Entrevista a Jornalista Sofia Fernandes em 29/07/2016
Estou à procura de informações sobre o mercado imobiliário de Brasília para uma matéria. Como ainda estou em fase de apuração, ainda não sei exatamente qual será o foco principal. Minha curiosidade me leva às seguintes perguntas:
POR Marcelo Sicoli *Diretor do Sindimoveis.
* é consultor internacional , corretor de imóveis e síndico de prédio comercial no Sudoeste em Brasília-DF. Sua opinião É PESSOAL E DESVINCULADA DE QUALQUER ENTIDADE A QUE ESTEJA LIGADO e-MAIL: contact@enterbrazil.com
1) Com tanto entra-e-sai de funcionários na capital federal, há muita rotatividade de imóveis?
SIM. Com o enxugamento da máquina pública anunciado pelo novo presidente em exercício, e com consequente diminuição de ministérios e cargos comissionados, de fato, mais prédios comerciais ocupados por órgãos públicos serão devolvidos e mais imóveis residenciais também. No entanto, especialmente para imóveis unifamiliares(kitnets, apartamentos pequenos e flats) a demanda é sempre alta.
Como investimento é melhor ter 4 kitnets de R$250 mil do que um apartamento de R$1 milhão.
2) Vocês têm uma ideia da taxa de desocupação dos imóveis em Brasília? Onde essa desocupação é mais concentrada?
Comercial ou residencial ? Em imóveis comerciais na asa sul e norte, o chamado plano piloto o índice de desocupação chega a 25% motivado por falta de estacionamento, valores irreais de aluguel, falta de segurança pública, crescimento do comércio online e maior preferencia por shopping centers para uma grande gama de produtos.
3) Quais são os períodos de maior procura por aluguel, e quais são os locais mais visados atualmente na cidade – dentro e fora do plano piloto?
Depende de onde a pessoa vai trabalhar e também da renda. Sabemos que há pessoas que se deslocam diariamente do entorno do DF para trabalhar no centro de Brasília. As vezes um aluguel mais caro, para ficar mais próximo do trabalho, pode compensar financeiramente na economia de combustível (transporte em geral), tempo e melhoria da qualidade de vida.
4) Qual o metro quadrado mais caro de Brasília?
O índice DMI-VivaReal mostra o preço médio baseado em anúncios feitos em seu portal. Vale destacar que valores de anúncio são bem diferentes dos valores reais em que as transações estão sendo concretizadas. Sudoeste no Terceiro Trimestre de 2015 tinha o preço de R$9685 e Asa norte em seguida com R$9000. Sempre friso aos clientes que a variável “metro quadrado” é muito fria para abranger a complexidade de variáveis envolvidas na precificação de um imóvel. Em um mesmo prédio há varias realidades, como vista livre ou não, andar alto, infraestrutura do condomínio, quantidade de vagas na garagem, proximidade com comércio atrativo e parques urbanos, nível de reforma e acabamento etc.
5) Como o senhor e a sua equipe avaliam esses novos projetos imobiliários da cidade, como o Noroeste, inaugurados neste momento de baixa no mercado?
Acho que há atualmente, muito mais oferta que demanda no DF. Especialmente em imoveis comerciais, num universo de mais 10 anos não vejo que os prédios comerciais existentes ou ainda mais os vários lançamentos previstos encontrarão compradores e/ou especialmente ocupantes. Pessimista pode parecer, mas não há necessidade de novos prédios comerciais no plano piloto ai incluindo (asa sul, asa norte, Sudoeste e SIG). No Sudoeste e SIG, há vários prédios modernos, cuja a taxa de vacância é enorme. Imóveis são alugados as vezes a preços simbólicos, para que o inquilino passe a arcar com o IPTU anual e condomínio desonerando assim o proprietário. A tendência é que o preço de venda dos imóveis caia significativamente, já que outras categorias de investimento oferecem cada vez mais retornos mais elevados para o capital investido.
Dados divulgados por órgãos oficiais apontam expressivo déficit habitacional no Brasil. No DF, no entanto, vejo que com o surgimento de um bairro inteiro como o Noroeste, não há necessidade de criação de novos bairros voltados a classe media ou media alta. A tendência é que os preços do Noroeste ficarão estáveis por muitos anos, após terem passado por expressivas quedas de valor nos últimos 10 anos.
No segmento comercial, vejo que especialmente escritórios de arquitetura, publicidade ou advocacia tem migrado para o conforto e privacidade de casas no Lago Sul;