A advogada criminalista catarinense Iara Souza se destaca no mercado pelo conceito de “Direito Humanizado”, que a faz se destacar no concorrido meio jurídico.
Para inspirar e motivar outras mulheres que estão trilhando o caminho da advocacia, especialmente na área criminal, a profissional aborda a persistência necessária para superar os desafios e alcançar o reconhecimento.
Segundo a profissional, é necessário que as profissionais se empoderem para se destacar em seus campos de atuação, mesmo diante das adversidades.
Iara contribui para o avanço da igualdade de gênero na profissão jurídica e para o fortalecimento da comunidade de mulheres advogadas em Santa Catarina.
Você se destaca com o conceito de Direito Humanizado. Chama atenção. Como funciona seu trabalho?
Meu trabalho se baseia na compreensão de que, além de ser um conjunto de normas, o direito deve ter uma aplicação que considere a dignidade e a humanidade das pessoas envolvidas. Como advogada criminalista, adoto uma abordagem mais empática, focando na individualidade de cada caso e no contexto das pessoas que represento. Acredito que um tratamento respeitoso e a escuta ativa são essenciais para uma defesa justa e eficaz.
Para mim, o Direito Humanizado é um compromisso com a dignidade humana. Procuro entender profundamente a realidade e as circunstâncias dos meus clientes, oferecendo um apoio jurídico que vai além da simples técnica, mas que também cuida do aspecto emocional e social. Acredito que a verdadeira justiça só é alcançada quando conseguimos reabilitar e reintegrar os indivíduos à sociedade, e isso requer uma abordagem que valorize a humanidade de todos os envolvidos.
Busco sempre contribuir para a conscientização sobre os direitos dos meus clientes, educando-os sobre o sistema jurídico e suas implicações. Promover uma justiça que verdadeiramente reabilite é um dos pilares do meu trabalho, pois acredito que a defesa criminal deve ter como objetivo final não apenas a resolução de um processo, mas a transformação positiva na vida das pessoas.
Nunca foi e nunca será sobre processos e honorários; é sempre sobre pessoas. A humanização do Direito é o que me motiva diariamente, e é através dela que espero contribuir para um sistema de justiça mais justo e inclusivo.
Sobre o sistema prisional, como você avalia o papel de ressocialização dos detentos junto à sociedade?
O sistema prisional, idealmente, deveria atuar como um meio de reabilitação e ressocialização dos detentos, preparando-os para uma reintegração digna na sociedade. No entanto, na prática, enfrentamos muitos desafios, como a superlotação, a falta de recursos e programas efetivos de reeducação e capacitação profissional. Avalio que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o sistema prisional cumpra plenamente seu papel ressocializador.
É fundamental investir em políticas públicas que priorizem a educação, o trabalho e o suporte psicológico dentro das prisões, além de promover uma mudança de mentalidade na sociedade para acolher e apoiar aqueles que estão em processo de reintegração.
As mulheres têm se destacado na advocacia criminal, diferente de anos e décadas atrás. Como você vê o papel da mulher em sua área?
A presença crescente das mulheres na advocacia criminal é um reflexo das conquistas de décadas de luta por igualdade de gênero. As mulheres têm trazido uma perspectiva única e valiosa para a área, muitas vezes caracterizada pela sensibilidade e pela capacidade de mediar conflitos de forma mais humana.
Vejo o papel da mulher na advocacia criminal como essencial para a evolução da justiça, pois trazemos à tona questões que muitas vezes são negligenciadas, como os impactos sociais e emocionais das decisões jurídicas. Além disso, o nosso protagonismo tem inspirado e aberto portas para que mais mulheres se sintam encorajadas a seguir essa carreira desafiadora.
O meio jurídico de SC se destaca pelo espaço das mulheres, como, por exemplo, na presidência da OAB/SC. A que você atribui estas conquistas?
As conquistas das mulheres no meio jurídico de Santa Catarina são frutos de uma combinação de fatores. Primeiramente, atribuo ao esforço coletivo das profissionais que, com competência e determinação, têm se destacado em suas áreas de atuação. Além disso, as políticas de inclusão e a conscientização sobre a importância da diversidade têm criado um ambiente mais favorável para que mulheres assumam posições de liderança.
Outro ponto crucial é o apoio mútuo entre as mulheres, que têm se unido para enfrentar as barreiras e promover a igualdade de oportunidades. Essas conquistas demonstram que, quando há espaço e incentivo, as mulheres podem e vão ocupar os mais altos postos no meio jurídico.
Para estudantes de Direito, as novas advogadas, quais os conselhos para encarar a profissão?
Para as novas advogadas e estudantes de Direito, aconselho a sempre buscarem a excelência técnica sem abrir mão dos valores humanos. Estejam dispostas a ouvir e aprender com cada experiência, pois a prática jurídica é um campo vasto e cheio de nuances.
Cultivem a empatia e a resiliência, pois enfrentarão desafios que exigirão não apenas conhecimento, mas também força emocional. Participem de redes de apoio e mentoria, pois o caminho fica mais leve quando caminhamos juntas. E, acima de tudo, acreditem no seu potencial e na importância do trabalho que realizam, pois cada uma de vocês tem o poder de contribuir para um sistema de justiça mais justo e humano.