pesquisa revelam que o orçamento de segurança avançará em torno de dois pontos percentuais, em relação à sua participação no total do investimento de TI das empresas, já entre 2017 e 2018. Os serviços de proteção vão caminhar cada vez mais para além da conectividade, passando por todas as camadas de tecnologia presentes nas organizações.
Poucos elementos da tecnologia corporativa terão um avanço tão intenso nos próximos dois anos quanto Cloud Computing. A Nuvem pública deve crescer acima de 20% ao ano até o fim da década.
Em 2016, cerca de 50% das empresas restringiram o BYOD (Bring Your Own Device) e mais de 70% delas tiveram algum tipo de controle associado à mobilidade. A maior disponibilidade de aplicações de negócio para dispositivos móveis acentuou o interesse pelo serviço em várias indústrias, com equipes de campo, de atendimento e aumento de colaboradores. Contudo, os avanços são limitados e a tendência de uso é baseada em funções ou microsserviços.
Aplicações móveis e profissionais para redes corporativas impulsionarão o mercado de TIC. Aplicativos e pagamentos via dispositivos móveis continuam sendo os maiores propulsores de dados. As operadoras com foco em Data Center terão aumento de demanda de dados fixos e de voz em redes convergentes. Em 2017, sairão as primeiras ofertas de SDN5 (Software Defined Network), permitindo serviços de rede definidos por software, com Telecom e TI se integrando cada vez mais.
A Internet das Coisas movimentou cerca de US$ 6,2 bilhões no Brasil no ano passado, e estima-se que os dispositivos domésticos foram responsáveis por cerca de US$ 50 milhões. Os projetos-pilotos nacionais já se encontram em fase de produção e diversos setores já estão utilizando e planejando novas soluções. Empresas tendem a migrar aplicações tradicionais, como telemetria e monitoramento, para IoT.
O impulso será dado pela necessidade de resultados de curto prazo. Também em 2016, o mercado de Business Analytics firmou-se como ferramenta para inovação de negócios, principalmente associada à mobilidade. Nos próximos dois anos, esse segmento deve atingir US$ 811 milhões de receita no Brasil. A proximidade entre as áreas de TI e de Negócios, aliada ao momento desafiador do País, continuará alavancando os projetos de Big Data e Analytics.
Pesquisa recente da IDC aponta que 54% das médias e grandes empresas no Brasil desejam investir em projetos de transformação digital em 2017. Para esse processo ser efetivo, serão necessários líderes, perfil que será escasso. Com isso, CIOs e CTOs precisarão se ajustar para serem habilitadores desse crescimento.
A arquitetura das aplicações também deve mudar, deixando de focar na previsão de uma determinada capacidade de processamento e passando a mirar na elasticidade. A maioria dos desenvolvedores em geral ainda não está preparada para essa transição, o que pode acentuar a escassez de mão de obra de boa qualidade e ocasionar a supervalorização desses profissionais. Um fenômeno semelhante acontecerá com desenvolvedores mobile, que têm exigências cada vez mais fortes em relação à experiência, conectividade e inteligência de suas aplicações.
Softwares continuarão ganhando espaço para armazenamento, rede ou automação e irão se apoderar dos recursos de Data Center. O crescimento de soluções de software está relacionado à transformação gradual da TI tradicional para o modelo de ITaaS (“IT as a Service”, ou “TI como serviço”). A área de System Management Software deve atingir US$ 500 milhões em 2017.
Além disso, a demanda de SaaS (Software as a Service) deve crescer com um maior envolvimento dos executivos de negócio (CxO). A maioria dos projetos de Big Data e Analytics e também de Internet das Coisas terão origem nas áreas de negócio. Os desafios de segurança e a maior complexidade na integração com o legado farão com que haja uma maior colaboração entre os profissionais.
No novo mundo digital, será fundamental que as companhias optem por tecnologias de ponta para obter ganhos financeiros reais e incrementar sua produtividade. A adoção de soluções convergentes de Telecom e TI ajudará as empresas brasileiras a se colocarem à frente dos concorrentes num mercado cujo foco são os resultados.