Por Henrique Cecci, Diretor de Pesquisas do Gartner e Chairman da Conferência Gartner Infraestrutura de TI, Gestão de Operações & Data Center
O Brasil é reconhecido como um País de muitos contrastes. Quando falamos em infraestrutura e operações, esse cenário não é diferente. Enquanto há empresas que se equiparam em tecnologia a países mais desenvolvidos (às vezes, até superam), outras ainda engatinham ou se esforçam na manutenção do básico para o trabalho.
Nesse aspecto, em que lado a sua empresa está? Um indicador relevante para responder essa questão é como sua operação utiliza Cloud Computing. Ao passo em que alguns ainda discutem a possibilidade (ou não) de abraçar essa tecnologia – no qual nosso país, inclusive, é considerado o maior consumidor desses serviços na América Latina – há quem já utilize amplamente Edge Computing no Brasil.
Essa nova alternativa computacional, na qual o processamento ocorre próximo à fonte onde as informações são geradas, vem crescendo rapidamente, visto o progresso de outras tecnologias, como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial, novas arquiteturas de processadores, novas memórias, entre outras. A grande vantagem dessas novas alternativas é a possibilidade de diminuir a quantidade de informações que atravessam a rede e, consequentemente, racionalizar e melhorar a eficiência da operação.
Num País com dimensões continentais como o nosso, faz todo o sentido adotar uma estrutura que permita distribuir melhor a computação de dados e depender menos de processamento centralizado e caro (localizados em sua maioria nos grandes centros).
O potencial dessa tecnologia é tanto que o Gartner entende que, em 2022, 50% das informações corporativas serão criadas e processadas no “Edge“, ou seja, fora dos data centers e servidores Cloud. Hoje, esse indicador é de 10%.
Até 2020, o Gartner prevê que 80% dos projetos de modernização ficarão aquém das metas de redução de custos devido a uma falha na simplificação e na resolução de uma complexidade que é desnecessária. Além disso, a medida em que os projetos irão efetivamente suportar novos investimentos, eles dependerão de quão bem o processo de simplificação e racionalização foi realizado. É recomendável que os líderes de Infraestrutura de TI (I&O) sigam cinco etapas para alcançar resultados otimizados com a modernização da I&O nas organizações:
Etapa 1: Refaça seu inventário de servidores para solucionar a proliferação aleatória dos mesmos. As organizações nesta etapa possuem uma infraestrutura altamente ineficiente, marcada pela propagação aleatória de servidores, cujos sistemas foram adicionados com segurança para satisfazer às necessidades específicas das unidades de negócios ou para as quantidades de trabalho específicos. Os líderes de I&O devem abordar o tema, produzindo um inventário detalhado de recursos para, uma vez concluído o levantamento, conseguir informações necessárias para iniciar um processo de consolidação e racionalização.
A consolidação é uma redução no número de servidores físicos, enquanto a racionalização é a redução dos diferentes tipos de servidores. Ambos são aspectos importantes na simplificação da infraestrutura de TI. Mas, a racionalização é muitas vezes ignorada, embora os sistemas de TI mais complexos incluam soluções subutilizadas ou inadequadas. Consolidar sem racionalizar simplesmente perpetua funções desnecessárias em uma infraestrutura menos complexa.
Etapa 2: Desenvolva ferramentas e processos de gerenciamento comuns. Quando os recursos desnecessários tiverem sido removidos, será um bom momento para implementar uma governança que envolva toda a infraestrutura de TI, incluindo a rede definida pelo software, a infraestrutura de computação e o armazenamento. Isso pode permitir a medição do sucesso de todas as etapas seguintes.
Etapa 3: Reduza o número de locais comuns em uma infraestrutura. A partir deste ponto surgirão oportunidades para reduzir o número de espaços físicos na infraestrutura de TI, o que deverá diminuir os custos imobiliários, bem como simplificar a gestão e o abastecimento de informações. Muitas vezes, o processo envolverá o deslocamento do Data Center ou o reexame das reservas para as operações de automação integrada (lights out) e de gestão de escritórios remotos.
Etapa 4: Renove a infraestrutura por meio da consolidação da quantidade de trabalho e automação. Essa etapa pode ser complexa e o objetivo geral é reduzir ainda mais os recursos físicos ao aumentar a densidade e a eficiência da carga de trabalho (workload) de cada servidor. Normalmente, a virtualização é usada para que caibam mais tarefas em cada recurso físico e para reduzir o custo total de infraestrutura de TI. Este procedimento é um ótimo momento para identificar o workload e os processos que são bons candidatos para a automação e, com isso, aumentar ainda mais a eficiência da infraestrutura.
Etapa 5: Racionalize a variedade e o tipo de itens de sua infraestrutura. Com o número de recursos físicos reduzido, o próximo passo é racionalizar a quantidade e o tipo de recursos lógicos presentes dentro da infraestrutura das organizações.
Inicialmente, essa última etapa é preocupante, principalmente, com a padronização de infraestrutura para um modelo comercial, pronto para o uso e geralmente alcançado com implementações e virtualizações definidas por software. Trata-se de um processo contínuo à medida que novas demandas corporativas são inseridas na infraestrutura de TI das organizações, fazendo com que os processos antigos e as cargas de trabalho dos servidores tornem-se redundantes.
Nesse contexto, participar de eventos sobre o tema é uma oportunidade para acompanhar tendências, como Internet das Coisas, Inteligência Artificial, futuro dos Data Centers, Cloud e Edge Computing. Assim, é possível identificar como aplicar as novas tecnologias nos negócios. Com a velocidade em que a tecnologia evolui, manter-se atualizado é uma questão de sobrevivência.