O maior desafio em operacionalizar uma estratégia de dividendos sozinho é a questão da escala para reinvestir os proventos, a diversificação e a escolha das ações
Uma dúvida comum entre investidores que desejam fazer uma poupança de longo prazo voltada a ações de empresas pagadoras de dividendos é se o melhor é aplicar via fundos que contam com este propósito ou se aventurar a comprar diretamente na bolsa e montar uma carteira específica para este propósito. Dependendo do prazo de investimento, do valor a ser aplicado e do grau de conhecimento do investidor, a primeira ou a segunda opção podem ser interessantes.
O maior desafio daqueles que se aventuram em operacionalizar uma estratégia de dividendos sozinhos é a questão da escala para reinvestir os proventos, a diversificação e a escolha das ações. Com valores investidos menores que o do patrimônio de um fundo, a diversificação e o balanço das carteiras se tornam mais difíceis. Além disso, é preciso saber o momento de entrar no mercado.
“Muitos se equivocam ao ver listas de ações voltadas a dividendos que performaram bem no passado e decidem aplicar nos papéis, sem fazer projeções sobre o desempenho futuro. É preciso lembrar que, em alguns casos, as empresas têm eventos extraordinários que ocasionam em distribuição fora do comum e podem levar o investidor a acreditar que aquele dividendo se repetirá no futuro”, diz o head de análise da Dividendos.Me, Guilherme Gentile.
Quando a opção é por aplicar em um fundo de investimento, o cenário é diferente. O investidor delega ao gestor a escolha dos ativos e o momento de compra e, assim, incorre em menos riscos. Por acompanhar diariamente o mercado, a decisão é mais assertiva e a rentabilidade obtida tende a ficar bem acima. O sócio e gestor da Trópico Investimentos, Fernando Camargo Luiz explica que o fundo consegue obter escala para reinvestir os proventos recebidos com mínimos custos de transação, e assim, a tributação em movimentações de rebalanceamento, além de manter um estrito controle da relação risco-retorno produzido pela estratégia.
“Tendo em vista o interesse da gestão e dos cotistas de permanecerem por anos investindo em empresas maduras, consolidadas em seus setores, líquidas e fortes geradoras de proventos, é possível se aproveitar de operações de aluguel de ações (a taxas melhores que aquelas tipicamente oferecidas às pessoas físicas), executar operações de venda coberta de opções e até proteções contra quedas mais acentuadas, tendo em vista a liquidez dos papéis na bolsa – todas estas estratégias com ótimo potencial de geração de retorno adicional ao longo do tempo”, explica Luiz, responsável pela gestão do Trópico Schweitzer DIV FIA um fundo de dividendos cujo público-alvo são investidores não qualificados que buscam retornos de longo prazo em empresas maduras e que sejam descorrelacionados do índice Bovespa.
A cobrança de imposto de renda no valor de 15% sobre os rendimentos é um dos fatores que pesa quando o investidor vai definir se investe via fundo ou diretamente. O valor é compensado quando se olha o retorno no longo prazo e a questão do risco. Fundos voltados para dividendos buscam um portfólio menos arriscado de empresas, com menos volatilidade que o Ibovespa e mais retorno no tempo. “Na Trópico, nosso objetivo é prover um robusto crescimento composto no tempo, o que consiste em uma ótima forma de se construir um patrimônio para aposentadoria e previdência”, diz.
Para Luiz, aplicar através de fundos em dividendos é uma forma de investidores estarem na bolsa de valores sem assumirem riscos relacionados às empresas em crescimento (growth), que dependem de fluxo de capitais, ou descontadas (value), cuja incerteza quanto ao futuro dos negócios leva vários investidores a abandoná-las antes de sua maturação, por medo, receito ou simplesmente, falta de conhecimento dos negócios. “O recebimento periódico de dividendos ou proventos diminui a dependência das oscilações de preço e humores do mercado para rentabilização do capital, além de possibilitar a construção de fluxos de renda passiva – seja para reinvestimento, seja para custear outros objetivos financeiros”, complementa.
Tipicamente, as melhores pagadoras de dividendos são empresas extremamente maduras, com posições consolidadas em seus respectivos mercados de atuação, capacidade de geração de resultados estruturalmente superiores à sua necessidade de reinvestimento e posição financeira saudável. “Como consequência, costumam apresentar menores riscos do que a média do mercado. Como composição de portfólio, é um produto que reduz o risco agregado de outros produtos de renda variável, além de gerar um fluxo crescente de proventos ao longo do tempo.