A relação entre dores de cabeça e a Disfunção Temporomandibular (DTM) é um tema de grande interesse, sobretudo para aqueles que sofrem com cefaleias frequentes sem causa aparente. A DTM afeta a articulação temporomandibular (ATM), que conecta a mandíbula ao crânio, e quando essa articulação não funciona adequadamente, diversos sintomas podem surgir, incluindo dores de cabeça, dor facial, estalos ao abrir e fechar a boca, zumbido no ouvido e dificuldades na mastigação. Segundo o Dr. José Neto, Cirurgião Buco-Maxilo-Facial, muitos pacientes não associam suas dores de cabeça à DTM, o que pode atrasar um diagnóstico preciso e o tratamento adequado.
A principal explicação para essa associação está na sobrecarga dos músculos da mastigação. Quando se tem hábitos parafuncionais, como o bruxismo (ranger dos dentes), esses músculos permanecem constantemente tensionados, provocando dores que se irradiam para as têmporas e a região cervical, podendo desencadear crises de cefaleia semelhantes às enxaquecas.
Fatores emocionais também desempenham um papel significativo nesse contexto. Ansiedade, estresse e depressão podem aumentar a tensão muscular, intensificando tanto os sintomas da DTM quanto as dores de cabeça. Estudos científicos apontam que o desconforto crônico pode elevar os níveis de estresse e, por sua vez, esse estresse exacerba a disfunção da ATM, criando um ciclo de agravamento dos sintomas.
O diagnóstico da DTM é, em grande parte, clínico, mas pode ser complementado por exames de imagem, como a ressonância magnética, que auxilia na avaliação de desgastes e alterações na articulação.
O tratamento varia conforme a gravidade do caso e pode incluir mudanças nos hábitos diários, tais como evitar chicletes, adotar técnicas de relaxamento, controlar o estresse e praticar atividade física, bem como fisioterapia especializada para aliviar a tensão muscular e melhorar a mobilidade da ATM. Dispositivos intraorais, como a placa de Michigan, podem ser indicados para proteger os dentes do bruxismo. Em casos mais complexos, o uso de relaxantes musculares ou intervenções cirúrgicas podem ser necessários para corrigir alterações estruturais.
O Dr. José Neto reforça que identificar a causa da dor de cabeça é fundamental para um tratamento eficaz. Pacientes com cefaleias persistentes devem buscar a avaliação de um especialista para investigar se a DTM, associada a fatores emocionais como ansiedade, estresse e depressão, pode estar na raiz do problema. Com o diagnóstico e o tratamento adequados, é possível aliviar os sintomas e recuperar a qualidade de vida.